A princesa foi enganada

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— E isso, marcou o fim da Guerra Fria...

Tzuyu suspirou fundo, alternando o olhar ansioso entre a professora e o relógio na parede perto da porta. Sua perna esquerda tremia e seus dedos batiam o lápis na folha do caderno limpa. Sua ansiedade era tanta que sequer havia conseguido anotar as informações passadas nesta aula de História, simplesmente não conseguia focar sua mente em qualquer outra coisa que não fosse o sinal do intervalo.

E isso demonstrava que realmente ansiava pelo encontro que aconteceria, já que normalmente quando estava ansiosa com algo se distraía com a matéria e nem isso conseguia fazer desta vez.

Sana, algumas carteiras atrás, sequer percebia o estado da menina mais alta. O caderno estava aberto estrategicamente em cima da mesa, de forma em que poderia mexer no celular sem que ninguém, professor ou aluno, percebesse. A representante ser pega mexendo no celular durante a aula era péssimo para sua reputação. No entanto, não poderia se dar o luxo de esperar até o sinal do intervalo tocar para só então mexer no aparelho.

— E então, de acordo com o que vocês aprenderam na última semana, quem aqui sabe me dizer qual o período em que a Guerra Fria ocorreu? — a professora perguntou, analisando todos os rostos ali a sua frente, ninguém havia se pronunciado — Lembrando que a cada pergunta certa, dois pontos é adicionado as suas notas finais.

Fácil. Ela sabia isso, poderia responder, mas qual seria a necessidade de tirar a oportunidade de alguém que realmente precise ganhar pontos? Além de que tinha vergonha demais para levantar a mão e falar para toda a turma ouvir. Sua mão coçou para levantar e responder, era tão fácil, por que ninguém se pronunciava?

— 1947 à 1991.

— Certíssimo, senhorita Son, ganhou dois pontos. — a coreana sorriu orgulhosa de si mesma, mesmo que Tzuyu soubesse que ela havia pesquisado no celular no meio tempo de espera — E por que era chamada de Guerra Fria?

A professora passou a andar entre as fileiras de carteiras, ameaçando a todo momento escolher alguém para responder. Ela chegou na fileira em que Tzuyu estava, no fundo, e parou ao lado da carteira de Dahyun, que cochilava tranquilamente com o rosto apoiado na mão. Nesse ponto, todos olhavam para trás, esperando para ver o que a mulher faria.

— Senhorita Kim? Acorde! — Dahyun abriu os olhos confusa, encarando todos os alunos para só então a professora em sua frente, franziu as sobrancelhas em confusão — Sabe me dizer o motivo da Guerra Fria ter esse nome?

— Porque era muito frio? — respondeu como se fosse óbvio, sua voz exalava confusão.

A sala explodiu em risadas, e a mais nova quis rir também. Dahyun sempre, sem exceção, dormia nas aulas de história.

— Você sabe que a resposta não é essa, Kim Dahyun! Mais alguém? Por Deus, estudamos esse conteúdo a semana inteira — a professora disse desacreditada, massageando as têmporas.

A Chou também sabia a resposta dessa, e Sana também sabia. Se perguntava o porquê dela não estar respondendo as perguntas feitas pela professora, já que ela sabia todas. A Minatozaki tinha uma facilidade extraordinária em História e gostava de se orgulhar disso, respondendo todas as perguntas e sempre acabando primeiro as provas. Queria olhar para trás e checar se estava tudo bem, mas não iria arriscar ser chamada a atenção.

Ao invés disso, focou no relógio. Dois minutos para o sinal. Era os dois minutos mais demorados a se passar.

— Chou Tzuyu, certo? Responda a pergunta.

Tzuyu encarou assustada a professora e abriu a boca várias vezes para falar algo, mas nada saía. A turma toda estava com os olhos em si, quis morrer ou desaparecer. Não iria conseguir, droga, não iria! Os olhos afiados da professora a encaravam como se lesse toda sua alma, Tzuyu sentiu-se intimidada e com medo.

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