Esse capítulo é doideira, hein!?!?
Fiquem calmas que acredito que tudo vai fazer sentido em algum momento. Deixem comentários sobre o que estão achando e o que gostariam que acontecesse. Quem sabe o que pode acontecer nessa história maluca, né?
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Ela. Ela é o motivo.
Sei que não faz sentido algum o que eu acabara de falar ao meu médico. Talvez com isso ele chegasse a conclusão de que tivesse que me internar de vez. Pelo menos eu teria a confirmação da minha loucura, da maluquice que era a minha vida. Tanto a pré-Valentina como a pós, cada uma com suas estranhezas. Passei a maior parte dessa vida sendo estudada por médicos, curandeiros, padres, qualquer coisa que pudesse dar um parecer a minha mãe sobre a minha condição. Fui furada, entrei em máquinas, recebi passes, me trancaram em confessionários. E para quê? Para perceber que o meu único e real antídoto era uma garota, que não só me salvou de um mundo inóspito, como roubou o meu coração inteiro.
- Como assim, Juliana. Do que você está falando? É alguém que sua mãe te levou pra ver e está te tratando? – Dr. Mateo me olhava incrédulo e curioso. Como alguém tinha me ajudado e não tinha sido ele? O que ele deixou passar para outra pessoa conseguir me decifrar? Eu vi em seus olhos que essas eram as perguntas que ele realmente me queria fazer. Mas as respostas que eu daria, o deixariam ainda mais surpreso.
- Não. Ela não está me tratando. Quer dizer, ela me faz bem eu acho. Eu não sei explicar direito, mas posso te dizer com certeza que com ela ao meu lado, o mundo é lento e compreensível. Não faço ideia do que tá acontecendo, mas é real. E o nome dela é Valentina, a garota mais linda do mundo.
Acho que eu falei com tanta convicção e carinho que quando voltei meus olhos para o Dr. Mateo, ele estava boquiaberto. Não perguntou nada, apenas balançou a cabeça e fez um gesto pra que eu continuasse a história.
Relatei desde o começo. Disse que o dia do acontecido tinha começado normal, daquele jeito de sempre, eu atrasada e o mundo em time-lapse. Cheguei na aula, sentei e vi longos cabelos, castanho claros que iam até a cintura de um ser. E perguntei quem era aquela menina nova para uma das minhas colegas de classe. Ela me falou o nome e a menina deve ter ouvido, pois se virou. E foi aí que tudo aconteceu. Seus olhos nos meus. E tudo mudou.
Enquanto eu descrevia o que estava se passando há duas semanas, as expressões do Dr. Mateo cada vez mais iam se contorcendo e sua mente devia estar dando um nó. Eu nunca tinha o visto tão confuso, e olha que foi esquisito quando nos conhecemos, porque imagina com 10 anos de idade contar a alguém que pra sua cabeça a velocidade do mundo não faz sentido, que você não entende como o tempo passa tão rápido e seu corpo não reage. Ele de fato já me achava uma jovem doidinha, agora devia estar pensando em como ia falar pra minha mãe, dona Lupe, que teria que me colocar num manicômio?!
Depois que contei tudo, de como nós passamos os dias conversando, que vou pra casa pensando nela, acordo e ela é a primeira coisa que me vem a mente, que ela tem sido a minha melhor companhia, ele pareceu ter tido um estalo. Algo clicou em sua mente e ele a sacudia ainda com um olhar distante e ligeiramente desacreditado. Não parecia que ele não acreditava na minha história, mas sim que ele havia lembrado de alguma coisa na qual ele não havia dado importância.
Ele começou a falar baixinho coisas que eu não conseguia ouvir direito, se levantou da cadeira e foi para sua estante. Ele tinha muitos livros, trabalhos acadêmicos, teses nas prateleiras. Alguns eram dele, outros de autores que ele gostava e alguns estudos que recebia de pessoas que queriam a sua avaliação. Ele procurava algo específico, pois eu via seu nervosismo. Foi quando ele disse a-ha e virou-se para mim com o que parecia ser um papel antigo, utilizado como rascunho de um trabalho. Veio em direção a sua mesa, larga de madeira clara e muito bem organizada. Se sentou e olho para o papel na minha frente, sem falar comigo e muito compenetrado. De repente ele parou e olhou em meus olhos, que deviam estar arregalados e assustados como ele nunca tinha presenciado.
- Desculpe, Juliana. Mas há alguns anos atrás eu dei uma palestra usando a sua condição como referência, como um caso especial a ser estudado no mundo da neurociência. Alguns acadêmicos presentes não me levaram muito a sério, alguns outros ficaram intrigados. Mas naquele dia, me aconteceu algo muito particular que na época não dei tanta importância. Hoje, acho que pode ter alguma relevância para você.
Depois da palestra: na época, eu tinha 12 anos...
Após apresentar sua tese, dar a palestra usando a minha história como caso a ser aprofundando, muitos acadêmicos sussurravam entre eles que o que haviam acabado de ver era uma farsa, uma brincadeira de mau gosto, segundo Dr. Mateo. Ele começou a me contar que estava nervoso, que apenas alguns estudiosos da área que já o conheciam vieram lhe dar os parabéns. Enquanto tirava dúvidas de alguns de seus companheiros de profissão sobre como me descobriu, onde, quais os meus sintomas e como podiam estudar mais o meu confuso cérebro, ele notou que havia um homem muito interessado em suas palavras. Um homem que ele nunca havia visto antes em convenções médicas.
Esse homem, com uma postura curiosa, se mantinha a distância das grandes rodas de debate, chamou a atenção do meu médico. Enquanto todos perguntavam, ele fazia anotações em uma folha de caderno. Parecia quase obcecado com as respostas que Dr. Mateo dava aos seus poucos colegas que lhe deram ouvidos.
- Nos estudos sobre o comportamento, um dos princípios básicos afirma que as propriedades funcionais do comportamento são determinadas pelas relações entre os estímulos e as respostas de um organismo, mas em Juliana encontramos um grande número e variedade de conexões diretas entre neurônios e cavidades, algo que nunca foi visto antes em redes neurológicas. Essas cavidades fazem com que a realidade seja dúbia para ela, o tempo não é entendido como um estímulo válido, e assim ela não dá a resposta que outros organismos dariam normalmente.
Alguns se impressionaram com a respostas, outros não entendiam como ele poderia chegar nelas sem ter outros casos de estudo. E foi ai que então entrou o fato curioso. O homem que os observava sem dizer nada, e que até então não levantava seu rosto, se aproximou com olhos dramáticos.
- Você deveria usar métodos mais enfáticos e agressivos em sua busca.
Aquela colocação fez todos os médicos da roda se voltarem para ele e o observarem com calma.
- E você quem é? – perguntou um dos homens da roda.
- Eu sou um entusiasta da medicina neurológica e amante de processos de testes e confirmações – disse enfático, o que causou um desconforto para todos, já que os testes nesse caso, envolveriam o cérebro alheio e todos estavam cientes disso.
- O senhor entende que o cérebro é algo muito confuso e delicado, correto? Testes e confirmações demoram para acontecer. Acredito que em alguns anos teremos algo mais concreto sobre essa condição – respondeu educadamente Dr. Mateo ao homem.
Este encarou o meu médico, com um olhar que poderia ser julgado como consternado.
- Não tenho esse tempo. Preciso de respostas, agora! – e com essa frase, aquele homem saía do local, em uma velocidade acima do normal, batendo de frente com médicos e convidados da palestra e deixando para trás um papel quando descia pelas escadas.
Neste papel estava uma parte do resumo da palestra e algumas palavras sublinhadas de maneira agressiva: TEMPO RELATIVO/ LENTIDÃO VS RAPIDEZ/ REAÇÃO A ESTÍMULOS/ LIGAÇÕES NEURAIS/ SALVAR FILHA/ CIDADE DO MÉXICO/ 12 ANOS/ JULIANA
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Je-sus. Algum palpite do que tá acontecendo?
Nem eu sei.
=P
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O que ficou pra trás
FanfictionSabe quando a gente acha que tá pronto pra seguir em frente? Que o que passou ficou no passado e não nos afeta mais? Que quem um dia foi importante, hoje é apenas a sombra de uma antiga realidade? Então, esquece. Quando o tempo não importa, passado...