O que ficou pra trás

No sofá

Depois de um tempo cheia de problemas de família e com o trabalho me tirando a vida, consegui terminar esse capítulo para vocês. Para aquelas que são sensíveis a hots, não será indicado. Para aquelas que amam, boa leitura! <3

Espero não ficar tanto tempo longe novamente.

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Passado um tempo pós aquela loucura toda que nos tinha acontecido, enfim tentávamos voltar a alguma forma de rotina. Cuidar da casa, trabalhar... Mas há de se confessar que eu e Valentina não éramos tão previsíveis assim, pois nada poderia ser considerado normal depois dela descobrir que foi cobaia do próprio pai, que já não tínhamos mais uma pequena fortuna pois só a conta do hospital poderia ter nos levado á falência, quase morrermos as duas em um procedimento experimental e eu ainda tive que depor contra o meu pai após ele ter tentado nos extorquir. O sono se tornou um momento tenso. Acordávamos muito durante a noite, principalmente Valentina, que passou a acordar suada de tanto pesadelo que tinha. E em meio a um desses momentos, tivemos uma conversa que marcaria mais um capítulo da nossa historia nada convencional.

Eram quase 3 e meia da manhã e eu me encontrava acordada, relembrando algumas das dores que sentimos. Suspirava em frente ao espelho do banheiro, local onde encontrei paz para refletir. Com os braços apoiados sobre a pia, minhas lembranças me jogavam para o passado. Eu relembrava desde o momento em que a vi até o momento em que eu achei que nunca mais a veria. Essa era a intensidade do meu amor por Valentina. Ela estava ao meu lado, era finalmente e oficialmente minha noiva, mas tanto eu quanto ela ainda sofríamos consequências de imaginar que tudo aquilo poderia ter acabado. Era um estresse pós catástrofe. Estávamos com sessão de terapia marcada, pois estávamos cansadas de tentar lidar com aquilo nós mesmas. Ambas sofrendo e não tendo a paz que merecíamos. Isso tinha que acabar.

Foi nessa hora, em que respirava profundamente perdida em minhas memórias que ouvi um grito choroso, algo que parecia vir com dor. Sai em disparada para o quarto me deparando com Valentina sentada na cama, cobrindo seu rosto com suas mãos e seus cabelos grudados, de tanto suor que escorria em sua testa.

- Meu amor, o que houve? Estou aqui. – sentei na cama ao seu lado com urgência, tentando com que ela baixasse as mãos e olhasse em meus olhos, como estava acostumada a fazer para acalma-la.

- Não posso. Não é real. – ela ainda cobria seu rosto, mas agora balançava sua cabeça de forma negativa, me deixando mais confusa.

- O que não é real, Val? Fala comigo.

- Nós. Isso não é real. – me questionava se ela ainda estava sonhando, pois só poderia ter tido um pesadelo para estar falando aquilo.

- Valentina, olha pra mim. É claro que somos reais, meu amor. Isso aqui é mais que real. Você tava sonhando.

- Não, Juliana. Isso aqui é que é um sonho. Eu tenho certeza que vou acordar e não vou ter mais você. – ela tremia e ainda não mostrava seus olhos pra mim, aqueles olhos que eu tanto amava.

- Val, por favor, mi amor. Baixa suas mãos e olha pra mim. Sou real, minha paixão.

Ela finalmente baixou suas mãos e seus olhos assustados demonstravam que o problema era mais sério que imaginávamos. A paz ainda teria que aguardar um pouco mais.

- Juls, não sei o que tá acontecendo... – a confusão em sua feição era notável, e infelizmente compreensível. Foram muitos traumas.

- Val, primeiro de tudo preciso que você respire e me abrace. Forte. – ela o fez. E assim ficamos por alguns minutos. Sem falar nada, apenas nos sentindo e deixando sair um pouco do sentimento ruim que nos cercava. A temperatura já estava mais fria, o inverno se aproximava com força, o que deixava o ambiente ainda mais desconfortável. E mesmo assim, Valentina ainda suava. Seu rosto se afastou do meu ombro e seus olhos se aprofundaram nos meus.