Domingo chuvoso é dia de presentinho pra vocês.
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Me beija.
Intenso. Sem medo. Um pedido de quem não tinha dúvidas. Um chamado de quem enxergava que havia naquela nossa intensa troca de olhares apenas vontade e carinho. Eu e ela sabíamos que o que a estava machucando não seria mais importante se meus lábios encontrassem os dela. Então eu o faria. Não a questionaria. Não tinha forças para isso. Eu só a queria e iria descobrir naquele momento que ela me queria também.
Meus olhos foram para os seus lábios, ligeiramente trêmulos ainda de tanto chorar e de nervoso. Passei a mão direita levemente pelo seu rosto - como se eu tivesse alguma experiência naquilo- para tentar acalma-la. Ela entendeu o recado, fechou os olhos e respirou profundamente, percebendo o que iria acontecer. Quando reabriu, eu sorri e movi meu dedão para seu lábio inferior, arrancando um leve sorriso da minha musa de olhos cor do céu. Me aproximei com o coração batendo como nunca havia batido antes. Parecia que eu ia desmaiar a cada centímetro em que ficávamos mais próximas. Tudo, absolutamente tudo parou de se mover a nossa volta e eu finalmente encostei nossos lábios em um movimento ao mesmo tempo lento, mas cheio de desejo. Ouvi saindo dos lábios de Valentina um pequeno gemido, o que me deu confiança para os próximos passos e confesso, um tesão instantâneo.
Puxei seu rosto mais para perto colocando a mão em sua nuca e ela não se segurou mais. Senti sua língua entre meus lábios e a deixei entrar. Nesse momento, o gemido foi meu. E não foi o único. Nossas bocas se moviam com precisão e como era doce o sabor daquela garota. Eu poderia sobreviver naquela lentidão do mundo que era causado por aquela boca. Suas mãos agora estavam também na minha nuca, me puxando, segurando com força como se eu pudesse ir embora a qualquer momento e ela me impediria. Eu já estava morrendo de calor de tanto prazer que estava sentindo e comecei a tirar a jaqueta que estava usando. Queria mais contato com ela, queria sentir ela na minha pele. Nos aproximamos ainda mais, se é que isso era possível e eu coloquei minhas mãos em seu ombro para retirar a jaqueta de couro marrom que ela estava usando. Nesse momento, ela se afastou bruscamente e retirou as minhas mãos com pressa.
- Val, desculpa. Eu não ... desculpa. Fiz algo de errado? – não queria ela longe. Queria que ela voltasse para perto de mim.
- Não...Não fez. Você é linda. Desculpa. Eu tenho que ir. – disse se levantando rapidamente, em passos largos, me deixando completamente confusa e desnorteada nas escadas.
Aquele beijo mudaria as nossas vidas como nunca achamos que algo pudesse mudar. E isso nem sempre é bom.
Não dormi. Como poderia? Fiquei relembrando cada toque, cada barulho, cada sensação até que tudo deu errado. Por que deu errado? Eu havia feito alguma coisa, com certeza. Eu sou um erro e ela deve ter percebido isso durante aquele momento. Como ela, aquela beldade, perfeição da natureza poderia ficar comigo, uma garota comum e cheia de problema. Uma garota. Será que ela se deu conta que estava ficando com uma garota e isso mexeu com ela? Mas ela parecia tão certa disso.
Mandei inúmeras mensagens pra Val durante a noite, pedindo que me ligasse, que falasse comigo, que me tirasse dos meus pensamentos pessimistas. Mas não tive nenhum retorno, ela não tinha nem visualizado as mensagens. Senti pânico, medo de tê-la perdido. Não só a minha única amizade, a minha companhia de todos os dias, a garota que faz meu coração doer de tanto desejo, mas também de ter perdido a minha cura. Eu não tinha explicação ainda do por que dela ter aquele efeito em mim e eu precisava descobrir.
Na manhã seguinte do nosso beijo, tínhamos aula. A quinta feira era muito ruim para mim, pois meu primeiro tempo era educação física. Eu era forçada a fazer somente para passar de ano, mas mesmo assim, era um inferno.
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O que ficou pra trás
FanfictionSabe quando a gente acha que tá pronto pra seguir em frente? Que o que passou ficou no passado e não nos afeta mais? Que quem um dia foi importante, hoje é apenas a sombra de uma antiga realidade? Então, esquece. Quando o tempo não importa, passado...