Quase perfeito

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O que é a perfeição se não aquele momento em que você acorda do lado do seu amor e pensa que quer que seja eterno?

Filosofando pra falar que esse capítulo é pra vcs, com todo o meu coração...

ps: hot, hot, hot!

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O conceito de perfeição sempre foi visto por mim como uma coisa superestimada. Não sei vocês, mas eu aprendi com esses últimos anos da minha vida que quando alguém diz que algo é perfeito, pode estar se enganando, propositalmente ou não. Essa coisa de querer mostrar pros outros que não há defeitos em nada, fisicamente, mentalmente, no relacionamento, no trabalho, na família é pura ilusão. Não entendo nem o conceito da palavra pois minha vida nunca chegou nem perto do padrão da palavra. Minha cabeça sempre foi um caos e nunca acompanhou meu corpo. Esse, agora, apesar de mais em paz com a cabeça, tinha cicatrizes por todos os cantos. Tais, causadas por acessos de raiva da pessoa que eu amava, que também tinha problemas de cabeça com corpo. Nem o meu pedido de casamento foi salvo, em meio a fios ligados ao meu corpo e minha noiva, sim noiva, recém-saída de um coma. Mas analisando bem agora, acho que eu e Valentina podemos dizer que o nosso perfeito é desse jeitinho caótico. Nos complementamos em nosso mundinho, onde uma é atrasada e a outra mega sagaz. Uma doce e conquistadora a outra introvertida e séria. Poderiam até achar que não combinávamos, mas o que seria mais perfeito então do que fazer da adversidade nossa rotina?

Há 3 dias estávamos em casa. Ela, por incrível que pareça, foi liberada antes do hospital. Na verdade, não era uma surpresa, se eu pensasse que minha condição de atraso eterno poderia ter a ver com isso. Eu fui logo depois, acompanhada pela minha mãe, que cuidava de nós duas como se cuida de um passarinho filhote que cai do ninho, nos dando mimos e calor de mãe. Em alguns momentos olhava pra Val sabendo que ela estava pensando em como ter uma mãe lhe fazia falta, como ela perdeu tantos momentos com sua família e que nada poderia substituir esse amor, mesmo que sua sogra desse mais atenção à ela do que a mim, sua filha de verdade.

Antes de sermos liberadas, passamos por tantos exames que eu nem sei quantos litros de sangue eu perdi de novo. Não pouparam a pobre coitada que havia dado quase seu sangue todo à namorada em perigo. Mas o que foi constatado é que por termos esse tipo sanguíneo, tão raro, nós temos a vantagem da produção dele ser diferente, pelo menos foi isso que entendi quando o médico explicou e nos pediu, de forma delicada, sem nos forçar, a doar sangue e tempo para a que a ciência nos estudasse mais a fundo. Eu e Val fomos a principio resistentes por conta dos nossos passados, onde fomos furadas diversas vezes e tratadas como animais de laboratório. Dissemos que pensaríamos, o que satisfez o médico que nos acompanhava.

Ali, em nosso apartamento, depois do que pareceu ser uma eternidade, nos encontrávamos. O primeiro momento foi cheio de emoções. Assim que Val abriu a porta para que eu entrasse, já estava chorando e me abraçando apertado, como se não me visse há anos. Me senti novamente recomeçando com ela. Seria nosso quarto começo, nossa quarta chance e esperava que fosse a última vez que tivéssemos esse sentimento, ao invés de apenas viver juntas e sermos juntas. Eu só queria ser, estar, viver com ela. Somente isso nos faltava: não pensar que amanhã teríamos que sobreviver a outro turbilhão de emoções que não fossem gozar, comer e amar. Poderia não ser nessa ordem.

- Mi amor, estou preparando algo pra você comer. Está com fome? – eram três da tarde, mas confesso que eu não queria comer comida. Queria apenas deitar com ela na nossa cama e assim ficar até que nos cansássemos uma da outra, o que tinha quase certeza que não aconteceria.

O que ficou pra trásOnde histórias criam vida. Descubra agora