Reflexos

963 70 31
                                    

Queria ter tempo só pra escrever a fic, mas a vida não é assim né? Tenho que sustentar meu hobby.. desculpem o sumiço!

Boa leitura, pra vocês, meninas!

////////////////////////////////////////////////////////////////////



Acordar ao lado daquela mulher era sempre a maior conquista da minha vida. Sei que não tem nada tão grandioso que eu possa comparar, mas apenas ter sobrevivido ao colégio sem maiores problemas, foi um feito. Valentina superava qualquer expectativa para a minha existência. Aposto que as deusas não tinham nada especial pensado pra mim, a não ser presenciar aquela musa apenas ser, estar dentre nós, meros mortais. Além de ter um coração imenso, ser praticamente uma perfeição da natureza e saber mimar a todos a sua volta que necessitavam, apesar de nunca ter recebido o amor que merecia, eu poderia ameaçar dizer que ela, a minha namorada deliciosa, tinha superpoderes. Eu sei que eu talvez devesse ter um certo pavor do desconhecido, daquela força que ela demonstrava quando contrariada, mas confesso que me dava mais tesão que medo. As marcas pelo meu corpo nunca irão embora, eu as terei até o fim da vida, mas elas me lembrarão sempre do momento em que Valentina perdeu o controle por mim. Eu era tudo o que ela queria proteger. Dito isso, o meu tesão não foi tudo o que eu senti quando a vi mostrar do que era capaz. Senti também que ela era muito mais especial do que eu. O que eu acrescentava na vida daquela mulher? O apartamento em que morávamos era dela, o emprego que eu tinha quem havia me dado era ela, o meu salário, convenhamos, saía da empresa dela. Enfim, desde que nos conhecemos, eu sempre soube que ela era muito superior a mim, em todas as instâncias da vida. Mesmo com toda a dificuldade que ela teve na infância e adolescência, ela conseguiu se tornar uma jovem culta e interessada em diferentes assuntos. Eu consegui chegar a constatação da grande diferença das nossas condições. A minha, sem ela em minha mente, me jogava em um mundo que eu não podia acompanhar, que sempre foi insano em sua velocidade. Já eu, não interferia no dia a dia dela. Sei que minha presença a ajudava a controlar seus instintos que podemos considerar indomáveis, mas me questionei inúmeras vezes se eu precisava mais dela do que ela precisava de mim. Isso, a cada dia que passava, me assustava mais. O que eu faria sem ela?

- Juls, tá queimando!

- Oi?

- Tá queimando!! A comida...Tá queimando.

- Minha nossa... desculpe. Não percebi. – aonde eu estava com a cabeça? Eu sabia, mas Valentina se aproximou questionando a minha falta de atenção.

- Tá tudo bem? Você parecia longe, como há muito tempo eu não via.

- Tá tudo bem sim, só estava pensativa.

- E onde seu pensamento estava pra você queimar um ovo mexido desse jeito? – olhei pra panela. O

ovo, que deveria ser amarelinho, estava marrom de tanto tempo que o deixei sob o fogo.

- É. Acho que queimei o ovo.

- Também acho, mi amor. Você tá sentindo alguma coisa? Quer sentar e eu faço o ovo?

- Não, linda. Eu termino aqui. Já saí do transe. – eu ri, mas Val não achou muita graça.

- Tem certeza que não quer me falar desse transe ai? Parecia intenso. – ela estava ao meu lado, fazendo carinho no meu ombro enquanto eu desligava o fogo para recomeçar o processo do meu ovo mexido. Eu respirei fundo, pois sabia que se eu explicasse, seria pior. Não terminaríamos essa discussão nunca na vida.

- Eu tô bem sim. Prometo. Posso te pedir pra pegar outro ovo enquanto eu vou rapidamente ao banheiro?

- Hummm pode, mas não pense que você vai fugir do assunto. Mas agora te dou espaço. Vai lá. – ela já me conhecia tão bem que nem eu tentando amenizar o que sentia ela acreditava. Já tinha um ano que morávamos juntas e isso deu a ela total conhecimento das minhas feições, dos meus tiques nervosos, meus momentos de transe. Mas acho que nunca expus esse sentimento pelo qual eu havia queimado os ovos mexidos do nosso café da manhã. Logo eu, queimar o café. Coisa que ela fazia quase todas as manhãs e eu amava. Comia feliz as torradas, as panquecas, os cafés fortíssimos que ela fazia, tudo por que a amava desde a primeira vez em que a vi.

O que ficou pra trásOnde histórias criam vida. Descubra agora