Capitulo com surpresinha.
Espero que gostem. Caminhando para o fim do sofrimento.
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Fundo do poço. Inferno. Sem chão. Cena do Crespúsculo quando Bella é abandonada por Edward e fica mandando email pra uma conta que não existe mais. Essa foi minha realidade por um bom tempo. Não sei dizer o quanto. Eu estava tão mal, tão abandonada que tive que focar nos estudos de tanto desespero. Tentar não repetir de ano foi a minha salvação, por incrível que pareça. Eu só queria sair dali. Queria sumir, como ela fez. Pra ela deveria estar sendo mais fácil, em outro lugar, com pessoas novas, longe de tudo que poderia faze-la lembrar se de mim. Já eu, frequentava os mesmos locais obcecada em relembrar todos os cantos em que fomos felizes, rimos juntas, ela cuidou de mim. Até o prego que furou a minha barriga ainda estava lá, aquele maldito.
Desde que dei um soco em Nayeli, ela não mexeu mais comigo. Lucho e seus amiguinhos ainda passavam por mim com um ar superior e falando gracinhas, mas por conta da minha reação violenta, nunca mais fui um alvo fácil. Eles tinham outras presas menos arredias.
Um dia, antes das provas finais que encerrariam o meu sofrimento, eu estava tão desolada e sozinha durante o recesso que fui abordada por Rosa, a única que eu considerava mais próxima, pois prestava atenção em mim. Eu estava exausta, pois fazia um esforço enorme para conseguir me concentrar em tudo e perder o mínimo possível das matérias. As vezes lembrava de uns olhos azuis, que apesar de me doer furando meu coração com uma agulha de tricô, me dava alguns segundos de calma para que alguma informação entrasse no meu cérebro.
- Juliana, posso falar com você?
- Oi, Rosa. Claro. O que houve?
- Queria te dizer que se precisar de alguma coisa, qualquer coisa. Estou por aqui.
Além de Val, ninguém nunca tinha sido legal comigo dessa forma. Rosa era diferente, eu já sabia, mas ela também tinha seus problemas pois era uma das perseguidas por Nayeli e suas monstrinhas.
- Obrigada, Rosa. Isso significa muito pra mim.
- Eu estou preocupada com você. Desde que Valentina se foi, você parece estar tendo mais dificuldade que já tinha. Sei que vocês tinham uma bela ligação. Deve estar sendo difícil não ter essa amiga por perto.
Pronto. Obrigada, Rosa. Agora estava eu lembrando de cada detalhe do rosto, do comprimento do cabelo, das pintas, do esmalte que ela mais usava. Sei que Rosa só falou aquilo tudo pois acreditava que éramos apenas amigas queridas, mas se ela soubesse a nossa real ligação, baniria aquele nome de seu vocabulário. Eu resolvi não crescer o assunto para não desmoronar ali mesmo.
- É, realmente está mais difícil. Mas vai passar.
Será mesmo, Juliana? Iria passar?
O ano chegava ao fim, sem nem mesmo uma carta. Eu confesso que todos os dias eu acreditava que pudesse receber alguma correspondência de Valentina, me explicando alguma coisa, me dando satisfação dos acontecimentos ou somente pra dizer que pensava em mim. Nada. Nunca chegou nada pra mim.
Me formei, com a ajuda de todos ao meu redor, professores, Rosa, minha mãe, até o Dr. Mateo me ajudava com exercícios de respiração e alguns remédios naturais para que eu conseguisse me concentrar mais. Nada era tão eficaz quanto aqueles olhos lindos cor do céu, mas eu me virei com o que tinha. A vida lentamente foi caminhando, com muitos momentos de choros compulsivos e questionamentos em crises temporais. Não havia ninguém no mundo que me entendesse, além dela. Ela sabia disso e ainda sim, não foi o suficiente para ela ficar.
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O que ficou pra trás
Fiksi PenggemarSabe quando a gente acha que tá pronto pra seguir em frente? Que o que passou ficou no passado e não nos afeta mais? Que quem um dia foi importante, hoje é apenas a sombra de uma antiga realidade? Então, esquece. Quando o tempo não importa, passado...