Azula Rider

Observar de Longe

O eufórico grito de incentivo dos alunos que reinava nas arquibancadas era tudo que Shawna precisava, mesmo que ela odiasse platéia, todo aquele povo distraído e entretido com o grande show deu a ela tempo suficiente para se concentrar no que realmente importava, o motivo pelo qual os robôs de segurança do sistema passavam longe de uma pista daquelas a essa hora da noite. Sentada sobre uma cadeira no fundo de uma das arquibancadas e de costas pro público, a morena dedilhava o teclado eletrônico em seu avançado Mack book com desconfiança, na tela do pequeno computador, uma rede de dados de programação estava sendo digitada continuamente e rapidamente, ela detestava enrolar em trabalho, sem contar que Ícarus já estava no meio da segunda volta. Apesar dos gritos de May a deixarem atualizada sobre o desempenho do parceiro, Shawna é uma garota intuitiva, se sentiria melhor se tivesse uma oportunidade de assistir melhor a corrida, contudo, essa tarefa ficou com Rougue, que estava de costas coladas com as suas e sentado na direção oposta a ela vendo todo desenrolar do acelerado evento, e devia confessar, estava devidamente animado com ele.

—Uou, a power dos heróis é boa mesmo! Ela está na cola do Ícarus até agora e não desiste nunca! —Gesticulando surpreso, Rougue alertava a Shawna sobre o estado atual da corrida enquanto May não narrava um acontecimento relevante. —Como nunca vimos essa garota antes?

—Ela tem medo da pista. —Shawna rebateu fria em seu julgamento. —Mas pelo visto o contato com a chegada ao primeiro ano está mudando essa personalidade e mostrando o talento que ela sempre teve.

—Como você sabe disso? —Rougue pareceu espantado.

—Emerald Echidna é filha de Tikal Echidna, campeã mundial da liga rider feminina do ano de 2997, como não vou saber de algo tão marcante? —A morena arqueou uma sobrancelha confusa erguendo a cabeça e olhando o parceiro estupefato por cima dos ombros.

—Meus santos deuses eu nunca percebi! —Rougue estava um pouco em dúvida sobre como digerir essa informação. —E pensar que a filha de uma lenda veio parar aqui...

—A diretora Maria é uma mulher com truques... Tenho certeza que essa é só a ponta do iceberg. —Shawna rebateu negando com a cabeça voltando atenção ao seu aparelho. —Mas deixando parentescos familiares de lado, esse hacker da ceita pode até não ser um programador bom, mas é eficiente...

—Como assim?

—Essa arena está praticamente invisível para os robôs por duas horas e meia. —Shawna surpreendeu Rougue pelas informações.

—Duas horas e meia?...

—Sim, exatamente esse tempo específico. —Ela fez uma pausa para estralar os dedos por um instante mas logo voltou a teclar. —Segundo os dados que reuni, os robôs do SEGA tem uma linha de programação fixa e criptografada em seu banco de dados relacionada a patrulha e segurança das instituições, ela não pode ser apagada, mas pode ser modificada indiretamente.

—Eles trocaram a ordem de patrulha para essa ser a última?

—Não, eles acrescentaram mais comandos até os robôs chegarem aqui. Como não da pra evitar que venham, eles atrasaram o processo o máximo que conseguiram, e é daí que vem as duas horas e meia. —Ela ergueu a mão direita e a fechou deixando apenas o indicador erguido. —Uma hora de introdução, uma hora de corrida, e meia hora para todos os alunos saírem daqui.

—Isso não responde exatamente por que estamos invisíveis, olha essa multidão, olha esses gritos, acha mesmo que os robôs que captam som a longa distância não seria motivo suficiente para estarmos perdidos? —Rougue jogou a dúvida do milhão no ar.

—É isso que nos leva ao ponto alto do caso... —A morena assentiu voltando a teclar e semicerrando um pouco os olhos escarlate. —Tem alguém trabalhando aqui...