Quem é você?

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Ao redor de Azula tudo que existia agora eram borrões e mais borrões que eram deixados para trás pela velocidade absurda com a qual percorria. O medidor de velocidade já havia passado de seus oitoscentos KM/h e aumemtando drasticamente como um caminhão desgovernado, mas para a jovem, o mundo parecia outro. Ela passou uma reta tão veloz que o sonido ecoou o ronco do motor somente um minuto depois que sua partida de fato foi contada. Shawna estava assustada e Maria de sua sala na diretoria estava praticamente suando frio. Do ponto de vista de Azula por mais consciente que ela estivesse, nada de fato parecia tão rápido, ela ainda estava em sua posição de sempre, braços esticados, pés devidamente afastados e equilibrados sobre a prancha, e seu jogo de cintura lhe permitia uma segurança e equilíbrio na pista. Ela avistou uma rampa e pensou que poderia ser uma hora para acumular energia para um salto alto, contudo, levando em conta que a sua volta, nada parecia de fato rápido, Azula supôs que poderia tentar usar essa vantagem ao seu favor. E contrariando e assustando a todos na arena, ela efetua um boost com a prancha e zarpa sobre a rampa ganhando um impulso gigantesco no fim das contas. Por mais que não fosse particularmente muito alto, o impulso que ela tomou fez uma onda sônica ecoar atrás de si, e em seu rastro, os outros corredores estavam tentando acompanhar seu turbilhão de vento mas até isso estava violento demais pela velocidade agressiva que ela havia tomado. Shawna foi a única que bateu de frente nessa tempestade e estava se esforçando como nunca para alcançar sua rival; era um sentimento de superação libertador, Azula estava a minutos de vantagem e cada segundo parecia ficar ainda mais distante, mas assim que Shawna Black pousou na pista após um show de manobras naquela rampa, ela declarou a si própria que não deixaria Azula ficar com uma glória assim, e ela estava disposta a de fato quebrar limites para se fazer superior.

[Enquanto isso na platéia]

—Aquilo é a... Azula? —Max estava tão arrepiado quanto incrédulo.

—Por Gaia, olha a velocidade daquilo... Parece um raio vivo. —Rougue deu voz a seu espanto ao lado do rival.

—Por que ela ficou assim? A corrida não tinha nada demais até agora... —Max novamente pontua.

—Ué, vocês não sabem? —Ícarus toma a palavra com sua dúvida. —Pensei que fosse fruto do treinamento de vocês.

—Nenhum treinamento no mundo faria alguém correr desse jeito, com essa forma, e com esse estado. —Emerald se manifesta em um tom tímido, mas seguro, e acima de tudo, preocupado. —O que me assusta mesmo... É o Gear da Azula... Ele não vai suportar... Isso.

—Mas ai é que está! —Rougue contesta. —O que exatamente é isso?

—E-Eu... Eu não sei... —Emerald responde sem muita fé.

—Nenhum de nós sabe, e por mais impressionante que seja... Só vamos descobrir quando elas voltarem. —Max acaba trazendo todos de volta ao mundo real com suas palavras. —Temos uma trégua certo? Vamos terminar de uma vez esses planos.

—Vocês não se preocupam com a Azula? —Ícarus não alfinetou, mas o tom de voz pareceu que sua intenção era tal.

—A questão não é preocupação, é confiança. —Max botou sua mão no peito firme. —Seja lá o que Azula fez, ela vai ficar bem. Disse que correria com tudo hoje e é o que está fazendo, ela confiou em nós pra também por um fim nisso antes dessa final, e é o que vamos fazer!

Ele exclama como um líder, mesmo que tivesse referido esse posto a Azula de fato. Os restantes se entreolham e assentem, encarando Max de novo com a energia recuperada do choque. Ícarus e Rougue entendiam que sentimento era esse, Shawna deixou escapar um pouco dele essa noite também.

—Muito bem então, vamos lá! —Rougue assume a resposta geral.

Max concorda e eles retomam as buscas agora com um objetivo traçado!

[De volta a pista]

Shawna estava lutando contra o que parecia ser um furacão. Mas não desistiu. Azula estava distante, em muitos aspectos, mas a morena de madeixas vermelhas tinha se recusado a ceder e não era atoa, quando Shawna entra na carga de ar que Azula deixava, ela assume a responsabilidade de tentar sobreviver a algo que estava em um nível de dificuldade abrupto já que seu próprio criador estava excedendo limites de todos os pontos da prancha. Mas ela aceitou o desafio e por isso sem medo, manteve-se seguindo o rastro sempre jogando-se de um lado para o outro para pegar altitude e entre uma manobra rápida e outra, recarregar a energia de seu gear para arriscar boosts no meio da ventania nesmo. A estratégia até deu certo por um instante, mas a pista havia ficado minúscula para Azula, a segunda rampa chegou e passou para ela como um suspiro, Shawna passou pouco tempo depois, mas ainda levou tempo, e era justamente esse o problema.

Muito mais a frente, Azula começou a sentir uma estranha palpitação interna mais agressiva, por mais quente que seu corpo estivesse agora pela adrenalina, de repente ela começou a ter uma dor acarretada a isso que ela não entendeu. O Gear sob seus pés deu uma breve tremida que não causou desequilíbrio mas deu mais surpresas pra ela, o que estava acontecendo? Que diabos de sensações e falhas aleatórias eram essas? Ela ainda não tinha bem se tocado do que estava sendo capaz e nem conseguiria de fato, a terceira rampa se aproximava e dessa vez um pulo mais técnico era recomendado. Azula se abaixou um pouco no Gear para tentar preparar o impulso mas quando efetuou o comando para acumular energia de salto não foi correspondida e isso a assustou, o pulo não foi carregado e ela acabou sendo somente impulsionada e sendo obrigada a manobrar fraco antes de pousar e seguir com a velocidade agressiva. Faltava pouco pra linha de chegada agora, mas que sentimento estranho era esse? Um sentimento de algo estava errado, de que por alguma razão seu corpo te respondia, mas também te cobrava algo em troca... A sensação latejante de um poder dolorido que ela não sabe de onde vem, como se sentisse que dentro de si existia uma coisa que estava sendo exposta, mas nem ela mesma sabia que podia fazer. Azula estava determinada a ganhar, mas seu próprio instinto lhe fez ficar alerta quanto a essa vitória, algo estava errado... Muito errado. ela fecha suas mãos e novamente flexiona mais os joelhos para garantir sustento, ela dobra o braço direito um pouco e aproxima o punho na parte horizontal do polegar a centímetros de seu peito. Semicerra os olhos brilhantes e tenta freiar, o Gear treme mais, ela já conseguia ouvir um barulho de motor a perseguindo, o mundo começou a ir mais rápido, borrões voltaram a ser mais visíveis a sua volta e as doloridas palpitadas de desespero surgiram quando ela percebeu que nem mesmo seu foco podia acompanhar velocidade que o mundo a sua volta ganhou.

Um click de uma câmera foi ouvido, a multidão eufórica se amedronta, e quando Azula cruza a linha de chegada a todo vapor... Sua prancha eclode diante de seus pés e a explosão do reator a arremessa contra o solo com força e faz seu corpo cair e rolar pela pista com um impacto bruto. Shawna entra em desespero e rema como nunca, ela freia a centímetros do corpo desmaiado de Azula em meio a platéia em silêncio e imediatamente o recolhe, pela primeira vez, Shawna estava sentindo temor, temor por sua corrida, por sua derrota, mas acima de tudo...

Por sua amiga inconsciente em seus braços.

E na diretoria, Maria sente seu peito igualmente doer quando ela levou uma mão a boca para afagar o grito de pânico. Ela sabia o motivo e mais do que nunca também se compadeceu ao mesmo tempo que se amedrontou com aquele resultado, e com um sussurro cheio de pesar e pavor, ela disca o número da emergência em um teclado touch de sua mesa, e aguarda desesperada o alerta para o plantão médico.

—Q-quem... Quem é você Azula Sonic?

Azula RiderOnde histórias criam vida. Descubra agora