C A P Í T U L O 1

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Primeiro dia de aula pós verão/ ou traição.

Era extremamente catastrófico ousar imaginar como está meu pensamento nesse momento.
Minha mãe cantarola na cozinha enquanto prepara o delicioso lanche de Anny, minha irmã de dez anos.
Papai lê sua manchete preferida no jornal, que por acaso é a que critica mais um restaurante que se esqueceu do sal em seus pratos.
Anny desce lentamente as escadas... pera! Ela está com as botas brilhantes que o vovô deu de presente a nós duas no fim do verão?? E por que ela está sorrindo feito uma maluca??

—Anna, não me deixará usar essas botas super da moda sozinha né? — sua pergunta me faz ter calafrios.

—Vou sim! — ao ouvir minha resposta ela revira os olhos. — Você está parecendo uma árvore de Natal cafona da vovó.

—Por favor! Por favor! — ela repetia incansavelmente aquilo, até que finalmente dei o braço a tosser, eu detestava a insistência da Anny para algumas coisas. Derrotada coloquei as botas.

—Vamos meninas! — diz mamãe pegando sua bolsa marrom em cima do sofá e alguns livros na mesinha de centro.
Me levanto calmamente, pego minha mochila que está no escosto da cadeira e caminho para abrir a porta.

Assim que Anny passa por mim, encosto-a e as sigo em direção a mini van preta que está estacionada em frente a garagem de casa.
No mesmo instante os Lewis , nossos vizinhos da frente, também estão em direção ao seu carro.

—Oii! — diz a Sra. Lewis  do outro lado da rua.

—Oii amiga! — retribui minha mãe animada em ver a amiga depois do longo verão.

Sra. Jess Lewis: 37 anos, divorciada, bem-sucedida, elegante, escritora de romances clichês inovadores e tudo que eu quero ser. A mulher é  poderosa!

—Oii  Ian e Steven. — cumprimenta mamãe aos filhos de Jess. Steven retribui com um sorriso doce e Ian...não vem ao caso!

Steven Lewis : dez anos, filho mais novo de Jess, comprometido com Anny.

Ian Lewis:  18 anos, considerado o cara mais lindo do colégio, nem o Josh vence tamanha beleza, o idiotinha mais sarcástico que conheço, estudamos juntos desde quando tinha apenas 3 anos e ele 4.

—Oi Sra. Sanderson. — retribui Ian. Acompanho seu olhar me analisar cautelosamente e parar em meus pés. —Gostei das botas... Anna. — seu sarcasmo é... odioso.

—Obrigada... Ian. — agradeço apenas sendo educada.

—Quando chegar conversamos. — diz minha mãe a amiga.

Entramos no carro e logo minha mãe dá partida. Somos seguidos pelos Lewis o trajeto todo.

O mais difícil deste retorno ao colégio é o simples e ao mesmo tempo complexo fato de que terei que rever Josh Mackenzie e Zaara Gilda, os monstros dos meus pesadelos. Meu coração aperta só de saber que voltarei a ver aqueles olhos castanhos. Talvez eu não tenha superado a traição do Josh, talvez lá no fundo  eu quisesse tê-lo na minha vida novamente. Meus devaneios são interrompidos pela parada de minha mãe na entrada do colégio.
Respiro fundo antes de abrir a porta.
Olho pela janela e avisto a grande multidão de alunos sem uniforme se amotoar na entrada.
A regra do primeiro dia de aula é que os alunos estão livres da padronização que o colégio impõe.

—Tudo bem? —pergunta mamãe preocupada com a minha demora. — Vai mesmo com essas botas ridículas?

—Sim para as duas perguntas. — tomada de coragem, abro a porta e saio do carro. Dou um aceno para mamãe e caminho para o tártaro de todos os dias.

Minha mãe não dará aula hoje. Então percebo ela dar o retorno e ir para casa.

Já sinto os olhares sob mim, passo por algumas pessoas que falavam antes do verão com um curto sorriso, mas elas apenas viram o rosto me ignorando.

É esse será um longo ano.

Sigo andando pelo corredor dos armários, me sinto como uma rejeitada, excluída. Sinto um nó na garganta quando os vejo juntos, os olhos dele brilham intensamente admirando Zaara, a linda pele negra reluzente que a idiota tem, o olhar confiante e esnobe me fazem sentir raiva e um pouquinho de inveja da maravilhosa morena a minha frente, a dona dos meu pesadelos.
Ela assim que percebe meu olhar  ri e acaricia os belos cachos de Josh.

—Anna. — a mesma diz agarrada a Josh enquanto se aproxima. — Vejo que continua igual. — me analisa com seu ar esnobe e superior.

—Por que eu estaria diferente? — questiono tentando parecer durona.

—Hum... tem razão não tem muito pelo qual você ser diferente. Afinal, garotas como você nunca terão destaque. Coadjuvante diria meu professor de teatro. Já garotas como eu, merecem ser protagonistas. — cada palavra dela fez meu coração doer, a essa altura todos que passam por nós, olham curiosos. —Está segurando o choro né? Você achou mesmo que Josh e eu seríamos apenas amigos? Você é ridícula! Nós passávamos noites quentes no meu quarto, pelo simples fato de você nunca ter dado o que ele queria. — isso foi o estopim. Não conseguir dizer nada, apenas deixei as lágrimas com um gosto amargo rolarem enquanto eu saia dali.
Eu me sinto uma idiota, estúpida e principalmente uma ridícula, queria ter gritado tudo que estava engasgado na mina garganta, mas fui covarde!
Eu não superei! Talvez nunca consiga! Eu devia ter escutado minha mãe e entrado no grupo de ajuda a pessoas traidas. Pois é isso que sou!

Anna - depois de você Onde histórias criam vida. Descubra agora