C A P Í T U L O 11

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★Pov Anna.

Meu choro não era como nas novelas.  Ele parecia escandaloso e altamente desesperado. A dor em meu peito de alguma forma só crescia. Josh Mackenzie não merece nenhuma lágrima que cai dos meus olhos. Eu devo o detestar,  preciso disso.

Entro em meu quarto e respiro fundo,  uma , duas , três , quatro vezes  com uma velocidade inigualável.  Meu peito se enche e esvazia-se me fazendo sentir uma dor imensa. Foi aí que percebi que estava ficando totalmente sufocada pela minha própria respiração que parecia presa em algum lugar.  Coloquei rapidamente a mão sobre meu peito e tentava colocar para fora o que estava tolhido em minha garganta. Eu chorava enquanto tentava me manter viva. Até que aos poucos tudo foi cessando.  Inclusive uma pequena parte de toda aquela dor.
Me sento na cama e fecho com força meus olhos inchados. Meu rosto está sempre pálido e abatido.  As olheiras são profundas.

Eu parecia um cachorrinho que foi abandonado por alguém cruel.  Mas eu não sou um cachorrinho! Não sou!  Eu detesto ser tão vulnerável. 

Rapidamente me levantando e sigo em direção à um espelho que fica no meu closet.

Era difícil me encarar e não sentir vergonha do que me tornei. 
Frágil? Isso que você é?
Idiota? Isso que se tornou?
Esperar um cara que NUNCA vai voltar é seu objetivo de vida? Em, Anna ? Responda a si mesma!

Meu subconsciente repetia que eu não podia mais  sentir pena de mim mesma.

E eu odeio o que Josh Mackenzie me tornou.

Alguns dias depois...

Sexta-feira.

Eu estava conseguindo odiar Josh,  todas às vezes que o via pelos corredores , sentia náuseas e um ardor em meus olhos. A cor de minha íris rapidamente se escurecia e sentia meu punho se fechar.  Era involuntário.

Fecho meu armário e dou de cara com Ian e seus profundos olhos azuis. Ele está debruçado no armário ao lado, fazendo seus músculos se contraírem. 

— Anna Beth. — sorrir exibindo suas covinhas.

— Ian. — retribuo.

— Hoje é a festa dada em homenagem os novos integrantes da torcida.  Você vai né?   — eu sabia da tal festa, afinal , fui lembrada a semana inteira.

— Eu não vou.

— Ah, qual é? Sai do seu mundinho, Sanderson!  — exclama Ian levemente irritado. 

— Eu gosto do meu mundinho, Lewis.  — rebato querendo encerrar o assunto.

— Eu sei. Mas é preciso sair da rotina às vezes.  Se divertir e sair... Como uma pessoa normal.  — suas palavras embaralhadas me fizeram rir.

— Quer dizer que agora eu sou anormal? — zombo percebendo um sorrisinho se alastrar por seus lábios e levantar uma sobrancelha sugestivo.  — Não ouse responder , Lewis. Você ainda está na minha lista negra.

— Fico feliz. Gosto de saber que em algum momento está pensando em mim. — arregalo meus olhos surpresa pela sua fala.

Eu não tinha uma resposta sensata ou boa o suficiente para fazer com que ele ficasse calado.
Ultimamente não tenho pensado em ninguém. Ainda choro todas as noites como uma idiota, porém o motivo de minhas lágrimas não são mais os mesmos. Agora choro por mim. Só por mim.

—Fico feliz por ver você sem graça. — saio do meu transe quando escuto sua voz. —  Até à noite , Anna. Te busco às 20:00 p.m. — e é assim que ele sai da minha vista, me deixando seriamente confusa.

★★★★

Minhas aulas acabaram rapidamente.  E eu agradeci infinitamente por isso.
Minha cabeça está cheia de opiniões a favor de uma boa noite de sono, coisa que não acontece a muito tempo. Não durmo direito, pois pesadelos horrendos me atormentam. Mas estou disposta a tentar dormir bem hoje.

Faço uma gororoba ao som de Queen.  Estou me apaixonando por rock.

We are the champions, my friends And we’ll keep on fighting till the end...

Comecei a cantar e mexer algo no fogão que nem eu sabia o que era ao certo. Até que ouvi um pigarreio alto o suficiente para me assustar.

— Anna? — aquela voz. Aquela bendita voz de Ian Lewis! O encaro lentamente e vejo o resquício de um sorriso sarcástico.  O que ele fazia aqui?

— Sim.

— Você irá assim? De pijama?

— Do que está falando? — pergunto não entendendo o que o loiro quer dizer.

— Da festa que conversamos mais cedo.  — eu ia rebater, mas ele foi mais rápido.  — E antes que diga alguma coisa, eu avisei sua mãe e ela disse o quanto é grata a mim por isso. Ah, disse que você é minha responsabilidade hoje e que não tem hora para voltar para casa. Então vá se arrumar. — eu não acredito nisso.

Conhecendo Ian como conheço,  sei que se eu não aceitar ele simplesmente ficará atazanando minha vida eternamente.  Então , simplesmente,  aceito.

Talvez eu esteja louca. Completamente louca. E é com esse pensamento que subo para o meu quarto. Tomo um banho rápido sem molhar o cabelo e sigo para o meu closet. Eu não sabia o que vestir,  na realidade,  eu não tinha o que vestir. Foi aí, que identifiquei um vestido justo da cor creme que ganhei no aniversário do ano passado.  Eu nunca o usei,  mas ele parece modelado para o meu corpo. O visto e logo admiro minhas curvas ressaltadas . Nada parece vulgar, me certifico disso.

Não irei usar maquiagem. Apenas soltei meus cabelos e admirei minha forma natural.  Eu estava bonita. E era natural.

Depois de um tempo me admirando,  desci as escadas  vendo Ian no sofá lendo algo em... pera aí! Ele estava lendo o  diário de quando  tinha doze anos.

— Ian ! Não ouse! — quase gritei e logo recebi seu olhar tão admirado quanto o que eu estava. — O diário. Me dê! — ordeno enquanto ele intercala o olhar para mim e para o objeto em suas mãos.

— Certo, sol. — zomba me entregando o maldito diário.  E pronunciando o apelido que eu havi lhe dado com seis anos. — Não sabia que meu cabelo era tão brilhante quanto o sol e meus olhos tão...

— Vamos , Ian! — jogo o diário em qualquer lugar e o puxo para fora de casa. Mas antes que pudesse me dar conta que  a porta estava fechada e que toda ação gera uma reação, meu corpo estava colado com o de Ian. Ele me analisou profundamente, nunca tinha me sentido tão aflita em relação a proximidade de alguém. Seus dedos tocaram minha bochecha e retiraram uma mecha de cabelo que insistia em cair. Seus lábios se aproximaram do meu ouvido e me arrepiei instantaneamente com uma leve mordida.

— Temos que ir, sol.

Temos mesmo?

Que isso ? Você o detesta lembra?

Acho que esqueci meu próprio nome.

Anna - depois de você Onde histórias criam vida. Descubra agora