C A P Í T U L O 13

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Nossos ombros estavam grudados enquanto observávamos as estrelas da  madrugada. O clima não achava-se  tenso como pensei que ficaria. Eu podia ouvir a respiração tranquila de Ian enquanto me perguntava o que ele estaria pensando. 
A música alta nem nos imcomodava mais, até que rapidamente ouvi sirenes se aproximando.  Ops!... polícia.
As leis contra adolescentes dando festas altas horas da madrugada eram severas. E como toda boa menina,  senti um medo se espalhar pelo meu corpo.  E agora?

Ian rapidamente me puxa para o andar de cima enquanto várias pessoas se dispersam buscando esconderijos.
Encontramos Thales durante nosso caminho silencioso, porém rápido. 

— No lugar de sempre, Ian. — diz Thales acenando para o amigo enquanto não sei o que fazer.

—Certo. — concorda o mesmo me deixando com um ponto de interrogação imenso na cabeça.

— Só vou me livrar da polícia e vamos para lá.  — isso foi tudo antes de Ian me puxar para sei lá onde.

— Você é algum traficante? — pergunto enquanto entramos em um quarto masculino,  nem me dou o trabalho de reparar nas coisas aqui.

— Eu tenho cara de traficante? — questiona olhando pela janela que não era tão alta, mas me assustava.

— Desde quando precisa ter cara para ser traficante? —  cruzo os braços fazendo birra. Mas só consigo um sorriso maravilhoso vindo dele que se aproxima.

— Eu não sou um traficante. — diz selando nossos lábios em um selinho. — E nós precisamos fazer uma pequena loucura agora.

Isso me deixou mais assustada ainda! Mais Loucura?

— Vamos ter que descer pela escada que possui abaixo da janela, correr até meu carro e bingo! Vamos estar em um lugar seguro.  — ele falava de uma forma tão natural que dava medo.

— Não é melhor ficarmos aqui até a polícia ir embora? 

— Não mesmo. A polícia pode vasculhar a área e nos levar presos. — isso era pior.  Não posso ir presa por estar em uma festa! Só que eu queria insistir,  mas a adrenalina não permitia fazer outras perguntas.

— Tudo bem! Mas eu vou primeiro. — me prontifico indo em direção a janela. Era alta e eu fiquei apavorada,  só que ainda sentindo a adrenalina dentro de mim.
Desci os degraus  da escada com um cuidado dobrado, já  no chão agradeci mentalmente  por não  ter morrido. Observei atentamente  o cara que era  maravilhoso até  fazendo o simples ato de descer uma escada. Até  escutar vozes graves vindo da frente , me encosto na parede da casa e sinto Ian silenciosamente  fazer o mesmo. Meu peito  descia e subia mostrando o quão  elétrica  eu estava. Meu sangue estava quente e parecia  borbulhar em minhas veias. Sinto as mãos  de Ian se entrelaçarem com as minhas. Algo que parecia natural.

—Temos que correr até  meu carro. — escuto seu sussurro em meu ouvido e o encaro incrédula.

—Como assim correr?

—Um... Dois

—Ian , não  irei correr! Está  completamente maluco? — e ele novamente ignora  minha pergunta. E quando sou tentada a questionar de novo, sinto suas mãos  me puxarem e instantaneamente minhas pernas correm na mesma velocidade que as dele. Seu carro estava   estacionado uma quadra antes da casa de Thales. Era um bom bairro. E aparentemente  estava bem silencioso, apenas com o som apressado  de nossos passos e a minha respiração  descompassada.

Ian destrava o carro, e enquanto  eu entro ele dá a volta e assume  o volante. 
Vejo seus olhos fecharem e sua cabeça  ser inclinada para trás , encostando-se totalmente  no banco de couro.
A adrenalina  ainda se fazia  presente no meu corpo quando loucamente  comecei  a gargalhar. Logo sou acompanhada pela risada linda de Ian que me encara.

Era muita loucura  e eu finalmente  me sentia... Viva!

Não  tínhamos  palavras  para compartilhar  um com o outro, mas eu sentia segurança estando ao lado dele. O percurso  foi em silêncio, mas percebia meu cabelo voar pela  brisa que invadia meu rosto através  da janela.
Até que paramos em uma espécie de parque. Era tudo muito verde e víamos a floresta de longe. Um lugar perfeito para matar alguém,  longe de tudo.

—Você não irá me assassinar né? —  pergunto o vendo sorrir de lado.

— Não Anna, não irei cometer um homicídio. Você é bem engraçada!  — diz saindo do carro e me olhando como um incentivo a sair também.
Meio receosa o obedeci e caminhei até ele.  Suas mãos tocaram meu rosto e massagiaram minhas bochechas vermelhas.  Umedeci meus lábios e gradativamente nos aproximamos. Senti seus lábios aos meus e um formigamento estranho no meu estômago.

— Não vai acontecer nada. — sua voz sai baixa e eu apenas concordo enquanto nossas testas estão grudadas. Suas mãos seguraram as minhas e um leve arrepio percorreu minha espinha. Deve ser pelo fato de que ainda são quatro da madrugada e está frio.

— Perai! — Ian diz  e volta alguns passos até o carro, abre a porta traseira e trás consigo uma jaqueta de couro. 

— Obrigada.  — agradeço enquanto sinto suas mãos me ajudarem a colocar a mesma.

— É o mínimo que posso fazer depois de tantas aventuras.

Andamos por uns dez minutos em uma trilha na mata,  até chegarmos em uma área apenas com a grama verde e um lago. Já haviam algumas pessoas admirando a escuridão que era o céu,  mas se observar melhor,  podíamos ver muitas estrelas. Coisa que não era muito possível.

— Esses são os integrantes do time de futebol americano e seus novos companheiros de torcida.  — olho em volta e vejo que eles parecem boas pessoas.  — Eles são bem legais. — conclui enquanto caminhamos pela grama procurando um bom lugar para sentar. Avisto Mia e Nice,  porém apenas aceno, já que elas estavam conversando. 
Me sento perto de umas flores do campo e admiro a paisagem.  Sinto a aproximação de Ian com alguns  cobertores e duas garrafinhas de água.  Ele me entrega e se senta ao meu lado.
Suas mãos ajustam o cobertor em nossos corpos e logo voltamos a fitar a escuridão.

— É isso que fazem depois das festas? — pergunto bebericando minha água.

— Não, é isso que nosso time faz depois de uma festa. Claro, quando não estamos tão porres. — ele sorrir e logo volta para uma expressão indecifrável.  — Eu gosto da natureza.

Sorri e encostei minha cabeça em seu peito e logo senti suas carícias em meus cabelos.

— Eu nunca vi o nascer do sol. — adimito levantando um pouco o olhar para encara-lo.

— Não? — questiona olhando no fundo dos meus olhos.

— Eu sempre acabava dormindo e nunca conseguia assistir. Por isso , preciso que me mantenha acordada.  — ele assente e eu volto a deitar minha cabeça sobre seu peito.

Não sei quanto tempo se passou,  mas meus olhos viram a imagem mais linda de uma vida toda. Aquilo sim era uma maravilha.  O sol parecia tão perto. No fim do lago mais precisamente.  Eu fiquei deslumbrada com a cena que nem percebi Ian me encarar. Meus olhos não se desviavam daquilo por dinheiro nenhum.  Eu suspirei realizada e novamente encostei minha cabeça no peito de Ian fechando os olhos dessa vez.
Era uma sensação de paz a que eu sentia naquele momento, coisa que fazia  tempo que não sentia.

— É lindo! Obrigada por isso. — o sono estava me vencendo e antes de sonhar com esse momento, simplesmente as palavras saíram da minha boca: — Foi a melhor noite da minha vida. Você venceu. 

E bingo ! Dormir tão bem nos braços dele.

Anna - depois de você Onde histórias criam vida. Descubra agora