Nossos ombros estavam grudados enquanto observávamos as estrelas da madrugada. O clima não achava-se tenso como pensei que ficaria. Eu podia ouvir a respiração tranquila de Ian enquanto me perguntava o que ele estaria pensando.
A música alta nem nos imcomodava mais, até que rapidamente ouvi sirenes se aproximando. Ops!... polícia.
As leis contra adolescentes dando festas altas horas da madrugada eram severas. E como toda boa menina, senti um medo se espalhar pelo meu corpo. E agora?Ian rapidamente me puxa para o andar de cima enquanto várias pessoas se dispersam buscando esconderijos.
Encontramos Thales durante nosso caminho silencioso, porém rápido.— No lugar de sempre, Ian. — diz Thales acenando para o amigo enquanto não sei o que fazer.
—Certo. — concorda o mesmo me deixando com um ponto de interrogação imenso na cabeça.
— Só vou me livrar da polícia e vamos para lá. — isso foi tudo antes de Ian me puxar para sei lá onde.
— Você é algum traficante? — pergunto enquanto entramos em um quarto masculino, nem me dou o trabalho de reparar nas coisas aqui.
— Eu tenho cara de traficante? — questiona olhando pela janela que não era tão alta, mas me assustava.
— Desde quando precisa ter cara para ser traficante? — cruzo os braços fazendo birra. Mas só consigo um sorriso maravilhoso vindo dele que se aproxima.
— Eu não sou um traficante. — diz selando nossos lábios em um selinho. — E nós precisamos fazer uma pequena loucura agora.
Isso me deixou mais assustada ainda! Mais Loucura?
— Vamos ter que descer pela escada que possui abaixo da janela, correr até meu carro e bingo! Vamos estar em um lugar seguro. — ele falava de uma forma tão natural que dava medo.
— Não é melhor ficarmos aqui até a polícia ir embora?
— Não mesmo. A polícia pode vasculhar a área e nos levar presos. — isso era pior. Não posso ir presa por estar em uma festa! Só que eu queria insistir, mas a adrenalina não permitia fazer outras perguntas.
— Tudo bem! Mas eu vou primeiro. — me prontifico indo em direção a janela. Era alta e eu fiquei apavorada, só que ainda sentindo a adrenalina dentro de mim.
Desci os degraus da escada com um cuidado dobrado, já no chão agradeci mentalmente por não ter morrido. Observei atentamente o cara que era maravilhoso até fazendo o simples ato de descer uma escada. Até escutar vozes graves vindo da frente , me encosto na parede da casa e sinto Ian silenciosamente fazer o mesmo. Meu peito descia e subia mostrando o quão elétrica eu estava. Meu sangue estava quente e parecia borbulhar em minhas veias. Sinto as mãos de Ian se entrelaçarem com as minhas. Algo que parecia natural.—Temos que correr até meu carro. — escuto seu sussurro em meu ouvido e o encaro incrédula.
—Como assim correr?
—Um... Dois
—Ian , não irei correr! Está completamente maluco? — e ele novamente ignora minha pergunta. E quando sou tentada a questionar de novo, sinto suas mãos me puxarem e instantaneamente minhas pernas correm na mesma velocidade que as dele. Seu carro estava estacionado uma quadra antes da casa de Thales. Era um bom bairro. E aparentemente estava bem silencioso, apenas com o som apressado de nossos passos e a minha respiração descompassada.
Ian destrava o carro, e enquanto eu entro ele dá a volta e assume o volante.
Vejo seus olhos fecharem e sua cabeça ser inclinada para trás , encostando-se totalmente no banco de couro.
A adrenalina ainda se fazia presente no meu corpo quando loucamente comecei a gargalhar. Logo sou acompanhada pela risada linda de Ian que me encara.Era muita loucura e eu finalmente me sentia... Viva!
Não tínhamos palavras para compartilhar um com o outro, mas eu sentia segurança estando ao lado dele. O percurso foi em silêncio, mas percebia meu cabelo voar pela brisa que invadia meu rosto através da janela.
Até que paramos em uma espécie de parque. Era tudo muito verde e víamos a floresta de longe. Um lugar perfeito para matar alguém, longe de tudo.—Você não irá me assassinar né? — pergunto o vendo sorrir de lado.
— Não Anna, não irei cometer um homicídio. Você é bem engraçada! — diz saindo do carro e me olhando como um incentivo a sair também.
Meio receosa o obedeci e caminhei até ele. Suas mãos tocaram meu rosto e massagiaram minhas bochechas vermelhas. Umedeci meus lábios e gradativamente nos aproximamos. Senti seus lábios aos meus e um formigamento estranho no meu estômago.— Não vai acontecer nada. — sua voz sai baixa e eu apenas concordo enquanto nossas testas estão grudadas. Suas mãos seguraram as minhas e um leve arrepio percorreu minha espinha. Deve ser pelo fato de que ainda são quatro da madrugada e está frio.
— Perai! — Ian diz e volta alguns passos até o carro, abre a porta traseira e trás consigo uma jaqueta de couro.
— Obrigada. — agradeço enquanto sinto suas mãos me ajudarem a colocar a mesma.
— É o mínimo que posso fazer depois de tantas aventuras.
Andamos por uns dez minutos em uma trilha na mata, até chegarmos em uma área apenas com a grama verde e um lago. Já haviam algumas pessoas admirando a escuridão que era o céu, mas se observar melhor, podíamos ver muitas estrelas. Coisa que não era muito possível.
— Esses são os integrantes do time de futebol americano e seus novos companheiros de torcida. — olho em volta e vejo que eles parecem boas pessoas. — Eles são bem legais. — conclui enquanto caminhamos pela grama procurando um bom lugar para sentar. Avisto Mia e Nice, porém apenas aceno, já que elas estavam conversando.
Me sento perto de umas flores do campo e admiro a paisagem. Sinto a aproximação de Ian com alguns cobertores e duas garrafinhas de água. Ele me entrega e se senta ao meu lado.
Suas mãos ajustam o cobertor em nossos corpos e logo voltamos a fitar a escuridão.— É isso que fazem depois das festas? — pergunto bebericando minha água.
— Não, é isso que nosso time faz depois de uma festa. Claro, quando não estamos tão porres. — ele sorrir e logo volta para uma expressão indecifrável. — Eu gosto da natureza.
Sorri e encostei minha cabeça em seu peito e logo senti suas carícias em meus cabelos.
— Eu nunca vi o nascer do sol. — adimito levantando um pouco o olhar para encara-lo.
— Não? — questiona olhando no fundo dos meus olhos.
— Eu sempre acabava dormindo e nunca conseguia assistir. Por isso , preciso que me mantenha acordada. — ele assente e eu volto a deitar minha cabeça sobre seu peito.
Não sei quanto tempo se passou, mas meus olhos viram a imagem mais linda de uma vida toda. Aquilo sim era uma maravilha. O sol parecia tão perto. No fim do lago mais precisamente. Eu fiquei deslumbrada com a cena que nem percebi Ian me encarar. Meus olhos não se desviavam daquilo por dinheiro nenhum. Eu suspirei realizada e novamente encostei minha cabeça no peito de Ian fechando os olhos dessa vez.
Era uma sensação de paz a que eu sentia naquele momento, coisa que fazia tempo que não sentia.— É lindo! Obrigada por isso. — o sono estava me vencendo e antes de sonhar com esse momento, simplesmente as palavras saíram da minha boca: — Foi a melhor noite da minha vida. Você venceu.
E bingo ! Dormir tão bem nos braços dele.
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Anna - depois de você
Teen FictionA vida de Anna Sanderson ia de mal a pior. Não que estivesse exatamente bem, porém, a dor da traição lhe atingiu como uma facada no peito. Desolada, precisou juntar os cacos do que restou de si para se reerguer. E ela conseguiu. Conheceu seu próprio...