C A P Í T U L O 14

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Pov★Ian

Assim que chego em casa,  deixo minhas chaves em cima da mesinha de centro e me jogo no sofá, exausto.  Mas minha cabeça insiste em lembrar do beijo de Anna, aquilo foi bom. Porém, não é seguro para mim ficar pensando em alguém.
Fecho os olhos e respiro fundo. Só que a imagem dela invade meu raciocínio. Aquele bendito sorriso e seu beijo com um pequeno gosto de álcool.

Droga!

— Filho? — escuto a voz de minha mãe se aproximando da sala de estar.

Minha cabeça estava a mil. Não conseguia raciocinar mais. Céus!  O que há de errado comigo?

— Sou eu , mãe.  —fecho meus olhos e tento pensar em filmes de terror que sou louco. Mas todos terminam com a cena clichê de um beijo.

Ela estava bêbada!
Dançava bêbada.
Cantava bêbada. E
beijava bêbada.

—Tudo bem , querido?  — sinto seu toque delicado em meus cabelos.

— Sim, só estou um pouco cansado.  — suspiro ainda de olhos fechados. 

— Hum. — aquele grunhido significava que ela queria fazer mais perguntas. — Soube que Anna foi com você.  Devo admitir sua ousadia em tira-lá de casa. Mas não quero que a machuque. — eu sabia exatamente do que minha mãe falava e por isso , abri meus olhos lentamente e a encarei.

— Eu não faria nada para machucar a Anna,  mãe.  Dou minha palavra.

Aquilo sim foi profundo. Cada palavra proferida dos meus lábios ficou gravada no meu subconsciente de alguma forma.

Não machucarás Anna!

★ ★ ★ ★

Segunda-feira.

Tinha uma ideia do que queria de Anna. Assim como ela eu levava desafios bem a sério.  Cumprir minha palavra foi uma das coisas que minha mãe me ensinou de melhor e honrar seus ensinamentos é minha obrigação.

Inícios de semanas são sempre difíceis,  quer dizer que toda rotina monótona vai voltar.  Mas sou grato por ter o privilégio de viver a monotonia de sempre.

As mais variadas músicas tocavam no rádio do meu carro, um dos presentes do meu avô paterno que sempre foi mais presente do que o meu inseminador.  Escutar música me deixa aliviado de problemas que não consigo controlar.  Não tenho raiva do meu pai, só não sei ser hipócrita ao ponto de fingir que ele nunca nos deixou um dia prometendo não nos abandonar, mas assim o fez. E isso me irrita.

Estaciono em uma das poucas vagas que tinham livres ali, desço do carro completamente aliviado por ainda está no horário, é ainda não posso quebrar todas as regras.

Andar pelo campus do colégio nos permite uma sensação de liberdade,  sem quatro paredes nos privando de observar horizontes.
Passar pelas enormes portas de madeira sendo Ian Lewis é como ser um cara com uma arma, chama atenção.
Mesmo um pouco distante consegui ter a visão perfeita do outro time de futebol americano liderado  por Josh Mackenzie,  que estavam reunidos. E isso me faz  lembrar que o grande jogo contra eles está próximo, a importância desse jogo é incalculável,  já que apenas um time pode ir para o campeonato estadual e somos dois times.
Meus olhos percorrem cada pessoa até pararem em Zaara, sempre linda, mas cuel. Perco tempo de mais a encarando que acabo esbarrando em alguém.

— Aí!  — escuto a bendita voz que evitei o fim de semana inteiro.  Fecho os olhos e busco a volta da minha sanidade mental. 

— Desculpe! — digo a ajudando a se levantar do chão. Acabo não contendo meus lábios em uma linha reta e isso a deixa aparentemente  irritada.

—Está rindo do que?  — Anna cruza os braços e posiciona seus lindos lábios rosados em uma linha reta.

— Ah... da situação. Me desculpe, estava distraído. — olho fixamente em seus olhos e cenas que não queria lembrar  aparecem do nada. Mas eu não poderia desviar por nenhum minuto.

— Oi Ian! —  Stefani, uma das animadoras passa por nós e me força a olha-lá. — Oi Anna! — seu tom é de empolgação. — Temos treinos hoje. — avisa e logo sai para seu destino nem esperando uma retribuição.

— Eu não vou precisar usar esse micro uniforme nas aulas né?  — Anna pergunta com a sobrancelha direita arqueada para o uniforme de líder de torcida. — É ridículo!

— Você vai ficar uma gracinha.  — elogio com um sorriso tosco no rosto, toco seu queixo e reparo em cada traço de seu rosto angelical. 

— Ian... — sua voz é falha e simplesmente faz meu coração acelerar. — Está todo mundo olhando.  — ela transparecia um pouco de  medo.

— Dane-se. Vem comigo?  — eu não estava nem ligando para quem estivesse olhando. E por isso fiquei assustado. Mas não dei importância. Estendi minha mão e continuei sorrindo como um perfeito idiota.

—Sim. — ela segurou minha mão e a levei para fora do colégio em um lugar que pudéssemos ficar sozinhos.
Pelo horário em que estávamos, todos já deviam estar procurando suas salas de aula.  Então era perfeito.

Nos sentamos na grama do campo  de futebol americano, ela não fedia a caras suados ou coisa do tipo.

— Eu sei o que quero. — declarei a encarando intensamente.  A mesma franziu a testa confusa.

— Ah... E o que você quer?  — pergunta com uma pontada de decepção em sua voz.

—Que você seja minha namorada de mentira.  — aquilo realmente saiu dos meus lábios. 
Seus olhos se arregalaram e senti seu corpo se tencionar  com a minha fala.
Não era tão absurdo assim? Ou era?

— Como assim? — seu tom de voz estava elevado. — Você... Voc.. Como você quer isso?

— Escuta...

— Não!  Isso é absurdo!  O que você acha que eu sou?!. — questiona me interrompendo e se levantando rapidamente, imito sua ação fazendo o mesmo.

— Anna, não é da forma que você está pensando.  — tento justificar o que na minha cabeça maluca parece  normal.

— Então como é? — seus olhos brilhavam em pura fúria.

—Nós fingimos um namoro falso até antes do grande jogo no fim do ano, e bingo! As pessoas não associam seu nome ao de Josh Mackenzie!

— Incrível!  Elas irão associar meu nome ao seu. — debocha com uma risadinha amarga no final.

— Não.  Elas farão a associação do seu nome com você.  A animadora destemida.

— Isso é loucura!

— Eu não sou o Mackenzie , que te deixava oculta aos olhos de todos. — suspiro antes de continuar.  — Eu sou o cara que ficou como expectador principal enquanto você era só...você. 

— Você é Doido! — assisto ela pegar suas coisas com certa brutalidade e agilidade. Sua testa ainda estava franzida e seus olhos ainda brilhavam de raiva.

— Pensa bem! — grito a vendo partir totalmente furiosa e indiferente comigo.

Não era uma ideia ruim, talvez louca, mas não ruim. Eu estava cansado de Zaara no meu pé e principalmente agora, seu ódio por  Anna é incalculável e eu ficar com ela, machuca muito seu ego inflado.
Eu quero feri - lá assim como fez com tantas outras pessoas.  Mas não quero machucar Anna. Só que essa é a única forma.

Anna - depois de você Onde histórias criam vida. Descubra agora