Capítulo 28

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— E então, Clara, me conte mais sobre seus sonhos. — Era quinta-feira. Matheus e Ana Clara estavam sentados na praça da cidade, lugar para onde iam todas as noites após a universidade. Estavam se aproximando cada vez mais, porém, não deram mais nenhum beijo além daquela noite memorável.

A mulher abaixou a cabeça e encarou seus próprios dedos, hesitando antes de falar o que precisava.

— Clara?

— Não quero mais que me dê carona, Matheus. — Finalmente olhou para ele. — Não me veja como uma ingrata, é só que fica difícil manter o que eu sinto sob controle se nos vemos todos os dias.

— Achei que estando por perto, veria o babaca que sou e acabaria com essa visão que tem sobre mim, acreditando que sou o melhor do mundo. — Ela sorriu e voltou a encarar seus dedos.

— Talvez funcionasse se você fosse mesmo um babaca, mas tem sido atencioso, gentil e prestativo, o que dificulta mais minha situação. Não me entenda mal, eu não o culpo por...

— Eu entendi, Clara — disse sorrindo. — Quer parar de se encontrar comigo?

— Eu preciso, Matheus.

— Tudo bem. Sinto muito por isso, realmente gosto de conversar com você, mas a última coisa que quero é magoá-la.

Ficaram em um silêncio incômodo, até o celular dele começar a tocar, mas ao ler o nome de Laís, apenas ignorou.

— Ei... — Levou os dedos ao seu queixo e a fez encará-lo ao notar que estava calada e cabisbaixa por tempo demais. — Não vou desaparecer. — Forçou um sorriso e a jovem o imitou.

— Será como antes.

— Nada será como antes, Clara. Agora você já me conhece, eu também a conheço, já nos beijamos... Não precisamos agir como desconhecidos, só não teremos mais esses momentos a sós.

— Eu... Posso te pedir mais um beijo? — Matheus sorriu e abriu os braços para ela.

— Venha aqui.

Ele a beijou com carinho, lentamente, saboreando seus lábios como se fossem a mais fina iguaria. Adorava aquela característica dócil de Ana Clara. Com ela, não precisava — nem queria —, ser o homem fogoso, com o tesão a flor da pele. Não que não se excitasse, muito pelo contrário, mas aquela delicadeza permitia que sentisse mais daquela mulher.

— Matheus — sussurrou, tentando afastá-lo.

— Não quero parar. — Mordiscou seu lábio e voltou a beijá-la. Suas mãos estavam em toda parte do corpo dela. Clara tinha o perfil muito diferente das mulheres com quem ele costumava sair. Ignorantes diriam que era fora do padrão, mas ele queria que o padrão fosse à merda. Era perfeita como era. Seu corpo, seu rosto, sua personalidade... Ana Clara era simplesmente o que ele nunca tivera. Um peça que se encaixava perfeitamente em sua vida, mas que ele nunca havia se dado conta de que estava faltando.

— Seu celular está tocando — disse ela.

— Deixe tocar.

— Eu preciso respirar, Matheus.

Abandonando sua boca, distribuiu beijos castos por sua bochecha, mandíbula e pescoço, antes de se afastar.

— Estraga prazeres — provocou, e sorriu ao ver o leve rubor em suas bochechas. — Deus, Clara, você é adorável!

Seu celular voltou a tocar. Ele fechou os olhos e suspirou profundamente. A loira ligava todos os dias, mas nunca dizia nada proveitoso. Eram sempre as mesmas conversas fiadas: "Estou com saudades", "venha me ver", "ainda me odeia? Até quando, Matheus?" Ele a atendia, pois temia ser algo com o bebê, mas a mulher parecia bem. Bem o bastante para enchê-lo com assuntos sem importância.

Pequenos Cafajestes {CONCLUÍDA}Onde histórias criam vida. Descubra agora