Capítulo 54

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"Talvez eu não devesse mandar mensagem, talvez devesse esperar mais algum tempo, ou quem sabe, deixá-lo se sentir pronto para entrar em contato novamente. Talvez devesse engolir o que sinto, mas fiz isso por tanto tempo que já não consigo mais deixar guardado. Me disseram para não ter medo de sentir, e, embora essa ideia me pareça assustadora, decidi seguir esse conselho.
Hoje eu sinto...
Sinto sua falta, sinto medo, sinto a dor de tê-lo perdido, sinto um buraco imenso em meu peito, um vazio que cresce mais a cada instante longe de você; sinto o amor que tentei sufocar durante tanto tempo e raiva de mim mesma por ter sido covarde.
Eu sinto tantas coisas ao mesmo tempo, que parece que não vou suportar e explodir a qualquer momento, mas isso também é libertador, porque eu nunca me senti tão viva, tão humana. Tentei ser forte por você, subestimando sua capacidade de lidar com os problemas, quando na verdade era eu quem precisava de forças. O medo me fez fraca, e nunca me perdoarei pelos erros que cometi tentando ser forte por nós dois.
Preciso que saiba que nosso fracasso não é culpa apenas sua. Nós dois erramos e, hoje eu vejo que você foi o mais forte e sensato ao tomar a decisão de partir.
Não interprete mal o que direi a seguir; não é um apelo para que desista de tudo e volte para mim, e sim a confissão de um coração que permaneceu fechado por tempo demais.
Eu te amo!
Não sei há quanto tempo, nem como começou, mas o fato é que é impossível estar com você, provar de você e do seu carinho e não se apaixonar, mesmo em meio a tanta turbulência. Fui teimosa e covarde ao não alimentar esse amor enquanto era tempo, e precisei perdê-lo para me dar conta da importância que você tem em minha vida. É aquela velha verdade de que só damos valor àquilo que perdemos.
Tive medo de amá-lo, medo de entregar meu coração e sofrer de uma forma irreparável, eu só não imaginava que seria mais doloroso sentir sua ausência.
É muito pior sem você...
Obrigada por ter me amado. Desejo que encontre seu caminho e seja imensamente feliz. Nunca foi minha intenção fazê-lo sofrer, e peço que me perdoe por cada vez que causei alguma ferida em seu coração. Ainda que você não volte nunca mais, espero que seja feliz, pois isso foi o que sempre desejei: Sua felicidade. Eu só não queria ser a única razão.
Fique bem. Não precisa me responder, eu me sinto aliviada apenas por me abrir e saber que você conhece meus sentimentos.
Um grande beijo. E nunca se esqueça que você merece o melhor que o mundo tem a oferecer.

Arthur leu aquela mensagem tantas vezes, que já havia decorado cada linha. Todos os dias antes de dormir, abria a conversa com Emanuelly, lia o texto e cogitava responder, mas algo o impedia de deslizar os dedos sobre as teclas. Uma medo gigantesco de fraquejar e fazer tudo desandar, então, saía da rede social e ocupava sua cabeça com outras atividades.

Quando começou a frequentar as aulas, logo na primeira semana, conheceu Alexia, uma ruiva de olhos castanhos, filha de mãe brasileira e pai Canadense, que vivia em Minas Gerais, mas era intercambista.

Os dois se aproximaram rapidamente. A ruiva era uma mulher divertida, estava sempre sorrindo e tentando arrastar Arthur para alguma balada, mas ele sempre negava, dizendo não estar no clima.

— Quem é ela? — perguntou certa vez, enquanto caminhavam nos arredores do campus. Arthur a encarou e franziu as sobrancelhas. — Qual é, está bem claro que você deixou tudo para trás por causa de uma mulher.

— Não deixei tudo para trás, é só por um tempo.

— Ok, mas você não respondeu o que realmente interessa. — Ele encolheu os ombros.

— Que diferença faz?

— Você é sempre tão fechado assim? — O homem sorriu. — Sério que terei que bolar um plano mirabolante para tirar algumas informações de você?

Pequenos Cafajestes {CONCLUÍDA}Onde histórias criam vida. Descubra agora