Capítulo 29

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Luíza chegou no hospital um pouco antes de Gael e Olívia. Daniel a levou até ali, mas preferiu não entrar para não causar mais tumulto.

O primo havia telefonado para lhe dar a notícia. Eram muito próximos, amigos e confidentes, por isso Matheus não hesitou em pedir que ela estivesse ao seu lado naquele momento, o que a loira fez imediatamente.

Já não estava chorando, mas seus olhos vermelhos e inchados denunciavam que chorara bastante. Estava apático, sentado em um banco no corredor ao lado do quarto onde Laís estava. Contou a ela tudo o que havia acontecido desde que recebera a ligação, e Luíza ouviu seu desabafo em completo silêncio.

— Eu nunca quis que isso acontecesse, Lu — murmurou cabisbaixo.

— Você não precisa me dizer o que já sei. — Olívia e o marido se aproximaram cautelosamente, ouvindo o que o filho dizia.

— Ela não quer me ver. Não quer que eu entre no quarto. Disse que é culpa minha, que era o que eu queria desde o início.

— Ela é uma vadia, Matheus — disse Luíza, e recebeu um olhar de repreensão da tia. — O quê? Ela é uma vadia mesmo. Não é porque está em uma cama de hospital que virou santa. É uma vaca egoísta! Eu juro que se ela não estivesse internada, eu sentaria a mão nessa quenga. — Olívia se sentou no banco ao lado e segurou a mão do filho, tentando passar um pouco de conforto a ele.

— Eu me sinto culpado. Disse coisas que não deveria ter dito.

— Coisas que ela mereceu ouvir — disse a prima. — Pelo amor de Deus, Matheus, você até beijou aquela filha da puta para que ela calasse a boca e se acalmasse. Fez tudo o que podia ter feito, o que aconteceu foi uma fatalidade.

— Já avisaram alguém da família dela? — Gael perguntou e o filho apenas aquiesceu. — Venha, vou levá-lo para casa, depois pego um táxi de volta para cá. Sua mãe e eu esperaremos até que algum familiar chegue, já que ela não o quer por perto.

— Eu não quero ir.

— Matheus, de nada vai adiantar você ficar aqui. Onde está a chave do seu carro? — Ele retirou a chave do bolso e entregou ao pai. — Vamos, você precisa descansar.

— Eu não queria que ele morresse, pai. — Voltou a chorar. Olívia saiu de perto para não chorar com ele, e Gael o fez se levantar para lhe dar um abraço. — Ele não tinha culpa.

— Filho, pare com isso. Eu sei o quanto está doendo, mas você não pode ficar se martirizando. Não foi culpa sua, Matheus, tire isso da sua cabeça. — Beijou o topo de sua cabeça. — Vamos, depois de algumas hora de descanso você vai conseguir pensar com mais clareza. Você vem, Luíza?

— Vou ficar com a tia Liv até você voltar. — Gael assentiu e a agradeceu, levando o filho para fora dali.

Olívia voltou instantes depois e se sentou onde o filho estava pouco antes.

— Eu nunca o vi assim, tia.

— Ele está abalado. É normal, Luíza. Logo voltará a si.

— Você acha mesmo? — Olívia a encarou. — Essa garota vai tentar fazê-lo se sentir mais culpado, tia.

— É melhor ela nem tentar prejudicá-lo, ou eu mesma acabo com ela.

Algum tempo se passou sem que Olívia ou Luíza entrassem no quarto para ver Laís. Uma movimentação chamou a atenção das duas quando uma jovem senhora e um policial fardado apareceram no corredor.

— Em qual quarto minha filha está? — A mulher perguntou com evidente preocupação. Olívia se levantou e estendeu a mão para ela.

— Você é mãe da Laís? — A mulher assentiu. — O quarto é esse. — Indicou com a cabeça.

Pequenos Cafajestes {CONCLUÍDA}Onde histórias criam vida. Descubra agora