Capítulo 57

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Emanuelly estava deitada em sua cama, encarando o teto e pensando em como sua vida mudaria a partir daquele momento.

Inconscientemente, levou as mãos ao seu ventre e sentiu os olhos se encherem. Havia se tornado comum chorar. Ela, que sempre tentou ser forte e objetiva, estava demonstrando extrema fragilidade, temendo seu futuro, sem saber como seguir em frente.

Podia até ser um exagero pensar de tal forma, afinal, não estava com os dias contados, mas a vinda de um filho mudaria seus planos.

Ouviu passos se aproximando de sua cama, mas não se incomodou em enxugar os olhos ou mudar de posição. Seus pais se sentaram um de cada lado e pousaram as mãos sobre as dela, que ainda cobria o ventre. Havia ligado para eles e contado a verdade. Não era justo que sua irmã e sua prima assumissem algo para livrar sua pele, além do mais, não poderia esconder a gravidez para sempre.

— Me desculpem — Voltou a chorar, e Beatriz a puxou para que se sentasse, abraçando a filha e permitindo que ela desabasse em seu ombro.

— Não temos nada para desculpar, meu amor. — Beijou o topo de sua cabeça.

— E se eu não conseguir? — perguntou com receio. A voz não era nada mais que um sussurro.

— É claro que vai conseguir. Você é uma mulher incrível, filha, e não há nada que não consiga quando se propõe a algo.

— E se eu não for uma boa mãe? — Beatriz sorriu.

— Você será uma mãe excepcional, Emanuelly — disse Otávio, já mais calmo após o susto.

— Eu estou com medo, mãe — admitiu, agarrando-se a ela e chorando sem se envergonhar. Otávio, assim como Beatriz, a abraçou para lhe transmitir alguma segurança e conforto.

— Eu ficaria realmente assustada se você não estivesse com medo — disse a mãe. — Já disse que não precisa tentar ser perfeita em tudo, e agora, com um bebê a caminho, você verá que não é porra nenhuma. — Otávio encarou a esposa.

— Bia? É para ajudar.

— Só estou dizendo que não existe ninguém perfeito nesse mundo, muito menos um pai ou uma mãe. Veja nós dois, por exemplo. Quem em sã consciência nos deixaria ser pais há vinte e três anos? — Afastou a filha para que pudesse olhar em seus olhos. — Você vai errar com seu filho, mas fará isso pensando no melhor para ele. Ninguém está preparada para ser mãe até se tornar uma, por isso eu sei que você dará conta. — Piscou para ela.

— E em todo caso, estaremos ao seu lado para ajudar no que for preciso. Podemos até ficar com o bebê até que você se estabilize emocionalmente. — Beatriz encarou o marido com as sobrancelhas franzidas, mas não disse nada.

— Fariam isso? — Levantou a cabeça e olhou para o pai.

— É claro, meu amor. Você é nossa filha, nossa responsabilidade. É nosso dever zelar por seu bem-estar e segurança.

— Assim como é dever dela zelar pelo bem-estar e segurança do filho — disse Beatriz, atraindo a atenção do marido. — Não me interprete mal, Manu, daremos todo o suporte que você precisar durante e após a gestação, mas não vamos criar seu filho, essa responsabilidade é sua e do pai do bebê. Além disso, essa não seria você. Minha filha não entrega suas responsabilidades para ninguém. — Ela assentiu. Estava confusa, mas sabia que sua mãe tinha razão. — Se precisar que passemos a noite com você alguns dias, ou se quiser voltar a viver conosco, será muito bem recebida, mas não criaremos seu filho. — Olhou para Otávio, repreendendo-o por ter levantado aquela ideia. Sabia que a filha já estava confusa e assustada o bastante, não precisava que o pai alimentasse ideias que a deixariam ainda mais perdida. — Além disso, estamos falando como se o filho fosse apenas seu. Arthur também tem responsabilidades nessa história, e sei que ele não tentará fugir quando souber. Não é certo fazer planos nos quais ele não esteja incluído. Tenho certeza que, além de nós, você também poderá contar com o apoio dele.

Pequenos Cafajestes {CONCLUÍDA}Onde histórias criam vida. Descubra agora