Capítulo 14 - Sobrenome Liberdade

3.2K 277 281
                                    

- Olha, não vai rolar nada entre a gente, valeu? – Liz deixou a educação de lado. – Eu tenho namorada agora.

    O quê? Como assim? Foram dois socos em seu estômago de uma só vez. Apesar de ter ficado feliz com o nome "namorada" não conseguia acreditar que Liz fizera aquilo. Passou uma semana sem dar notícias, ligou para outra mulher e só depois a procurou a fim de se consolar. A loira, percebendo o estrago que havia feito, afastou-se com um sorriso maldoso. Mas que desgraçada filha da puta, teve vontade voar nos cabelos dela e arrancá-los. No entanto, pegou aquela máscara de foda-se que existia em suas profundezas e a usou.

    - Lia não é isso que você está pensando. – Liz tentou tocá-la novamente, mas ela se esquivou, levantando-se da mesa. – Não aconteceu nada entre eu e aquela doida.

    - Mas não foi o que aquela doida lá disse! – Retrucou irada. Estava se mordendo de ciúmes.

    Chegava a se tremer toda de raiva, sentia que estava a ponto de explodir de ódio. Tudo que conseguia pensar era em Liz ficando com aquela mulher. Um ciúme louco a tomou e sentiu seu peito comprimir dolorido, estava quase ficando sem ar. Viu que algumas pessoas começavam a olhar para elas. Ah, isso não! Não daria vexame, nem espetáculo na frente de seu ninguém.

    - Não foi assim, deixa eu explicar, por favor.

    - Vamos embora, Lia. – Ouviu a voz de Cris ao seu lado e sentiu a amiga a puxar pelo braço. – Vocês conversam depois. É melhor.

    - Hey Cris, nós temos planos. – Liz tentou se aproximar mais uma vez, mas Lia a parou. – Não foi nada demais.

    - Eu não vou para lugar nenhum com você. Vai procurar aquela loira oferecida, vai! Ela está louca para continuar a conversa.

    - Para com isso, Lia... por favor! – Liz tentou chegar perto dela mais uma vez, mas Cris a impediu.

    - Liz, por favor, depois vocês conversam. Eu conheço a fera, ela não está bem. Depois vocês se falam.

    Estava se controlando ao máximo, não conseguia desviar o seu olhar irado para Liz que parecia aflita. Cris a pegou pelo braço e a levou para longe dali. Alberto jogou uma nota de cem reais sobre a mesa já que haviam saído na correria. Lia nem conseguia ver nada direito à sua volta de tanta raiva que sentia, em sua cabeça só conseguia pensar naquela loira e Liz juntas, se agarrando em um quarto de motel qualquer...

XxxxxxxxxxxxxxxX

    A volta para a casa foi tão silenciosa quanto o esperado. Lia se enfurnou no banco de trás e olhava pela janela o tempo todo, evitou os olhares dos amigos a todo custo. A raiva que sentia era tão grande, não conseguia nem raciocinar propriamente. Cerrou os dentes e apertou os punhos durante todo o caminho até chegarem em casa enquanto sentia seu telefone vibrar o tempo todo em seu bolso, com certeza era Liz querendo lhe contar mentiras e desligou-o sem pensar duas vezes.

    Alberto e Cris se despediram com um beijinho rápido, mas Lia abriu a porta do carro e saiu em disparada, Cris tentou alcança-la. Esperava que ela não ousasse falar nada, tudo o que queria era poder ficar sozinha e poder desabar.

    Abriu a porta do apartamento e praticamente correu até seu quarto, não iria nem dar espaço para que Cris falasse qualquer coisa que fosse, só queria poder se desligar de tudo, mas como faria isso? Sua cabeça estava a mil. Rebolou a mochila arrumada no canto. Estava se sentindo envergonhada de ter feito aquele papel na frente dos amigos... papel de quê mesmo? De idiotinha enganada. Que ódio estava de Liz, não queria nem tão cedo olhar para a sua cara de safada, de pegadora barata... para aquela face tão... tão... linda! Linda e meiga... Argh! Que ódio!

Nossa canção inesperada (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora