Pov Lia
O coração de Lia falhou uma batida e sentiu um arrepio forte perpassar por todo o seu corpo. Não conseguia acreditar no que estava ouvindo. Não estava processando direito. Liz queria que ela lesse aquela carta? A carta com as últimas palavras de seu pai para ela?
A emoção lhe tomou profundamente. Sua rockeira estava se mostrando de todas as formas, muito mais do que sempre imaginara, mas naquele momento, não se sentia merecedora de tanto. Talvez fosse o peso na consciência por tê-la feito sofrer nas últimas semanas quando tudo o que ela precisava era de colo e compreensão.
— Você tem certeza disso? — Perguntou aproximando-se e fazendo carinho em sua face.
— Eu não vou conseguir fazer isso sozinha e nem com mais ninguém, só com você.
Lia percebeu que ela falava com muita sinceridade e parecia temerosa ao mesmo tempo.
— Ok. — Lia respondeu e olhou para o envelope em sua mão.
Ele estava lacrado. Abriu-o com cuidado e retirou a carta lá de dentro. Não era um papel muito grande e certamente não parecia haver muitas coisas escritas nele. Ouviu quando Liz prendeu a respiração. Desdobrou o papel com cuidado e analisou a letra bem desenhada. Nervosa e com o coração acelerado, limpou a garganta e começou a ler pausadamente:
— "Flor-de-Lis..."
Ao ler apenas isso percebeu que ela soltou um suspirou, balançou a cabeça em negação e cobriu a boca com a mão, já parecia a ponto de chorar. Lia parou de ler por um minuto.
— Tudo bem? — perguntou carinhosamente e afagou as costas dela.
— Era assim que ele e minha mãe me chamavam. — explicou e balançou a cabeça mais uma vez. — Velho idiota!
Percebeu a raiva, a dor e a revolta em seu tom de voz. Não seria fácil para ela ler seja lá qual fosse o conteúdo deixado.
— Você quer que eu continue?
— Sim, por favor.
Lia voltou para a carta e leu tudo sem mais interrupções:
"Flor-de-Lis
Se você estiver lendo esta carta, quer dizer que eu não fui forte o suficiente para resistir a toda a dor e toda a escuridão que vem me consumindo durante tanto tempo. Estes últimos anos não foram nada fáceis e sei que venho conseguindo me manter são pelo amor que tenho a você. Sei que é apenas a minha criança, o meu bebê inocente e por isso eu não quero que leia isto tão cedo em sua vida.
Estou escrevendo essas coisas com minha última gota restante de sanidade. Essa dor não passa nunca. Tudo o que aconteceu, toda a nossa perda inestimável, enfim, tudo me abalou muito mais do que eu gostaria de admitir. Eu juro que tenho tentado, mas não estou conseguindo. Me sinto fraco, envergonhado por desistir de tudo, principalmente de você, o resto nada mais me importa. Por favor, do fundo do meu coração, me perdoe!
Sei que o que estou prestes a fazer não tem desculpas ou qualquer justificativa explicável. O meu amor por você, minha filha tão adorada, é muito grande, mas a dor que sinto e esses sentimentos obscuros me dominam fortemente. Sempre que acho que estou bem, essas paranoias surgem em minha mente e está ficando cada vez mais difícil de controlar isto.
Eu deveria ter ido para aquela reunião no lugar dela. Eu! Fico pensando nas coisas que eu poderia ter feito para evitar isso e não consegui. Não consegui proteger a vida dos dois. Nada no mundo irá superar a culpa que venho carregando desde então.
Juro que não quero te machucar, mas esta dor precisa ser parada e só consigo ver um jeito, uma saída para isso. Talvez você possa me entender um dia talvez. Você sabe do amor enorme que eu sempre senti pela sua mãe e perde-la junto de nosso garoto me abalou demais.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Nossa canção inesperada (Romance Lésbico)
RomanceLiana é uma garota de gênio forte e certinha, que ainda está descobrindo a si mesma. Ela procura experiências novas para sua vida pacata. Já Lisandra, além de ser muito talentosa é uma garota misteriosa e quente que vai tirar Lia do chão com uma pa...