Pov Liz
Liz acordou por voltas das dez horas da manhã com seu celular tocando insistentemente. Xingou mentalmente aquele ruído desgraçado e tateou pela cômoda procurando-o. Estava com uma dor de cabeça enorme pela bebida da noite passada. Sabia que só poderia ser a sua tia Luísa novamente, insistindo em sua presença. Iria atender dessa vez, aquela insistência toda já estava a preocupando.
O dia havia começado tão bem junto de sua irritadinha, ainda estava numa boa, deitada em seus lençóis e sentindo aquele cheirinho suave que só ela tinha e a fazia relaxar. Sabia que toda a calma estava prestes a ser arruinada, logo quando achava que dessa vez poderia ser diferente. Suspirando, atendeu o telefone finalmente:
- Oi, tia. - A voz ainda estava grogue de sono.
- Bebendo já a essa hora? - Disse ela com a voz severa e implicante de sempre.
- Eu estava dormindo na verdade. - Respondeu pacientemente. - O que foi? Se for aquele mesmo assunto eu já falei. Não vou. Vou ficar aqui e acabou o ass...
- Eu não queria mesmo falar isso assim por telefone. - interrompeu-a firme e cuidadosamente. - Mas você não me deu escolha Lisandra. Eu tenha uma carta importante para entregar a você. Do seu pai.
Seu coração apertou e depois disparou angustiado. Como assim carta? Que porra toda era aquela? Sentou-se na cama rapidamente, aprumando-se.
- Que tipo de idiotice é essa que a senhora está falando? - cuspiu as palavras raivosamente. - Não é justo fazer joguinhos para me fazer ir até aí.
- Olhe bem como fala comigo senhorita marrenta e dona do mundo. - repreendeu-a em tom severo, mas logo em seguida falou de forma mais amena. - Eu jamais brincaria com isso. Por isso eu não queria falar nada por telefone. É delicado. Preciso que venha até aqui.
- Que assunto de carta é esse? - perguntou temerosa e sentiu as mãos tremerem com um nervosismo súbito. - Como assim meu pai deixou?
- Sim, ele deixou antes de morrer. Explico tudo aqui na minha casa e pessoalmente. Estou enviando um jatinho para lhe buscar e não me faça ir até aí, eu falo sério.
Liz parecia ter levado um soco no estômago e o ar faltou em seus pulmões com a ansiedade forte que lhe tomou. Começou a respirar pesadamente, seus olhos arderam e tentou conter a voz de choro. Sentia a culpa lhe consumir novamente. Já se passara seis anos, mas a intensidade era sempre a mesma.
- O que está acontecendo?
- Liz, por favor, apenas venha para perto de mim. - Luísa já tinha a voz chorosa ao percebê-la frágil. - Vamos passar por isso juntas. Só venha. O avião chega em duas horas. Vá até o aeroporto.
- Não se preocupe, já estou fodida o suficiente e sozinha. - Declarou com mágoa.
- Você não está sozinha, tem a mim. Sempre teve.
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Nossa canção inesperada (Romance Lésbico)
RomanceLiana é uma garota de gênio forte e certinha, que ainda está descobrindo a si mesma. Ela procura experiências novas para sua vida pacata. Já Lisandra, além de ser muito talentosa é uma garota misteriosa e quente que vai tirar Lia do chão com uma pa...