Inferméxico

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- Débora, vá buscar suas malas. Leve apenas o necessário, mandarei o resto depois - meu pai disse rudemente, logo após eu ter acabado de tomar café da manhã. Ele estava sentado com o corpo rígido no sofá, a alguns metros de distância da mesa da cozinha, me lançando um olhar desinteressado. Ricardo Koch sempre fora um homem indiferente. Seus dois casamentos realizados fracassaram. Seu dinheiro sempre serviu como substituição ao amor que nunca foi capaz de dar.

- É lá no México que costuma dispensar as pessoas quando lhe convém? - olhei para ele, provocando-o. Embora minhas palavras talvez demonstrassem um pouco de pena para com a Jasmine, ex-esposa do meu pai, eu não a suportava. Ela nunca aceitou o fim do casamento, flertando incansavelmente com ele toda vez que levava minha irmãzinha mais velha para ver o "melhor papai do mundo".

- Não vou discutir - respondeu, manuseando o celular. Ele quase nunca parava. Mas nem sempre era por ocupação em razão de ser um empresário, mas sim pela falta de interesse e consideração por mim e pela mamãe.

- Minha mãe fez bem em fugir - disparei, o olhando de cima para baixo- você é um mostro.

- Sua mãe fugiu porque é uma mal-agradecida -   Ricardo respondeu, em um tom acusador, juntamente com uma expressão de puro ódio. Ele não é mais "pai", apenas "Ricardo".

Abri a boca para defender a minha mãe, que também estava considerando não chamar mais de "mãe", mas sim apenas de "Jennifer". Ela fugiu a dois meses atrás, sem deixar nenhum rastro (não que Ricardo tenha tentado achar ela), sem nem deixar uma carta para mim. Claro que imaginava o motivo, afinal ser casada com um homem calculista deveria ser pior que ser a filha dele.

Resumindo, ela era menos pior que Ricardo, mas não era certa. Nenhum dos dois se importam de verdade comigo, principalmente o segundo. Nunca alguém me colocou na cama, contou histórias para eu dormir. Sempre fui eu quem teve que se virar sozinha.

Subi as escadas da mansão, com os olhos lacrimejados. O que mais deveria me amar está me mandando para o México, para junto de sua ex-mulher e sua filha mais velha, onde eu serei a pessoa mais infeliz do mundo por um tempo indeterminado.

Depois que levei 1 mala de mão e outra de rodas para baixo, Ricardo as colocou na mala do carro, sem nem sequer falar uma única palavra. Seus olhos se manteram fixos no caminho até o aeroporto por todo o tempo, olhando nos meu olhos apenas para dizer "boa viagem".
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O caminho de avião até o México foi até agradável, dormi o voo inteiro, as 04:00 seguidas. Quando cheguei lá, peguei de volta minha mala que tinha sido despachada. A alguns metros de distância, Jasmine estava me esperando no aeroporto com a cara habitual de sonsa, juntamente com a fingida da Sophie. Eles deviam estar achando irônico eu estar sendo jogada no mesmo país que elas.

- Oi, Débora - Jasmine me abraçou, criando em mim uma repulsa quase automática - senti saudades!

- Oi - dei um sorrisinho amarelo, claramente forçado - Olá - olhei para Sophie, apenas para não ser mal-educada.

- Oi! - a filha também me abraçou, mais forte que a mãe.

Ficamos nos olhando por cerca de cinco minutos, meu corpo rígido e prestes a ser atacada. Ou atacar. Jasmine aparentemente queria ser gentil, mas eu gostaria que ela me deixasse em paz. Na verdade, tudo o que eu queria naquele momento era acordar no meu quarto e perceber que tudo aquilo não tinha passado de um sonho muito, muito ruim.

- Então... - Jasmine tocou em mim - vamos para nossa casa.

- Para a sua casa - a corrigi- não finja que gosta que eu esteja aqui, por favor. Eu não gostaria.

- Débora - Sophie me segurou pelos ombros - você está passando por uma fase difícil no momento. Nós fazemos questão que fique conosco.

- Eu não vou fazer chilique nem explicar certas coisas - respondi com frieza, espremendo os olhos - não ousem vim com conversas melosas para perto de mim.

A meia-irmã [ * EM REVISÃO * ]Onde histórias criam vida. Descubra agora