Sugestão

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Acho que uma pessoa, depois de passar por uma série de desgraças, passa a nem se importar quando mais uma bate em sua porta. Afinal, a escola inteira saber da minha gravidez era o mínimo que poderia acontecer em minha vida. Não que estivesse completamente indiferente ao fato que em apenas 10 dias eu teria uma rotina completamente diferente da que estava tendo...é só que já me machuquei tanto, que nem parece doer mais.

Agora, faltando apenas 10 dias para o segundo semestre, tudo o que queria era esvair essas confusões que rondavam em minha cabeça (que haviam se intensificado com a visita "agradável" de Ricardo) e começar a planejar a minha nova rotina. Afinal, agora estava grávida, morando com o Joel e destinada a sofrer perseguição na escola. Nada demais.

Depois que Bárbara foi embora, levando consigo toda a maldade do mundo, meus amigos ficaram me olhando com olhares arregalados, como se esperassem que eu saísse correndo e chorando, imitando a última vez. Mas permaneci imóvel, como se nada tivesse acontecido, tentando não me sensibilizar muito com o abraço apertado de Sophie. Eu estava assustada? Sem dúvida. Queria bater em Bárbara até ela virar pó? Óbvio. Mas já estava cansada de fugir de tudo.

- Me desculpe - Chris segurou na minha mão, quase sussurrando, com cara de arrependimento.

- Não adianta falar baixo agora, Chris - falei, tentando manter a calma, mas sentindo um calor subir pela minha testa - de qualquer maneira, tudo bem. Ela iria mesmo descobrir em algum momento, você só adiantou.

- Cara, que clima pesado subiu - Erick comentou, apontando com o dedo para onde Bárbara estava sentada - bem que Esther falou que essa menina é perigosa.

- Sempre foi - comentei, pensando alto, ao mesmo tempo que massageava com os dedos as minhas têmporas.Minha cabeça tinha começado a doer.

- Débora...sabe que não precisa ficar indo para a escola, não é? - Richard falou, olhando para todos - você pode estudar em casa e ir só fazer as provas. Todos nós somos bons em alguma matéria e poderíamos te ajudar.

- E continuar fugindo? - perguntei, sentindo minha consciência doer por considerar excelente a ideia dele - não tenho medo de Bárbara nem de ninguém daquela escola.

- Se trata de se resguardar - Joel colocou a sua mão em cima da minha - não pode ficar se estressando, Débora.

- E as chacotas só piorariam à medida que sua barriga crescesse - Erick completou. Ele sempre era a pessoa que falava todas as verdades, incluindo as que não precisavam ser ditas.

- Vou pensar - grunhi, tentando mudar de assunto - vocês têm remédio para dor de cabeça?

- Não sabemos quais você pode tomar - Joel falou baixo, me tirando dos braços de Sophie e me puxando para os dele.

- Ei! - Sophie reclamou, mas se acalmou quando seus braços foram ocupados pelo abraço de Chris, acompanhado de um beijo.

- Deveriam já ter marcado um médico para ela - Chris opinou, finalmente com o tom de voz mais baixo - obstetra, acho.

- Eu marquei - Joel respondeu, atraindo meu olhar de surpresa. Ele não havia me falado nada - para a próxima semana. Me desculpe Deh, esqueci de falar.

Joel esquecendo de falar alguma coisa? Quero novidades.

- Mas que nome pretendem dar ao bebê? - Chris soltou uma risada, tentando aliviar um pouco a situação. Se não o conhecesse, poderia dizer que era cinismo.

- Nunca pensei sobre isso - respondi, me dando conta que não havia tocado no meu  Milk-shake. Saboreei um pouco, deixando o sabor maravilhoso de chocolate me relaxar.

- Eu pensei... - Joel tirou um pelo do moletom preto que estava usando, parecendo um pouco chateado com a minha resposta - se for menina, poderia ser o nome da minha bisavó falecida, Ayla. Acho um nome bonito, além do fato de que ela era maravilhosa.

- E se for menino? - Sophie ficou curiosa.

- Gosto do nome Noah - respondi, percebendo que Joel não tinha resposta para essa pergunta.

- Amei os nomes - Sophie sorriu - tenho certeza que serão ótimos pais.

A meia-irmã [ * EM REVISÃO * ]Onde histórias criam vida. Descubra agora