Estava estudando cada vez mais para Matemática, fosse na biblioteca da escola, em casa ou com o Joel. Toda segunda e quarta eu estava indo na casa dele, para ele me explicar e me ensinar mais sobre a matéria.
Mas foi naquela noite de terça-feira em que tudo mudou. Era como se não valesse mais a pena continuar.
Era a minha mãe. Ela havia me mandado mensagem, coisa que eu já havia cansado de fazer, até porque ela nunca respondia. Agora, depois de ter apagado minha conversa com ela e finalmente começado a superar, ela me manda essas palavras. Aquilo, mais do que qualquer coisa que poderia ter acontecido, me causou uma dor inexplicável no peito, uma tristeza é uma angústia inenarrável. Será que ninguém me queria, então? Eu era tão ruim assim a ponto da minha própria mãe lamentar o meu nascimento?
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Acordei de manhã com Jasmine me chamando para ir para a escola, afirmando que eu já estava atrasada. Depois de uns segundos, ela percebeu que algo estava errado.
- Você estava chorando? - perguntou.
Não respondi, apenas virei minha cabeça para o outro lado, enterrando minha cabeça no travesseiro.
- Não vou para a escola hoje, Jasmine.
- Mas...
- Não vou - alterei a voz, abaixando-a depois. Estava com muito medo que ela ficasse com raiva de mim e me expulsasse de casa. Afinal, ninguém faria mesmo questão por mim se isso acontecesse - por favor.
Ela apenas concordou com a cabeça e saiu do quarto, me deixando perdida em meus próprios pensamentos. Por mais que eu me esforçasse em dormir novamente, não conseguiria. Provavelmente, só dormi na noite anterior porque meus olhos já estavam inchados de tanto chorar.
Resolvi apenas desenhar um pouco, enquanto pensava em todas as minhas decepções, em quanto era tão desprovida de amor e pessoas que realmente gostassem de mim. Embora eu soubesse que Jennifer provavelmente estava bêbada ontem, é comprovado cientificamente que pessoas nessa situação falam o que realmente pensam.
Acabei passando a manhã inteira com meus pensamentos nas nuvens, com meus próprios botões.
- Deh? - Sophie chamou, do lado de fora do quarto - soube que você não foi à escola hoje. Está tudo bem?
- Nada de novo - respondi.
- Bem... os meninos querem te ver. E eu também. Pode sair daí?
- Sinto muito, mas vocês vão ter que conter o desejo. Não estou com um pingo de cabeça para conversar hoje. Não quero ver ninguém.
- Nem mesmo o Joel?
O Joel. Não queria ele me olhando com dó, já bastava a pena que eu sentia de mim mesma.
- Ele está incluído na palavra "ninguém". Por favor, não insista.
Ouvi Sophie suspirar e sair de frente à minha porta, descendo as escadas. Suspirei, aliviada. Mas logo passou, quando ouvi passos subindo a escada.
- Débora? - ouvi a voz do Joel.
- Vai embora.
- Não vou. Eu preciso ver você, saber como está.
Passei uns segundos em silêncio.
- Por favor - ele pediu.
Me levantei, abrindo a porta. Joel pareceu bastante preocupado ao meus olhos inchados, meus cabelos assanhados e meu pijama folgado que eu ainda não havia tirado.
- O que você quer, Joel? - perguntei, um pouco com raiva.
- Queria ver como você está.
- Não acredito. Por que se importa? Meus pais não se importam comigo, não queriam nem que eu tivesse nascido, estou jogada e largada em outro país e de repente um estranho aparece dizendo que está preocupado demais pra me deixar no quarto.
As minhas palavras pareceram ter atingido Joel, que mostrou em sua expressão que tinha inúmeras perguntas e uma mágoa.
- É isso que sou para você? Um estranho?
Abri a boca para tentar falar algo, mas tudo o que saiu foram as lágrimas dos meus olhos. Não queria ter dito aquilo. Mas eu disse. Joel percebeu que havia me arrependido, mas não esperei que ele fizesse nada. Apenas fechei minha porta.
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A meia-irmã [ * EM REVISÃO * ]
RomansaFilha de um empresário rico, Débora Koch é mandada para o México. Será que a fuga de sua mãe serviria como uma ajuda ao destino ou para o seu declínio emocional? [PLÁGIO É CRIME! ART.184 do Código Penal]