- Débora - ouço Jasmine bater na porta, na hora habitual que ela chegava do trabalho. Já era de noite.
Suspirei. Só queria um dia em paz, sem que ninguém me incomodasse.
- Posso entrar?
Era o jeito. Tinha que fingir que estava tudo bem.
- Pode - respondi, com uma sensação desagradável no peito.
- Você está melhor?
- Nunca estive mal.
- Sabe que isso não é verdade - me olhou, preocupada.
Não quis responder nada.
- A mãe de Joel me telefonou. Disse que o filho contou para ela que você estava mal com por causa dos seus pais. Eles estavam bastante preocupados.
Continuei sem pronunciar nem sequer uma palavra.
- Eu marquei uma psicóloga para você ir. Vai começar depois de amanhã, no sábado, às 08:00 da manhã. Na realidade eu marquei uma consulta para amanhã também, mas sou eu quem vai falar sobre você antes.
- Tudo bem - finalmente consegui olhar nos olhos dela.
- Já devia ter imaginado que precisava, tendo em visto as coisas que estão acontecendo na sua vida - ela começou a se retirar do quarto, hesitando por um instante - quero que saiba que, pode conversar comigo também, Débora. Queria que refletisse que não teria feito nem um pouco do que fiz por você se não me importasse.
Fiquei um pouco pensativa. Era verdade. Embora esse tenha sido o pior dia, talvez houvesse uma solução.
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Chegou o dia da psicóloga. Logo me arrumei e saí de casa, acompanhada de Jasmine. O lugar ficava perto da casa, para minha alegria. Estava tão desanimada que não fazia nem questão de andar, tanto é que faltei a escola outra vez.
O local onde a psicóloga atendia era bem simples. Se tratava de uma das salas de uma galeria, que havia sido dividida por uma parede, tendo como entrada e saída uma porta. Metade ficava sua secretária e alguns sofás para os pacientes ou responsáveis se sentarem, enquanto a outra metade era a o consultório.
- Pode entrar - a secretária me avisou, com um sorriso.
- Vou te esperar aqui, sentada - Jasmine avisou. Acenei positivamente com a cabeça.
Entrei na sala, um pouco nervosa sobre o que a psicóloga iria falar. Eu nunca havia ido para uma, meus pais não se importaram o suficiente com minha saúde mental para isso.
- Olá, Débora - a psicóloga me cumprimentou, já sentada em uma cadeira. Era uma mulher simpática, de aproximadamente 30 anos e era muito bonita - pode se sentar - ela fez um gesto com a mão, indicando outra cadeira na frente da dela.
- Oi - dei um sorriso forçado, me sentando - qual é o nome da senhora?
- Raquel.
- Bem - ela começou - ontem sua responsável veio ontem, me contou desde sobre o momento que está passando até os detalhes mais simples.
Concordei com a cabeça.
- Então, como foi seu dia hoje?
- Não muito bom. Desde de antes de ontem.
- Por quê?
- Bem, para começar. Eu fui criada minha vida inteira por pessoas que não me amavam. Fui enganada e iludida por 17 anos. No fim, minha mãe fugiu e meu pai me mandou para cá - meus olhos já estavam lacrimejando - mas eu estava superando. Por fim, a minha mãe me mandou mensagens antes de ontem me lembrando o quanto eu nunca fui desejada.
- O que ela falou? - Raquel quis saber.
Mostrei meu celular para ela, que me olhou com um pouco de pena, embora tentasse incansavelmente disfarçar.
- Pra começar, inspire fundo, segure por alguns segundos e depois solte devagar - ela instruiu, tentando fazer com que eu parasse minha cara de choro - vai lhe deixar mais calma.
Fiz o que ela mandou.
- Nós vamos trabalhar para fazê- la se sentir melhor de diversas formas, mas você também precisa cooperar consigo mesma. A forma principal é expressando seus sentimentos de alguma forma, seja por desenhos, atividades físicas e conversas, como estamos tendo no momento. Apenas não deixe afetar você, as pessoas e as situações ao seu redor.
- Já afetou - disse, começando a sentir vontade de chorar novamente, logo quando estava começando a me recuperar.
Contei do Joel para ela, como nos conhecemos e como nos tornamos amigos. Também contei a forma como estraguei tudo entre nós.
- Esse rapaz parece gostar muito de você - ela comentou - ouso dizer até que não é apenas como uma simples amiga.
- Está dizendo que ele gosta de mim? Bem, se gostava, provavelmente não gosta mais.
- Sua responsável falou sobre ele. Não foi a mãe dele que falou com ela sobre seu estado? Foi ele que contribuiu - ela concluiu - quem gosta de verdade, cuida.
Quando acabou a sessão, já me sentia muito melhor. Estava mais revigorada, mais confiante (afinal a médica já havia conversado comigo e já estava aplicando métodos de superação), embora não estivesse 100% melhor. Decidi também me desculpar para o Joel naquele mesmo dia.
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A meia-irmã [ * EM REVISÃO * ]
RomanceFilha de um empresário rico, Débora Koch é mandada para o México. Será que a fuga de sua mãe serviria como uma ajuda ao destino ou para o seu declínio emocional? [PLÁGIO É CRIME! ART.184 do Código Penal]