- Sempre tive medo que você cometesse o mesmo erro da sua mãe e eu - meu pai me olhou, seriamente.
Minha mãe engravidou de mim quando tinha 19 anos, enquanto meu pai tinha 20. Eu e Débora somos apenas 1 ano mais novos que eles se tornaram meus pais. Sempre os julguei, pensando que nunca me tornaria pai antes do 30...mas meus pensamentos se viraram contra mim.
- Eu sei, pai - disse, olhando para o chão. Estava envergonhado demais naquele momento para olhar nos olhos dele - mas eu não posso deixar a Débora sozinha nesse momento.
- Não deve - ele concordou, ainda não tirando os olhos de mim - mas estou preocupado com você, Joel. Gostaria que pelo menos tivesse terminado sua faculdade.
- Eu não quis decepcionar vocês - meu rosto queimava, por causa do olhar fixo dele - eu amo a Débora.
- Tomara que ame mesmo - ele pareceu estar ficando irritado - porque as coisas vão ser mais difíceis para você, Joel. Vai ter que arrumar um emprego, porque eu e sua mãe só vamos lhe ajudar se você realmente precisar. Não é uma punição, mas deve aprender a lidar com as consequências das suas escolhas.
- Não precisa ser tão duro com ele - minha mãe falou, sentada no sofá da sala, que não era muito longe . Eu e meu pai estávamos na varanda, onde ele me chamou justamente para ter uma conversa privada. Mas minha mãe mesmo assim se encarregou de escutar disfarçadamente.
- Patrícia, vamos ser avós! - meu pai rebateu, a olhando, perplexo - e ele pai! Tem de começar a agir como um.
- Ele tem razão, mãe - falei, antes que isso se transformasse em um motivo de discussão entre os dois. Tudo o que eu menos precisava era atrapalhar a relação entre meus pais. Eles eram felizes, mesmo que convivessem a anos juntos. Queria ter um casamento igual com a Débora- e eu já tinha decidido mesmo arrumar um emprego, pai. Não se preocupem.
- Me orgulho muito de você, filho - meu pai se acalmou, ao ver que eu estava aceitando as lições dele - não vou dizer que gosto de saber que vai ser pai com essa idade...mas sei que vai fazer o seu melhor.
- Não seria melhor se a Débora viesse morar aqui? - minha mãe perguntou, mudando completamente de assunto - para ficar perto do Joel.
Meu pai abriu a boca para dar uma resposta provavelmente negativa à pergunta, porém na mesma hora um telefone tocou, fazendo minha mãe correr para atender. Era Jasmine, contando sobre a gravidez da minha namorada, como se eu já não tivesse contado.
Enquanto ela conversava com Jasmine e ficava cada vez mais nervosa, meu pai me deixava cada vez mais apreensivo, por me descrever o quanto ter uma namorada/esposa grávida era difícil, tendo em vista os hormônios. Ele disse que provavelmente ela ficaria mais rebelde do que é.
Misericórdia. A minha Débora ainda mais rebelde?
- Disse para a Jasmine que queria que a Débora morasse conosco - minha mãe falou, deixando meu pai com os olhos arregalados. Com certeza não gostava da ideia...
- Mas - ele começou, mas ela o interrompeu.
- Thomas, não adianta discutir. Gosto muito da namorada do Joel. E além do mais, ela é um pouco problemática sentimentalmente, por ser muito carente de atenção e cuidados - minha mãe o encarou, demonstrando que estava irritada. Nem precisava daquele olhar, porque o simples fato dela ter chamado meu pai de "Thomas" e não de "Tom" já deixava isso claro - e eu vou ajudar a cuidar dela, pois gostaria de ter tido o mesmo apoio.
Obrigado, mãe.
- Quanto a você - ela transferiu o olhar do meu pai para mim, me dando calafrios - deveria ter sido mais responsável e pelo menos ter usado preservativos. Não gostei de saber que meu filho de 19 anos vai ser pai.
Eu sabia que estavam certos, por isso meu coração doía. E pensar que a Débora também se prejudicaria só aumentava a angústia crescente.
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A meia-irmã [ * EM REVISÃO * ]
RomanceFilha de um empresário rico, Débora Koch é mandada para o México. Será que a fuga de sua mãe serviria como uma ajuda ao destino ou para o seu declínio emocional? [PLÁGIO É CRIME! ART.184 do Código Penal]