Relato do Joel part.3

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Finalmente consegui apresentar o meu trabalho da faculdade, que felizmente consegui tirar a nota máxima. Embora na maior parte do tempo eu só pensasse nos problemas que estavam por vir, sabia que precisava aproveitar o máximo de tempo possível. Felizmente o meu empenho teve bons resultados, porque meu professor veio me elogiar e dizer que eu tinha um futuro promissor. Também me perguntou se eu queria começar a ser o estagiário dele, quando voltasse as aulas, em agosto.

Quase me ajoelhei e agradeci a Deus por ter me aparecido um estágio. Era uma ótima oportunidade de aprendizado. O dinheiro que eu ganharia era bom, muito melhor do que o salário como funcionário da biblioteca, que era o emprego que eu pretendia procurar. Por isso, aceitei a oportunidade na hora, o que deixou Carlos, meu professor, muito satisfeito. Ele disse que meu estágio seria das 16:00 às 19:00.

Saí da sala de aula radiante, mas não era porque era o último dia de junho, mas sim porque agora eu tinha meios de sustentar minha família quando meu filho nascesse. E talvez isso animasse um pouco a Débora também. Ela estava andando muito pálida, triste e sem fome, me deixando muito preocupado. Percebia ela cada vez mais distante, como se estivesse em outro mundo, outra dimensão. Ou talvez quisesse estar. E dava uma desculpa nova toda semana para não ir morar com minha família, por mais que soubesse que isso faria bem para nós. Ela estava ficando doente.

Lembrar da situação da Débora me tirou do topo da montanha e me jogou para o fundo do poço. Tudo o que eu mais queria na vida era colocar ela no colo e a beijar, dizer que ficaria tudo bem...que superaríamos tudo juntos. Mas toda vez que eu tocava no assunto do bebê e dizia que iríamos nos tornar uma família, ela ficava ainda mais triste, como se não acreditasse em uma palavra do que eu dizia.

- Que cara de muriçoca eletricutada é essa? - Chris me empurrou, me lançando para o lado. Porque ele tinha sempre que me comparar com algum animal? E por que ele sempre tinha que me dar um empurrão quando saía da sala dele e me encontrava no corredor da faculdade?

- Hahah - fingi estar rindo, dando um cascudo nele - muito engraçado.

- Ei...mas falando sério mesmo - Chris chegou perto de mim, falando baixinho, como se fosse contar um segredo - o que está acontecendo com você? E com a Débora? Os dois mudaram assim do nada, estão tristes e pensativos o tempo todo.

- É um assunto complicado... - dei a mesma desculpa que dei as outras 3 vezes que ele perguntou a mesma coisa, porém sempre acabo deixando o assunto para outra hora. E nunca falo.

- Sim, você já me falou isso 1728837 vezes - ele revirou os olhos - agora eu quero entender o assunto. Eu conheço você, Joel. Praticamente nos conhecemos desde que éramos um feto. Sabe que pode contar comigo para tudo.

- Promete não contar para ninguém? - cedi, disposto a contar o segredo para ele. Talvez tirasse um pouco do peso das minhas costas.

- Não, imagina - ele me deu um soco no braço, brincando - vou gritar para a faculdade toda ouvir.

- A Débora - ignorei o sarcasmo dele - ela está...

- Oi - Erick surgiu do meu lado, me assustando e fazendo Chris ficar impaciente por eu não ter concluído a frase - calma mano, se tremeu todo por quê? Achei que seu coração era da Débora...e sou quase comprometido.

Nas últimas semanas, o Erick tem se tornado cada vez mais próximo de uma das amigas da Débora, a Esther. Parece que a Valentina permitiu sem recentimentos que a amiga conversasse com ele e virasse sua amiga. Mas acontece que o Erick tinha intenções bem mais avançadas do que a amizade...

- É que sua presença tem uma vibração boa - brinquei, tentando disfarçar o fato de eu realmente ter ficado assustado. A gravidez não poderia se tornar um fato público, pois temia que minha namorada pudesse ficar pior. Não que eu não confiasse nos meus outros amigos...porém, não podia arriscar. Aquilo ainda era muito particular.

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Bati na porta da Débora, disposto a contar a novidade para ela. Tinha ficado mais esperançoso que ela estava se conformando com o bebê, pois Sophie me disse baixinho que ela estava com a aparência mais alegre quando foi para a escola de manhã. Também achava que o fato de a escola terem liberado o ensino fundamental e o médio mais cedo por ser o último dia de aula poderia ter contribuído mais ainda para seu bom humor.

- Pode entrar - ela respondeu. Não consegui pelo decifrar o tom da sua voz se ela estava feliz ou triste, mas com certeza estava melhor do que antes.

- Oi... - entrei, fechando a porta.

Débora estava em cima da cama, sentada e com os fones no ouvido. Seus cabelos estavam soltos, combinando com suas bochechas rosadas. Imediatamente uma onda de alegria atravessou meu peito...ela estava feliz, com uma aparência saudável. Pela primeira vez desde que fizemos a descoberta.

- Oi - ela deu um sorriso pequeno, mas foi o suficiente para incentivar a me aproximar e sentar do lado dela na cama.

Passei a mão na barriga dela, fazendo carinho. Sempre fazia isso, para que ela visse que eu a apoiava e para que o bebê percebesse que ele era amado...é impressionante o quanto eu já estava apegado ao nosso filho.

- Oi... - falei, me aproximando ainda mais e dando um beijo na barriga dela.

- Joel - ela se distanciou um pouco, não conseguindo disfarçar que estava incomodada com aquela situação - ele nem pode te escutar ainda.

- Eu sei... - passei a mão no rosto dela. Débora estava cada vez mais linda e eu cada vez mais apaixonado. Não tinha dúvidas que era a mulher que eu queria passar o resto da vida.

Minha namorada me abraçou, apoiando a cabeça no meu peito. Ela estava mais calma, mas carinhosa.

- Fico feliz por você estar mais feliz hoje - comentei, pensando alto.

- Claro... férias. E a Isa vem passar as férias aqui - ela respondeu, com a voz abafada por estar com o rosto enterrado no meu abraço - e também vou ter tempo de pensar em como esconder a barriga.

Fiquei um pouco decepcionado com a resposta. Por mais que eu ficasse feliz por ela estar mais alegre, gostaria que em algum momento ela mostrasse que tinha algum afeto pelo bebê ou até mesmo que estava mais conformada. Em nenhum momento ela havia nem sequer passado a mão na barriga. Sabia que era exigir demais que ela ficasse feliz por estar naquela situação, porém acho que meu desespero para que ela a aceitasse era explicado por meu medo de que desenvolvesse alguma depressão.
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Gente...resolvi fazer outro capítulo do Joel, porque acho que falei demais como a Débora se sente, porém deixei o lado do Joel esquecido...tomara que tenham gostado!

A meia-irmã [ * EM REVISÃO * ]Onde histórias criam vida. Descubra agora