Ariana
Jon me levou até o mesmo lugar onde levei o Shawn ontem. Nós dois temos muita história nesse riacho, porque sempre quando eu sentia falta da minha mãe, eu corria pra cá e ele vinha atrás de mim. Brincávamos muito quando éramos crianças, mas quando crescemos os deveres reais nos afastaram e cada um foi para o seu lado. Contudo, me contento com as visitas inusitadas dele as vezes como essa.
— Lembra quando tomamos banho aqui? –mencionei o riacho.– Tínhamos uns 10 anos.
Ele sorriu.
— Como se fosse ontem. Você toda nojentinha com medo de ter algum bicho na água ou de ela estar gelada. –disse se aproximando de mim. Estávamos pouco afastados da margem.
Olhei para ele incrédula.
— Aí você veio e me empurrou. Ridiculo isso, e se eu não soubesse nadar????
— Mas sabia.
— Mas e se não soubesse??????
— Aí eu estaria aqui para te salvar. –ele sussurrou ao meu ouvido e logo se afastou, me deixando sozinha com o arrepio que percorreu meu corpo.
A voz de Jon era uma voz gostosa de ouvir. Rouca, máscula. Por isso o arrepio. Me virei, desfazendo a possível cara de boba, e voltei a olhar para ele, caminhando em sua direção. Ele se sentou em uma toalha de mesa no chão, tinha um cesto com algumas coisas de café da manhã e umas flores. Mas as flores eram enfeite.
— Vem cá. –ele me chamou com um gesto e eu fui até ele, me sentando ao seu lado.
Senti o braço dele envolver a minha cintura, me levando para mais perto, e eu deixei, sorrindo discretamente.– Nós temos bolo, algumas frutas, pães e suco. Queria tirar você da sua rotina um pouquinho e te curtir sozinha, já que agora está sempre com suas empregadas ou rodeada pela família real canadense.Senti um tom de deboche na última parte. Mas era verdade.
— Eu precisava mesmo dispersar um pouco, toda essa coisa de casamento está me deixando louca e eu nem comecei a organizá-lo. –suspirei.
— Vai ajudar a escolher florzinhas e pratinhos? –ele ironizou, me fazendo revirar os olhos e dar um soquinho em seu braço. Ele riu.
— Você sabe que eu não sou esse tipo de mulher. Vou deixar isso com Hedwig. –falei me esticando para pegar um pedaço do bolo, e, assim que peguei, me virei para Jon e coloquei uma das minhas mãos na linha de seu maxilar, deixando uma breve carícia.– Obrigada.
Ele olhou em meus olhos e sorriu apenas assentindo com a cabeça e roubando rapidamente uma mordida do meu bolo.
— EI!!!! –soltei seu rosto e lhe dei outro tapa.– Vai pegar a sua comida, bocó.
E assim ficamos por um tempo. Rindo, colocando a conversa em dia, roubando a comida um do outro. É bom ter um amigo de vez em quando.
— Lembra quando tínhamos 6 anos e eu pedi você em namoro te dando uma rosa? –Jon falou terminando de comer e se levantando, enquanto batia uma mão na outra para tirar os farelos.
— Vagamente. Me lembro de você estar nervoso. –sorri.
— É, falar com mulheres naquela época não era o meu forte. –me fez revirar os olhos, eu sei que ele vive cheio de mulheres em volta hoje em dia.– Não revira os olhos assim, só porque agora eu sou requisitado.
— Vai direto ao ponto, por favor. –vociferei.
Ele riu.
— Então.. –Jon estendeu uma das mãos para mim e eu a peguei, me levantando.– Já faz um tempo que eu venho pensando nisso, Ari, e somos melhores amigos já faz muito tempo. As vezes, mesmo em meio à todas aquelas mulheres, eu me pego pensando em você, em tudo que a gente já passou e fico contando os minutos pra quando vou poder vir te ver de novo.
Caralho.
— Eu sei que demorei desde os 6 anos, mas Ari.. –ele se ajoelhou segurando uma das minhas mãos e segurando uma rosa com a mão livre.– Seja minha.
CARALHO.
— Namora comigo? –ele disse olhando em meus olhos.
Eu não sabia o que fazer. Fiquei simplesmente paralisada apenas olhando nos olhos caramelados do homem ajoelhado em minha frente. Senti meu corpo tremer e começar a suar frio, e meu coração tropeçar por um segundo. Foi um pedido tão sincero.
Durante a minha adolescência eu tive uma queda forte pelo Jon e eu tenho certeza de que ele sabia disso, mas nunca tive coragem de admitir isso pra ele, e com o passar do tempo eu consegui controlar. Principalmente quando completei meus 16 anos.
Jon sempre foi encantador aos meus olhos e Hedwig sempre dizia que se eu tinha sentimentos, eu deveria investir neles, mas não é como se uma princesa pudesse escolher seu príncipe. Quando tínhamos 6 anos e ele me pediu em namoro, o que eu consegui fazer foi dar um chute nele, roubar a rosa e sair correndo pelo castelo, então no calor do momento foi o que eu fiz.— ARIANA!!!! –ele gritou com as mãos na canela e começou a rir.– EU NÃO ACREDITO NISSO!!!!
Eu não sabia o que fazer então só corri, mas quando ouvi ele gritar, comecei a rir também e percebi ele se levantando e correndo atrás de mim. E toda aquela ansiedade de instantes atrás evaporou.
Quando vi que ele estava chegando perto, tentei correr mais, mas foi em vão porque senti ele me empurrar contra uma árvore logo à frente. Não foi com força então não me machuquei.
Olhei pra ele ofegante e ainda rindo, ele estava igual, e conforme iamos nos acalmando e acalmando as nossas respirações, ele colocou uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha. Olhei pra baixo, mais precisamente para a rosa em minhas mãos, um pouco envergonhada e logo subi o olhar. Jon beijou o canto dos meus lábios e voltou a olhar para mim com seu rosto próximo.— Foi sério.. O pedido.
Assenti.
— Fica comigo, Ari.
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Perfectly Wrong
FanfictionUma história de uma princesa não muito convencional que é obrigada a se casar com um príncipe que não vai muito com a cara dela. Paixão, ódio, mágoas e amor rodeiam esses dois por um bom tempo, até a primeira troca verdadeira de olhares. Shawn e Ari...