Perfectly Wrong

Capítulo 32

Maratona

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Shawn

      Acordei super cedo hoje com a claridade no meu rosto e um coral de passarinhos na minha janela. Uma corrente de vendo gelado entrou pela fresta da janela que eu tinha deixado aberta, arrepiando um pouco o meu corpo.
Hoje vai ser um bom dia. Eu sinto isso.
O céu estava completamente azulado e não havia uma única nuvem nele. Estava frio, mas não ao ponto de nevar, era mais um fresquinho, cortesia do inverno que estava chegando. Me levantei e troquei de roupa na maior disposição do mundo, daqui poucos minutos eu estaria sendo arrumado para o meu casamento e minha coroação, e me sentia bem demais com aquilo. Nervoso, mas feliz. E não me sinto assim faz muito tempo.
Eram umas 6:15 da matina quando saí do meu quarto, pensei em treinar um pouquinho antes disso tudo acontecer, já que eu teria que tomar banho depois mesmo e também não sabia quando sería a próxima vez que eu ia ter tempo de pisar em um campo de treinamento. Nunca fui rei, mas analisando meu pai, não creio que ele tenha tempo vago para essas coisas, apesar de manter o corpo.
Passei pelo corredor em passos apressados e fui descendo as escadas olhando para os lados para ver se já tinha alguém acordado, até que vi alguém no final dela, caído no chão e imóvel. Eu estranhei, a pessoa estava de costas para mim e parecia estar de pijama. Me aproximei do corpo e quando o virei, me assustei. Meu coração acelerou e minha cabeça tonteou por um segundo, um calor subiu pelo meu corpo quando o reconheci.

Jon.

— SOCORRO!!!! ALGUÉM AJUDA AQUI!!! –gritei alto e desesperado.

Minhas mãos começaram a tremer. Me aproximei do rosto dele para sentir sua respiração e era nula, ele não estava respirando. Coloquei minha cabeça em seu peito para tentar ouvir seu coração e, quando não consegui, imediatamente posicionei minhas mãos no centro dele, começando a fazer pressão.

— PELO AMOR DE DEUS ALGUÉM ME AJUDA!!!!! –gritei mais uma vez com toda a força que eu conseguia, enquanto tentava reanimá-lo.

Logo vários guardas e empregados chegaram, meu rosto estava suado de tanto apertar o peito dele, eu sentia as gotas escorrerem. Não conseguia chorar, eu estava em choque. Me afastaram dele e trouxeram um curandeiro, porém quando ele chegou já era tarde demais. O corpo de Jon estava gélido e pálido, não havia mais vida ali já fazia um bom tempo.
Levaram o corpo dele para sei lá onde e Hedwig disse que chamaria o rei e os pais dele, que era pra eu me acalmar, mas era impossível. Passei as mãos pelo meu rosto, andando de um lado para o outro, e apertei os meus cabelos com força. Mal conseguia respirar, era mais uma crise de pânico. Uma crise que me obrigou a sentar no chão, com o rosto entre os joelhos, e a me acalmar. Eu preciso me acalmar. Preciso ser forte pela Ari.

Ariana.

Ela vai surtar quando descobrir. Não podem contar pra ela, não hoje. Talvez seja melhor dizer que ele voltou para Bear Island e daqui alguns anos dizer a verdade. Quando ela tiver se recuperado totalmente da morte da mãe. Ela não precisa disso, não precisa de mais um peso em suas costas. Não agora.
Me levantei depois de longos minutos, quando vi o Rei descer as escadas apressado com os pais do homem. Segui eles até a sala em que colocaram Jon deitado em uma mesa comprida. Eu mal conseguia acreditar naquilo, não parecia real. Por mais que não fôssemos tão próximos e eu não fosse da família, ele era meu amigo. Tinha se tornado meu amigo.
A mãe dele quase desmaiou quando viu o corpo. Ela cobriu a boca com a mão e apertou os olhos com força, se afundando no peito do marido em silêncio até que por fim berrou e se debruçou sobre o filho morto na mesa. Harold não expressou nenhuma feição. Seu rosto era indecifravelmente nêutro, tão frio quanto o dia de hoje. Maverick, o pai, tinha lágrimas escorrendo pelos olhos, ele tentava ser forte mas sabíamos que não funcionaria, era seu filho.

— O que aconteceu?????? –Lizzie gritou para mim.– O que você fez com o meu filho?????

— Eu-eu não fiz nada. O encontrei quando descia as escadas hoje cedo, eu... tentei reanimá-lo, mas ele já estava... –gaguejei entre as palavras e minha voz falhou algumas vezes. Estava embargada, por mais que eu não tivesse chorado.– Me perdoem, eu não sei o que aconteceu!!

— Não havia nada mais com ele? Uma espada fincada em seu corpo? Uma faca talvez? –Harold pergunta e eu nego, o momento todo parecia um borrão, acho que por conta da enorme dose de adrenalina em mim naquela hora, mas se tivesse sangue ou alguma faca eu teria visto.– Pode ter caído da escada, então.

— Ele não cairia assim do nada, Jon é saudável, não pode ter sido algo de saúde, e não é estabanado ao ponto de tropeçar. –disse sua mãe ainda aos prantos, alisando o rosto do filho.

— Talvez ele tenha se jogado. –supôs o rei, fazendo todos os olhares se virarem para ele. Sua frieza realmente me assustava. Ou ele estava guardando tudo para si, ou não dava a mínima.

— Suicídio? –eu disse meio confuso.

— É a única explicação plausível que nos resta. –ele se aproxima da mesa e toca as costas de Lizzie em um gesto de afeto, com um sorriso pequeno e sem graça no rosto, sem mostrar os dentes.– Jon era um bom rapaz e sempre será importante para a família. –disse intercalando o olhar entre a mãe e o pai.– Como amigo, estarei disposto a ajudá-los a passar por isso do modo que for e com o que precisarem, entretanto como rei, preciso que isso fique entre nós. Ariana não pode saber até que a cerimônia seja realizada. Ninguém pode comentar perto dela e isso vale para vocês também. –avisou aos funcionários ao nosso redor, os mesmos que me ajudaram antes.– Vou deixá-los a sós. Prometo que faremos um funeral digno.

Então ele se afastou da mulher e sinalizou para que todos saíssem da sala, inclusive eu, fechando a porta atrás dele que saiu por último, deixando Maverick e Elizabeth Snow lá dentro.

— Hedwig, por favor, não deixe ela desconfiar. –suplicou com tristeza. Aí estão as emoções.– Ele era muito importante para ela, não sabemos como ela vai reagir.

— Sim, majestade. –o homem grisalho concordou e se retirou, deixando-nos a sós.

— Eu não entendo como isso aconteceu. –falei ainda desnorteado.

— Existem coisas na vida que não conseguimos entender, garoto, –epassou as mãos pelo rosto.– talvez ele não fosse tão feliz quanto aparentava ser. –Harold tocou meu ombro, apertando levemente, e suspirou saindo dali.

      É, talvez não.