Capítulo 39

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Ariana

Depois de tudo, os homens saíram do quarto e ficamos só eu e o Shawn. Estamos na cama agora, com uma coberta por cima de nós, eu apoiada no peito dele e ele acariciando meu cabelo. Foi bom. Muito bom. Ele me fez esquecer as coisas e conseguiu ter minha atenção total. Estamos em silêncio já faz um tempinho e da pra escutar a música vinda do salão abaixo de nós, é estranho estar aqui com ele no nosso novo quarto, mas nesse meio tempo flashbacks do momento anterior repassavam na minha cabeça e me faziam sorrir.

— Praticamente consigo ouvir você sorrir. –ele disse sorrindo também.

— Não que seja por sua causa, Mendes. –rebati divertida.

— Como não ser? Acabei de te dar a melhor noite da sua vida, Mendes.

— Você é convencido né, garoto? –levantei meu tronco e me apoiei no meu braço, na cama.– E eu não vou adotar seu sobrenome.

— Você não tem escolha.

— Ahh acredite, eu tenho. Eu sou a rainha, bebê.

— A minha rainha. –me abraçou com os dois braços e me puxou pra si, me dando um selinho.

— Você não existe. –sorri contra a boca dele e afastei nossos rostos, ajeitando seu cabelo bagunçado provavelmente por minha causa.– Obrigada por ser calmo.

— Imagina. Já peguei muitas virgens, tenho experiência. –revirei meus olhos e ele riu.– Brincadeira. Mas não foi nada, quem sabe da próxima as coisas fiquem mais agressivas.

— Homens e seus instintos animais. –voltei a me deitar, mas agora ao lado dele.– Mas sim, quem sabe.

Encarei o teto da cama, que era de madeira e forrado com um tecido sedoso e um pouco transparente, brincando com as pontas dos meus dedos pelo peito do Shawn.

— Ele morreu. –meu tom era normal, um pouco baixo.

— É, morreu. –respondeu encarando o teto também.

— O enterro é amanhã.

— Quer que eu vá com você?

— Não, eu... não vou.

— Ari, ele era seu melhor amigo, tem certeza de que não quer se despedir?

Notei seus olhos sobre mim e uma expressão confusa no rosto dele, mas eu realmente não queria ir. Não posso ficar remoendo essa saudade e muito menos tenho força pra ver ele por uma última vez.

— Eu tenho, e por favor não insista. –respondi severa, ele pareceu entender o recado.

— Certo. Então... Quer voltar lá pra baixo?

— Já tá tarde, talvez devêssemos dormir...

— No nosso quarto? –me interrompeu com um sorriso de lado.

— Eu ia dizer vestidos. Mas pra isso preciso ir ao meu quarto buscar o meu pijama.

— Ah não, fica aqui e fica assim. –abraçou minha cintura manhoso e se deitou um pouco mais para baixo, pra apoiar a cabeça no meu peito.– Você é linda demais, deixa eu te admirar um pouquinho.

— Você dormiu com milhares de mulheres e ainda me acha linda?

— Nenhuma delas era como você. –disse me olhando de baixo e me arrancando um sorriso. Beijei a testa dele e agora era a minha vez de fazer carinho.

      Em poucos minutos, Mendes pegou no sono. Percebi quando comecei a escutar o ronco dele. Eu por outro lado demorei um pouco, apenas continuei encarando aquele teto, sem pensar em nada. Minha mente era literalmente uma tela em branco, não sabia o que pensar, não tinha no que pensar. Tudo passou, o casamento, o acordo, a morte. E, bom, só consegui realmente dormir quando a festa acabou e a gritaria junto.

[ ... ]

      Beijos desciam pela minha pele e se concentravam no meu pescoço, enquanto eu mordia meu lábio segurando qualquer som. Minha mão livre estava em suas costas nuas e mal me preocupava em estar arranhando com força ou não seus músculos definidos, estava perdida nas estocadas brutas que começaram me causando dor e agora me relaxavam. Provavelmente depois veríamos todas as marcas no espelho e quando o efeito dos hormônios passasse, sentiríamos as dores propriamente ditas.
Shawn tirou o rosto do meu pescoço e trouxe seus lábios para perto dos meus no intuito de me beijar, acredito, mas não chegou a fazer isso, porque foi impedido por alguns gemidos roucos que escaparam de si. Sua mão entrelaçada não minha me apertava cada vez mais e uma das minhas coxas fazia pressão na lateral de seu corpo, com nossas respirações se encontrando.
      Havia suor em nossos corpos e eles se misturavam a medida que nos tocávamos, alguns cachos do cabelo dele caíam sobre sua testa e grudavam ali, mas meus olhos estavam fechados o suficiente para que eu não percebesse, e, quando finalmente chegamos em nossos ápices juntos, ele me beijou. Minha mão foi de suas costas para seu maxilar e acariciei, sentindo a barba em suas linhas.
Então abri os olhos e as feições do meu melhor amigo me encarando, com cachos suados, olhos castanhos e um sorriso encantador.

— Eu te amo. –ele disse.

[ ... ]

      Na hora acordei ofegante. Meu coração havia disparado e os batimentos eram tao altos que eram praticamente ensurdecedores. Virei para o lado e Shawn dormia ainda agarrado à mim com um rosto tão sereno que parecia uma criancinha dormindo, já deveria ser tarde da noite porque o castelo estava em completo silêncio. Passei as mãos pelo meu rosto e cabelos e respirei fundo, era pra ser assim? Perder a virgindade com Jon e não com Shawn?
Decidi me levantar, tirando o braço do príncipe de cima de mim com cuidado para não acordá-lo, e vesti sua camiseta que ficava grande o suficiente para que eu não precisasse colocar a minha calcinha. Calcei meus sapatos e fui até meu quarto buscar minhas pantufas para não ter que ficar zanzando por aí de sapatilha.
      Calcei elas e fui até a cozinha buscar um café, nunca fui disso na verdade, mas ultimamente a cafeína tem se tornado minha parceira. De volta ao quarto, caminhei até a sacada e me apoiei nela, observando os campos em frente ao castelo. Havia flores, alguns animais que eram difíceis de ver, mas não impossíveis, e logo abaixo tinham grandes fontes e guardas. Medidas de proteção, elas se aprimoraram depois que minha mãe morreu. Literalmente até nossos parentes são inspecionados antes de entrarem no território do castelo.
Não sei por quanto tempo fiquei ali observando tudo, mas foi o suficiente para que quando eu me desse conta, percebesse que já estava de manhã.

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