Shawn
Mal consegui dormir a noite, pensando na princesa e em tudo que ela havia me dito. Deve ter sido difícil ter visto a mãe ser morta a poucos metros de distância sendo tão jovem, e tudo que ela passou, cara. Eu queria ter estado lá com ela, mas nem sabia de sua existência. Estava ocupado sendo mesquinho com os empregados e reclamando da comida enquanto ela estava sofrendo a perda. Bom, pelo menos agora posso ajudar ela de alguma forma, já que vamos nos casar em breve.
Terminei de trocar de roupa e, com um sorriso radiante no rosto, sai do meu quarto e me dirigi à sala de refeições para tomar o café da manhã. Enquanto descia as escadas, vi minha mãe conversando com a princesa e parei um pouco atrás para que elas não me vissem. Tentei ouvir a conversa, mas não consegui, então apenas analisei as expressões das duas. Achei estranho estarem conversando, mas não nego que me perdi na carinha envergonhada da princesa. Ah cara. Sei lá.
Logo elas se separaram e a minha mãe veio na minha direção, enquanto Ariana também descia para tomar café. Saí de onde eu estava e tentei agir normalmente, por achar que minha mãe viria falar comigo, mas ela simplesmente passou reto por mim.— Bom dia pra você também. –falei em um tom de estranheza, mas resolvi ignorar e voltar ao percurso.
Ao chegar, percebi que a princesa não estava lá. Meu pai e o rei conversavam sobre os negócios enquanto minha irmã alimentava discretamente o cachorro real por baixo da mesa. Revirei os olhos e sorri ao ver a cena, Aalyiah sempre amou animais, e me sentei à frente dela.
— Bom dia. –falei já me servindo.
— Bom dia. –os três responderam em uníssono.
— Shawn, estávamos comentando sobre como o comércio inglês tem se expandindo. Os ingleses têm investido muito em frotas marítimas para exportações e importações. Isso parece preocupante, tendo em vista o fato de que eles têm produzido nossos produtos e dominado o mercado com preços baixos. –disse meu pai.– O que acha sobre?
Harold me encarava como se estivesse me analisando e parecia esperar ansiosamente pela minha resposta. Provavelmente queria ter certeza de que eu seria um bom sucessor.
— Acredito que deveríamos propor um acordo. Talvez oferecer a venda de produtos nativos de nossos territórios que eles não consigam produzir lá, desde comida até têxteis, em troca da compra de produtos deles. Traria benefícios a ambos os reinos. –respondi normalmente.
— Portugal tentou um acordo desses e faliu, além disso a Inglaterra está tomando conta de muitas rotas comerciais. –Harold vociferou.
— Portugal faliu porque não soube poupar dinheiro e aplicar em áreas realmente necessárias. Compravam muito e produziam pouco. E o acordo serviria justamente para definir as rotas que poderíamos usar, caso eles não aceitem, podemos recorrer à acordos mais fortes com outros reinos. A Inglaterra não consegue ser uma potência se estiver sozinha. E nem tudo é uma guerra. –falei mordendo finalmente um pedaço do meu pão, enquanto Harold ainda me encarava.
Eu sabia que seria testado uma hora ou outra e a expressão de meu pai confirmava que eu tinha passado no teste. Olhei para Aalyiah e ela estava sorrindo, o que me fez piscar pra ela e continuar comendo. Até que finalmente o rei se pronunciou.
— Hedwig. –ele chamou e o conselheiro se aproximou.– Onde está minha filha? Ariana não vem tomar café hoje? –disse quase em um sussurro.
— Creio que ela tenha ido comer com outra pessoa, majestade. –respondeu no mesmo tom.
Outra pessoa?
Parei de comer e tentei prestar atenção na conversa.— Quem? –o rei pergunta certamente indignado, mas parecia saber a resposta.
— Jon Snow, majestade. Ele a convidou para comer ao ar livre, um pouco afastado do castelo. Creio que eles estiveram juntos no mesmo lugar, ontem à noite.
Então ele não me viu. Era eu com ela ontem, mas ele pensou que fosse Jon.
— Hedwig preciso que você controle ela. Ariana vai se casar e quero que ela não fique andando grudada em outro homem até lá, para o bem de sua própria imagem e da imagem da Suíça. Pode fazer isso?
— Sim, majestade.
— Ótimo. –o rei se levanta e dispensa Hedwig com um gesto.– Receio que minha filha não se juntará à nós nesta manhã. Hedwig me disse que ela não passa muito bem e preferiu ficar em seus aposentos. Eu tenho algumas coisas para resolver, vocês podem se sentir a vontade no castelo, se precisarem de seus cavalos eles estão no estábulo. Com licença. –ele sorri e, com uma breve reverência, se retira.
— Foi uma boa sugestão. –diz meu pai para mim.
— Acho que já gastamos tempo e dinheiro demais em guerras falhas contra ingleses.
Meu pai sorri e concorda.
Depois de terminar, me retirei e resolvi ir até os estábulos pegar meu cavalo e dar uma volta pelo terreno. Segundo dia aqui e a única coisa que eu vi foram cômodos do castelo e um riacho. Chegando lá, celei Stefan e subi nele, dando uma batidinha nele com o calcanhar para que sua caminhada se tornasse um galope. Eu sempre amei cavalgar, sentir o vento no meu rosto, a sintonia do meu corpo com os movimentos do cavalo, o som do galope, tudo isso me deixava mais calmo. Mais livre.
Observei muito dentro do terreno do castelo e depois resolvi andar pela vila. Tinham muitos vendedores e muitas pessoas em uma espécie de festival. Não eram todos ricos, mas também não aparentavam serem pobres. Isso é bom. Um meio termo. Um homem em uma das vendinhas me reconheceu pelo brasão da minha família estampado em minha roupa, provavelmente sabia que eu me casaria com a princesa, e gentilmente me ofereceu um pedaço do que estava vendendo. Bolo, acho. Foi o ponto alto do dia, a interação com o meu futuro povo.
Mais tarde, perto do meio dia, voltei para os arredores do castelo e resolvi passar pelo riacho. Só por passar mesmo. Queria ver como era à luz do dia, mas quando me aproximei, percebi uma movimentação. Puxei as rédeas de Stefan para que ele parasse de cavalgar e começasse a andar normalmente, até chegarmos perto o suficiente para ver o que era.Ariana.
Não consegui evitar o sorriso que se formou em meus lábios. Ela estava tão linda e tão radiante com uma flor na mão. Ela estava rindo e correndo por ali, até que ela encostou as costas no tronco de uma das árvores ali e cheirou a flor, e um homem se posicionou na frente dela.
Perto demais.
O sorriso radiante dela se tornou envergonhado e eram poucas as vezes que eu tinha visto Ariana assim. Ele colocou uma mecha do cabelo dela para trás da orelha da mesma e passou a mão suavemente pela linha de seu maxilar, levantando o rosto moreno da garota como se quisesse que ela olhasse pra ele.
Meu coração disparou e uma mistura de ansiedade com raiva tomou conta de meu corpo, conseguia praticamente sentir meu rosto arder.
Depois dessa cena toda, ele deu um beijo no canto dos lábios dela e então sorriu galanteador.Jon Snow.
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Perfectly Wrong
FanfictionUma história de uma princesa não muito convencional que é obrigada a se casar com um príncipe que não vai muito com a cara dela. Paixão, ódio, mágoas e amor rodeiam esses dois por um bom tempo, até a primeira troca verdadeira de olhares. Shawn e Ari...