Capítulo 47

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Ariana

      A cada reunião do conselho sobre como resolver os problemas da cidade eu saía completamente exausta. Eram tantos assuntos pra resolver em relação à população que eu nem imaginava. Saneamento básico para TODAS as casas do país era a minha principal preocupação, criamos sistemas que aparentemente só poderiam ser postos em prática se a rainha da Inglaterra concordasse em exportar a matéria prima pra gente, o que significa que eu teria que resolver os meus problemas com ela, ainda mais depois do último ataque.

      Suspirei, deveria ter outra maneira, só que essa era a mais eficaz. Pelo menos já tínhamos tudo encaminhado, só faltava esse detalhe.

      Praticamente expulsei todos os homens daquela sala, não aguentava mais eles falando e brigando entre si, a maioria não me dava muita credibilidade porque eu sou mulher, geralmente ouviam mais o que Shawn tinha a dizer, contudo conseguia ser dura o bastante pra fazê-los me ouvir de vez em quando. Era um barato ver a cara de cada um nesses momentos, precisam entender que a minha palavra tem o mesmo peso da palavra do Shawn, senão mais.

      Depois que todos saíram, saí também. Perguntei a Hedwig se ele tinha visto meu marido, a reunião tinha durado 3 horas e já estava quase na hora do jantar, sem falar que ele não tinha me dito aonde ia.

— Ele disse que iria ao vilarejo, princesa. –Hedwig disse.

— Ao vilarejo? –perguntei confusa.– Assim do nada?

      E antes que pudesse me responder, Shawn entra no castelo com uma caixa enorme em mãos. Tipo, ENORME. Não sabia se eu perguntava o que era ou se perguntava como ele conseguia carregar.

— Mas o que... –franzin o cenho mais confusa ainda enquanto ele caminhava até mim, parando na minha frente e colocando a caixa no chão.

— Taram!!! –disse animado, apontando as duas mãos pra caixa, me fazendo o encarar ainda extremamente ??????– Sabe Ariana, você tem andado muito séria ultimamente. Com o cabelo todo seco, os olhos com olheiras, vive bocejando e as vezes até sai de manhã do quarto sem tomar banho.

— É bom você chegar em algum lugar com esses comentários. –alertei cruzando os meus braços e começando a ficar irritada.

— Não me leve a mal, mo, eu te amo mesmo assim porquinha. –ele sorriu e eu revirei os meus olhos.– Então, como o bom marido que sou, resolvi ir até o humilde vilarejo no pé da montanha Hill pra te trazer um presente. Não vai abrir?

      Ergui a sobrancelha, o encarando e depois a caixa, então me ajoelhei, me sentando por cima das minhas panturrilhas e enfim abri o enorme pacote.

      Levei um susto e acabei caindo pra trás quando um filhote tão grande quanto a embalagem pulou em mim, latindo alto e lambendo meu rosto todo. Hedwig recuou com o susto e Shawn riu, eu acabei rindo também. Ele tinha me comprado um cachorro??????

      Eu queria um desde que era criança, mas meus pais nunca me deixaram ter.

— Ei!!!!! –falei com voz de criança, alisando o pêlo do cachorro.– Awsh modeuso, que coisinha mais linda. –beijei seu focinho.– Você é macho ou fêmea?

— Macho. –Shawn respondeu.– Tem 4 meses ainda.

– E você já tem nome, garotão? –perguntei encarando os olhinhos escuros do filhote ofegante e de língua pra fora na minha frente, que latiu em resposta.

— Eu achei melhor deixar você escolher.

— Como você...? E por que? Não é meu aniversário, Shawn.

      O moreno veio até nós e se abaixou ao nosso lado, passando a mão pela cabeça do cachorrinho e depois olhando pra mim.

— Apesar de tudo, você anda mesmo desanimadinha depois da morte do Jon, e eu pensei que talvez fosse legal ter um amigo pra te animar. E acredite, esse cachorro é a sua cópia canina. –riu com aquele sorriso encantador, e eu sorri apaixonada.

— Eu te amo. –deixei escapar, selando seus lábios.– Obrigada.

— Eu sei. –ele beijou minha testa.

— Então você não tem nome e é uma peste como eu, hm. –voltei meu olhar pro bichinho no meu colo. Analisei seu corpo preto e percebi que na pontinha do rabo tinha uma mancha branca, que parecia muito uma bundinha de vagalume. Meu coração amoleceu na hora e eu que já tava toda rendida no filhote, me rendi mais ainda.– Vagalume. Esse vai ser o seu nome.

— Majestade, não sei se seu pai... –o conselheiro real se pronunciou.

— Meu pai não está aqui, Hed, e quando voltar eu ainda serei a rainha. Acho que sou bem grandinha para ter um cachorro sem a permissão dele. –o interrompi, me levantando com Vagalume no colo. É pesado, mas eu andaria assim com ele pra todos os lados por um tempinho.– Peça para construírem uma casinha para ele e colocarem no nosso quarto. Precisa ter almofadas e uma manta. Também quero que confeccionem lenços para amarrar em seu pescoço como acessório, e eu quero uma cadeira ao meu lado na mesa.

— Para o cachorro? –Shawn se pronunciou com um certo nojo na voz.

— Não reclama. –o repreendi.– Hed, por favor, arranje ração e potinhos para ele. Ah e uma coroa. Você vai ser o meu bebê, Vagalume. –beijei seu focinho novamente e então me virei para os dois homens que me encaravam estranhos.– Vão ficar parados aí ou vão nos acompanhar até a sala de jantar?

      Shawn riu e concordou com a cabeça, ouvi sussurrar um "esses dois vão dar trabalho" no ouvido de Hedwig e sorri involuntariamente, vamos mesmo, seguindo meu caminho até a sala de jantar.

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