Capítulo 27

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Shawn

Estava no meu quarto trocando de roupa, as costureiras haviam acabado de sair dele, e eu devo dizer que a minha roupa não estava de se jogar fora. Na realidade, convenhamos, eu não sou de se jogar fora né? Em uma hora que ficaram aqui, quase todas as moças deram em cima de mim, mas meu coração estava começando a ter olhos só para uma. E isso me preocupava de certa forma.
Ouvi batidas na porta e deixei que a pessoa entrasse, era minha mãe. Ela veio até mim e se sentou em uma poltrona ali.

— Pois não? –brinquei.

— Preciso de um favor seu. –ela estava séria, até me tirou do clima de brincadeira.

— E qual seria? –falei endireitando a minha postura e me sentando na ponta da cama para colocar as minhas botas.

— Vai sair com o amigo da princesa hoje, e preciso que você observe ele. –ela disse com uma mão no queixo.

— Observar o que exatamente?

— Não sei. Suas manias, as coisas que gosta e não gosta, as opiniões... Qualquer coisa que descobrir sobre ele, quero que me conte. Consegue fazer isso pra mim, filho?

Quando ela me chama de filho é porque vai fazer coisa errada e sabe que eu não vou concordar, então a olhei com desdém.

— Pra que você quer informações sobre ele, dona Elara? –perguntei levantando uma das sobrancelhas.

— Quero conhecê-lo um pouco mais. Digamos que achei a colocação dele hoje de manhã interessante.

— Então por que a senhora não o chama para conversar?

— É tão difícil assim pra você fazer um mísero favor pra sua pobre mãe? –ela diz em um tom dramatico e até um pouco indignado.

— Mamãe... –avisei.

— Ora, será que vou ter que pedir à sua irmã? –agora estava brava. Eu apenas suspirei e forcei um sorriso.

— Tudo bem, mas quero que me conte depois o motivo disso tudo, certo? –me levantei e fui até ela, me inclinando e beijando sua bochecha.– Agora eu preciso ir. Não se meta em confusões.

      Parecia que eu estava falando com uma criança, mas se não falasse assim ela discutiria com alguém por nada e acabaria estragando alguma coisa. Eu amo a minha mãe e sei que ela não é uma pessoa horrivel, mas pra barraco é a primeira da fila.
Saí do meu quarto e logo dei de cara com o tal do Jon, provavelmente estava indo ao meu encontro no estábulo.

— Vamos juntos? –perguntei e ele concordou.

— Espero que esteja preparado para conhecer o seu povo. Não é tudo as mil maravilhas, ainda temos partes muito pobres aqui, mas é um dos projetos principais da princesa. –ele disse me guiando até onde estariam os cavalos.

— Tirá-los da pobreza? –perguntei curioso.

— Começar dando comida. –ele sorriu, me fazendo sorrir também.

Ao chegarmos no estábulo os cavalos já estavam prontos para nós, dois garanhões um castanho e um preto. O preto era meu, então suponho que o castanho era dele. Subimos, tomamos as rédeas e saímos lado a lado trotando para a floresta que tinha uma trilha que levava até a vila.

— É muito longe? –perguntei.

— Uns 15 quilômetros reto, depois descemos e estamos lá.

— Então acho que temos tempo para conversarmos, talvez até nos conhecermos. –tentei parecer querido, não sei se deu certo e eu também não to muito animado pra isso.

Ele me olhou de soslaio, parecia impressionado, mas depois voltou os olhos para frente.

— Por que quer me conhecer?

— Acho que porque você é o melhor amigo da minha noiva e ela me disse que você é importante pra ela, não seria legal ficarmos brigando. –ele pareceu entender.– Inclusive, eu soube que estava aqui pra ela quando a mãe dela morreu. Quero agradecer por isso.

— Ariana é tudo pra mim desde que me entendo por gente, e a rainha Rosalie era a melhor rainha que a Suíça poderia ter tido. Foi uma noite péssima pra todos nós.

— Ela me contou. Não imagino como foi para vocês que eram crianças.

— Ver a Ari daquele jeito partiu o meu coração. –senti o tom dele entristecer, porém foi por pouco tempo.

— Vocês são muito próximos, né? –ele assentiu em resposta.– Deve conhecer ela melhor do que eu jamais conhecerei.

— De fato. Mas conhecendo ela como conheço, sei que vai ser exatamente como Harold disse: ela vai resistir no começo, depois vai entender e baixar a guarda. Mas você precisa estar disposto a aceitar ela como ela é.

— E como ela é? –tenho a impressão clara de que ele é apaixonado por ela.

— Independente, forte, teimosa, um tanto difícil...

— Eu gosto de um desafio.

— E ela sabe disso, por isso te trata assim. Ela não gosta de ser encarada como um desafio, ela quer que a tratem como uma rainha e não como uma princesinha rebelde. Entende o que eu digo? –eu assenti.

— A forma como fala dela é bonita.

— Bom... ela é minha melhor amiga e como você mesmo citou na mesa ontem, é o meu trabalho protegê-la e estar aqui pra ela. Mesmo que tenha se tornado mais do que só um mero cargo.

— Você acha que vamos ser bons rei e rainha? –perguntei na sinceridade, queria a opinião de alguém além dos meus pais.

— Olha... –fez uma pausa.– Acho que vão aprender a lidar e se acostumar com o trono.

— Então acha que seremos péssimos?

— Você é irritante com as suas perguntas, sabia? Costuma fazer muitas? –ele diz em um tom que parecia impaciente, mas acabou divertido.

— Já ouvi isso antes.

— Da princesa, suponho.

      Concordei e rimos juntos, continuando pela trilha que se estreitava a cada segundo. Parte do resto foi em silêncio, as vezes conversávamos sobre coisas que eu deveria saber da Suíça e conselhos sobre os empregados e guardas do castelo. No final, quando pisquei, havíamos chegado e já estávamos descendo dos cavalos.

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