Capítulo 50

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Ariana

Eu já tinha sentido esse cheiro antes, mas onde?
Forcei minha memória a se lembrar e de primeira nada passava pela minha cabeça, é como quando você quer dizer algo que tá na ponta da sua língua, só que você não lembra. Então eu me lembrei.

Jon. Os lábios dele tinham esse cheiro.

— Impossivel. –falei sentindo as minhas mãos começarem a tremer e meu coração acelerar.

Olhei por entre os potes novamente, bagunçando a ordem deles em busca de alguma prova de quem quer que tivesse dado isso pra ele, mas não achei nada. A essa altura as empregadas me olhavam como se eu tivesse pirado. Talvez só estivesse procurando no lugar errado.

Revirei cada gaveta daquele balcão, entre cada talher, copo, pote, tudo. Cada cantinho, e nada. Me abaixei pra olhar por debaixo do móvel e passei meus olhos rapidamente, até que vi algo refletir a luz das janelas atrás de mim. Tentei por a minha mão ali e me esticar para pegar, mas a fresta era muito pequena pra isso.

Pensa, Ariana, pensa.

      Peguei um garfo em uma das gavetas, ele era pequeno e a pedrinha não estava muito longe, e passei por debaixo do móvel, puxando ela para mim facilmente. Larguei o talher quando a peguei na mão, ignorando o barulho do metal no chão, e passei os meus dedos por ela tirando todo o pó. Era uma jóia verde esmeralda, pequena, um strass, mas por ser uma jóia claramente não poderia ser de uma empregada.

      Peguei o vidrinho na mão novamente e os encarei tentando achar alguma conexão entre os dois objetos, e, olhando novamente aquele verde, percebi que também já tinha visto ele em algum lugar.

De repente, flashbacks de Elara usando uma presilha com várias dessas mesmas pedrinhas invadiram a minha cabeça e um deles incluía um almoço em que eu a vi se sentando na mesa com o mesmo acessório, eu percebi que faltava uma jóia mas não cheguei a comentar nada por não ser adequado.

— Impossivel. –falei sentindo meu coração acelerar, eu sabia que não tinha sido suicidio.

Uma pancada invadiu minha cabeça, juntamente com uma tontura. Segurei-me na bancada, me obrigando a fechar os olhos, e do nada o cheiro da comida embrulhou meu estômago, me dando ânsia.
Não fazia sentido Elara ter matado Jon. Por que ela faria isso???? Assim do nada??? Os dois nem se conheciam.

— Majestade, está tudo bem? –perguntou uma das cozinheiras, me arrancando de meus pensamentos, enquanto tocava meu braço.

— Sim. –forcei um pequeno sorriso, escondendo o vidro e a pedra em um bolso.– Só estou um pouco enjoada, mas obrigada Gracie.

Assim que ela se afastou, imediatamente corri pra fora da cozinha, eu tinha que ir até o quarto da rainha tirar satisfações com ela, mas quando cheguei na escadaria acabei esbarrando em alguém, que me segurou antes que eu caísse.

— Opa! Bom dia, flor do dia. –era Shawn, ele riu envolvendo seus braços ao meu redor, mas mal conseguia ouvir o que ele dizia. Meu coração batia tão rápido que inibia qualquer som.– Ari? Tá tudo bem?

      Não consegui responder direito, meu corpo resmungou coisas que eu mal entendia, e quando vi já tinha vomitado no chão e ele estava comigo no colo me levando até Richard. Eu conhecia esse homem muito bem, vivia ralada quando era criança e ele sempre cuidava de mim.

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