CAPÍTULO 16
<<Nathalie>>
Cacau, Josué e Edu chegaram para almoçar um pouco depois das duas horas da tarde. Eu ainda estava dormindo, exausta, depois de toda a emoção que passei vendo tudo na TV.
Eduardo veio me acordar. Ele poderia passar o resto da tarde ali conosco sem causar suspeitas porque todos sabiam que Cacau estava morando por ali pela fazenda e sabiam que nosso grupo era muito agarrado. Portanto, nada mais normal do que ele e Cacau quererem passar a tarde juntos para vencer a tristeza da perda de uma amiga.
Me acordou, mas ao invés de me convidar a sair da cama, me abraçou forte, ficamos de conchinha e ele foi dizendo ao meu ouvido:
"Você sabe que é muito importante para nós, não sabe? Hoje, naquele lugar, tive a certeza de que não estou preparado para perder você, assim como também Cacau e Douglas. E, por isso mesmo posso te garantir que todo esse sofrimento pelo qual você e sua família estão passando não é em vão."
Me abracei ainda mais apertado naquele meu grande amigo. As lágrimas escorriam silenciosas pelo meu rosto e molhavam o travesseiro e as cobertas. Edu continuou:
"Quem armou para você pensou em te prejudicar e te tirar do caminho e, agora está duplamente feliz. O que essa pessoa não sabe e nem imagina é que onde há amor de verdade, há luz! Você tem luz, Nathalie. Sua luz é o farol da vida de nós que te amamos. Nós não deixaremos você se apagar. Você morreu apenas para os que não te amam! Saia desse casulo amadurecida e voe de encontro aos seus problemas. Encare-os de peito aberto! Vamos descobrir quem fez tudo isso. Vamos limpar seu nome e te dar sua vida de volta! Vem! Levante e vamos almoçar!"
Eu sempre soube que não estava só. Mas, ouvir tudo aquilo num momento em que eu me sentia tão perdida e fragilizada me dava um novo alento. Era como se a fênix do Dumbledore tivesse vindo chorar em minhas feridas e essas estivessem começando a cicatrizar para que eu pudesse seguir em frente. Claro que somente palavras não tinham o poder de curar todos os ferimentos abertos na minha alma nesses últimos dias, mas aquelas palavras, pelo menos, me lembravam que eu estava viva, apesar de ter assistido ao meu enterro na TV.
Levantei com meu amigo, pedi para que ele esperasse, fui até o banheiro, troquei a camisola por outra roupa, lavei o rosto e saí para irmos para a cozinha almoçar.
Quando chegamos à cozinha, Fábio, Josué e Cacau estavam nos esperando para começar a comer. Todos sorriram ao me ver, mas evitaram falar qualquer coisa. Era um momento muito tenso. Qualquer palavra poderia me projetar para cima ou me fazer cair num abismo dentro de mim mesma. A descontração só veio quando já estávamos comendo e Josué gemeu e exclamou:
"Meu Deus, que feijão é esse? Caramba, eu não como um feijão tão bom assim desde a época que passava férias na casa da vovó!"
"Ah, fala sério!" - falei sem graça.
"Fala sério por quê?" - perguntou Cacau. "Você sempre queria ser uma mestre cuca quando era criança!"
"Lembra que a personagem predileta dela no Sítio do Pica Pau Amarelo era a tia Anastácia?" - perguntou Edu em meio há risos.
Não teve jeito, todos caímos na gargalhada e o resto do almoço foi assim, bem descontraído. Josué e Fábio contavam coisas engraçadas um do outro e nós falávamos das nossas aventuras com o Douglas quando éramos crianças e adolescentes.
"...Lembram aquela vez que o Douglas..." - Falava Cacau quando Douglas entrou.
"Quando eu o quê?"
"Quando você arrumou uma namorada que tinha um pai muito bravo e que descobriu o namoro. Lembra? Você passou bem umas duas semanas fingindo que era gay e andando agarrado com o Edu só para o homem não te matar!" - completou Cacau com muitas gargalhadas.

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Canta Pra Mim
RomanceNathalie Bustamante tinha uma vida perfeita. 35 anos e a garota pobre de Taubaté já era diretora de empreendimentos e finanças de uma grande Construtora em Campinas. Morava com seu gato, tinha a casa e o carro que queria, além do trabalho que era su...