Capítulo 21

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CAPÍTULO 21

<<Narrador>>

Jorge cantou mais umas duas músicas no Karaokê mais porque não queria ir para casa do que por entusiasmo. A saída quase que teatral daquela loira o deixou intrigado. O ar de suspense e mistério que deu à sua primeira aparição deu certo. Jorge era um cara de negócios, o gosto pelo jogo da sedução fazia parte da sua negociação com os clientes. Ele ainda ia descobrir quem era aquela loira!

Foi para casa como habitualmente. Dormiu muito pouco, levantou cedo, tomou banho e foi para a Sillman. Dessa vez nem tomou café da manhã no restaurante que costumava frequentar perto da construtora. Preferiu ir direto para a empresa e chegou antes das sete horas da manhã.

A Sillman estava pisando em ovos no mercado depois do escândalo da Operação Castelo de Areia. Qualquer deslize significaria milhões em prejuízo e mais perda de credibilidade. Por isso, se trancou no escritório para analisar os relatórios de andamento da construção de um shopping em Sorocaba. Ele tinha uma reunião com os sócios que contrataram a obra e precisava estar absolutamente inteirado do andamento desta. Antes isso não era papel seu. Nathalie fazia essa parte na Sillman. Mas, desde que Freitas havia se mostrado tão incompetente, era melhor que ele mesmo tomasse a frente. Se ele soubesse que Freitas era esse idiota que é, jamais teria deixado que assumisse um cargo tão importante.

Lá pelas 9 horas, completamente inteirado do andamento da obra, decidiu procurar por Freitas. Mesmo sendo incapaz de gerir a construção sozinho, Freitas teria que ir junto porque ainda estava no cargo de diretor de empreendimento e finanças. Resolveu convocá-lo. Ligou o telefone e falou com Edvânia, que atualmente era a secretária dele.

"Edvânia, peça ao seu chefe para comparecer ao meu escritório!" - ordenou.

"Sim, senhor, assim que ele chegar darei o recado." - respondeu solícita.

"Como assim chegar?"- perguntou alterado.

"É que ele ontem saiu logo após o almoço e hoje ainda não chegou, mas não tinha nenhuma reunião externa programada para ele." - entregou Edvânia.

"Pois me avise quando ele chegar! Aliás, avise à minha secretária que ela me avisará no meu número pessoal." - desligou a ligação sem ao menos se despedir.

Após dar instruções à senhorita Marquese, Jorge pegou seu material de trabalho para o almoço com os sócios do shopping e foi para Sorocaba. Durante o trajeto em sua Mitsubish deixou seu pensamento vagar dos problemas da empresa e lembrou da loira misteriosa.

"Será que aquela mulher estará lá hoje? Qual será o seu repertório da próxima vez? Ou será que ela foi invenção da minha cabeça?" - perguntava a si mesmo.

Jorge refazia mentalmente, em câmera lenta, cada cena da noite anterior quando viu aquela loira. Primeiro, a sensação de sua voz rouca e melosa combinando perfeitamente com a música; seu sorriso de entrega ao que estava cantando. Assim como ele, ela parecia cantar o que sentia, como se a música estivesse servindo para mandar uma mensagem. Quem não a entendia? Por que ela se sentia incompreendida? Ele também era um incompreendido e isso o fazia querer saber ainda mais dela. E, ao fim de tudo, Jorge lembrou de quando ela se levantou e caminhou até o palco, segurando aquele capacete vermelho.

"Uau! Aquela mulher deve ser um vulcão!" - pensou.

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Na hora do almoço, Geanete passou na Sillman para falar com Jorge, mas não teve sucesso porque o filho estava em Sorocaba. Para não perder a viagem, foi falar com Edvânia que não via desde que Freitas assumiu o cargo.

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