Capítulo 17

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CAPÍTULO 17

<<Nathalie>>

Na semana que se seguiu as coisas pareceram esfriar um pouco. Cacau chegou um dia com uma Honda CBR 600RR vermelha, me dizendo que a Dani era ousada e que precisava de uma moto com personalidade. Particularmente, como não gosto de motos, não sei se era a melhor em motor, desempenho e essas coisas, mas tenho que admitir que era muito bonita mesmo. Cacau dizia que era rápida e segura, então, estava bom para mim. Passei a treinar a pilotar a moto pelos arredores da casa. A fazenda era bem grande e a área em que a casa estava situada era improdutiva, o que me garantia sossego e ninguém por perto. Fábio estava sempre comigo. Adorava me ver engasgando com a moto. Ele logo gritava:

"Ei, peã, isso não é rodeio e nem a moto é touro bravo! Pilota esse negócio direito!"

"Eu tento..."

Lá pelo terceiro dia nessa situação, ele disse:

"Não, você não está tentando. De moto eu entendo. Você não gosta dela, não quer estar aí, por isso pilota tão mal!"

"Poxa, Fábio, eu estou me esforçando..."

"Mentira, mocinha. Na hora que você se convencer de que a moto será sua única amiga no mundo lá fora, talvez fique mais fácil. Quando um motociclista pega a estrada, ele sente a moto como uma extensão de seu corpo, sabe que são só eles dois ali. E isso faz com que haja sintonia e sincronia. Sinta o ronco do motor como se fosse a sua respiração..." - ele falou enquanto veio para perto de mim, montou na garupa, colou seu corpo no meu e tapou meus olhos com as mãos. - "Acelere! Sinta!"

"Mas eu estou com os olhos tapados..." - protestei.

"Acelere devagar e sinta o motor. Eu digo para onde você deve ir. Não é uma corrida, é apenas um pequeno percurso bem devagar para você sentir a moto. Vamos, acelere!"

Fui acelerando muito devagar porque fiquei apavorada. Andar de moto e sem saber para onde eu estava indo era muito estranho.

"Vamos! Sinta o vento tocando sua pele, Dani!" - pediu Fábio. - "Vire devagar para a esquerda, vamos fazer a volta."

"Nããão!" - protestei aos berros. - "Eu não consigo..."

"Consegue! Acredite em você, garota! Você já teve provas suficientes nos últimos dias para saber que é muito mais forte e capaz do que imaginava." - foi me motivando e dando confiança.

Engraçado, Fábio devia amar motos mesmo, porque eu nunca o achei muito centrado. Na verdade eu o achava um lunático na maioria das vezes! Mas, ali, com a moto, ele estava realmente sendo didático. É, não sei se é bem esse o termo porque em aula nenhuma de direção devem mandar fechar os olhos! Mas, aqui, funcionou.

Fui seguindo os conselhos de Fábio e, em poucos dias, eu já gostava muito da minha moto e conseguia pilotar bem também. Quem diria, eu pilotando, bem e gostando!

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<<Narrador>>

Na mansão Sillman as coisas não estavam nada bem desde o enterro. Após a visita do doutor Lousada, Stênio foi proibido de sair do quarto. O eletro acusou que seu coração estava fraco e era imprescindível que ele não se aborrecesse. Esse cárcere forçado de Stênio foi essencial para que ele não se aborrecesse porque desde que voltaram do enterro, Greg e Geanete só brigavam. A situação estava tão ruim que, muitas vezes, Greg ia para a velha comunidade usar drogas e nem voltava mais. Aparecia em casa de manhã, quase na hora do almoço, parecendo um maltrapilho. Nesses dias ele nem ia trabalhar. Logo ele que nunca deixava de trabalhar porque dizia que não queria ser corrompido pelo sistema!

Canta Pra MimOnde histórias criam vida. Descubra agora