Capítulo 39

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CAPÍTULO 39

<<Narrador>>

Jorge e Marcos decidiram que este último representaria apenas Geanete. Se Lousada quisesse, que procurasse um outro advogado. No dia seguinte a gravação feita por Jorge em seu celular seria apresentada à polícia, assim como um laudo médico atestando a insanidade de Geanete, emitido pela clínica onde ela acabou sendo internada durante a tarde.

À noite, Jorge foi procurar por Stênio logo após o jantar. Seu avô ainda não sabia da internação de sua filha.

"Vovô, posso falar com o senhor?" - pediu Jorge ao entrar no quarto.

"Mas a que devo o milagre da visita do meu neto?" - perguntou Stênio sarcasticamente.

"Vovô, se eu disser que sou um idiota, isso ajuda?" - perguntou Jorge enquanto se aproximava.

"Você, um idiota? Nããão! Você é o todo poderoso presidente da Sillman. O senhor dono da razão." - continuou ironizando Stênio.

"Não, vovô. Eu sou um idiota que se achava esperto. Um babaca que só olhava o próprio umbigo e, por isso, está perdendo um a um o afeto das pessoas que mais amo." - falou Jorge se ajoelhando ao lado da cama do avô , abaixando a cabeça no colchão e segurando sua mão.

Stênio ficou sem entender o gesto do neto. O que teria acontecido para Jorge estar agindo daquela maneira?

"Vovô, se um dia o senhor puder me perdoar por todas as burradas que fiz..." - chorava Jorge.

Stênio ainda continuava calado, tentando entender o que estava acontecendo.

"Sabe, vovô, eu cresci tendo o senhor como meu herói, só meu. Depois, aprendi a seguir seus passos e quis me tornar presidente da Construtora porque o senhor queria que eu fizesse isso. Mas, quando o senhor começou a dar atenção à Nathalie, eu fiquei com tanto ciúme, que isso virou uma doença que foi me corroendo e me afastando do senhor..."

"Mas, eu nunca passei a te amar menos por causa dela, meu filho!" - disse Stênio afinal.

"Acredite, vovô, hoje eu entendo isso. E é por saber do quanto fui idiota que gostaria de pedir o seu perdão. Quero uma nova chance para nos reaproximarmos. Quero voltar a ser o seu neto que dividia todos os seus segredos e pensamentos com o senhor. Será que ainda posso ter esperanças quanto a isso?" - chorava Jorge.

"Ô, meu filho... Sua ausência sempre foi tão cruel para mim..." - comentou Stênio que, agora, também chorava.

Jorge se levantou, tirou os sapatos e deitou-se na cama ao lado de seu avô. Se abraçou ao idoso como fazia nos tempos em que era um moleque, pedindo colo. Chorou copiosamente. O peso de todas as emoções dos últimos dias brotou com toda a intensidade. Stênio se limitava a acariciar a cabeça de seu neto esperando que o choro diminuísse, para poder tentar entender tudo o que estava acontecendo. Quando Jorge acalmou-se um pouco, foi ele mesmo quem falou:

"Vovô, por que o senhor nunca mais casou depois da morte da vovó Jackie?" - Jorge perguntou enquanto olhava para a velha foto de sua avó, que nunca saíra do criado mudo ao lado da cama de Stênio.

"Não casei novamente, meu filho, por um simples motivo: só amei uma mulher em toda a minha vida. Sua avó era o sol dos meus dias, era a alegria das minhas manhãs. Quando Jackie se foi, um imenso vazio se criou em mim. Tentei preenchê-lo com sua mãe e você, mas nunca consegui..." - explicou.

"Imaginei... - balbuciou Jorge.

"Por que você está me perguntando isso, meu filho?" - indagou Stênio curioso.

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