Capítulo 12

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CAPÍTULO 12

<<Nathalie>>

"Ok, mocinha, já tivemos a nossa hora de recreio, mas vamos voltar ao foco!" - falou Douglas.

"É, já está quase amanhecendo!" - exclamou Cacau.

"Também, são 5h20 horas da madrugada! - falou Josué que acabava de entrar no quarto seguido por Fábio. Os dois traziam copos de café.

"Eu nem imagino onde possa ter xícaras nessa casa!" - foi se explicando Fábio.

"Por mim está tudo bem." - fui falando enquanto pegava um dos copos.

"Nada disso, mocinha!"- exclamou Douglas tirando o copo das minhas mãos. - "Primeiro vamos coletar o material para o DNA, tenho pressa. Estique o braço por favor."

Fiz o que ele pedia e ele procedeu como se eu estivesse em um laboratório fazendo exame de sangue.

"Mas, como você vai usar esse sangue para parecer que é do corpo carbonizado?" - perguntou Cacau interessada.

"Vou utilizá-lo como sendo material intra ósseo. Alguém da família da Nathalie será chamado para doar uma amostra que eu compararei com essa aqui e a identidade do corpo será atestada."

"Sinistro!" - exclamou Fábio parecendo que estava fazendo parte de um filme de ação.

"Bem, preciso ir. O carro será incendiado às 6h45 e pego no plantão às 7 horas. Como sempre chego cedo, ninguém desconfiará. Cacau, cuide da Daniela!"

"De quem?" - perguntou Josué confuso.

"Dela." - Cacau apontou para mim.

"Ah, tá... Identidade nova que nem nos filmes de James Bond!" - falou Fábio, dessa vez com cara de telespectador vendo CSI.

"Quer dormir mais ou podemos começar o nascimento da Dani?" - perguntou Cacau animada.

"Dormir? Quero agora tomar um café e logo em seguida começar a ação. Quero ter minha vida de volta o quanto antes." - falei decidida enquanto pegava o copo de café que Douglas havia tirado de mim."

"De volta, em parte... A Daniela tem que ser diferente de você em tudo. Vamos mudar o guarda roupa, os cabelos, o jeito de andar e até os gostos." - informou Cacau.

"Como assim???"

"Simples, você vai ter que ser muito diferente e matar a freirinha também! Meninos, saiam do quarto! Preciso falar com ela." - ordenou Cacau.

Douglas já havia ido para o plantão mesmo, restou a Fábio e Josué atenderem ao pedido dela. Depois que eles saíram, ela sentou de frente para mim e começou num tom grave.

"Querida, depois de tudo que você viveu ontem e que o Douglas falou, você já viu que nada aqui será fácil. Sinto muito, mas sou prática. Ontem essas pessoas te tocaram de maneira grosseira. De certa forma, isso foi positivo para você entender. Seu recato terá que ser esquecido. Se for preciso usar decotes, mostrar os seios e se insinuar para estranhos para voltar a ser Nathalie, você terá que fazer. Ou ainda vai querer ficar presa no conto de fadas que foi sua vida até agora e ser a eterna freirinha?"

Parei para analisar o que eu tinha acabado de ouvir. Ela não estava exagerando dessa vez. Eu realmente teria que agir assim, o que seria uma mudança muito radical, mas necessária. E teria que acontecer. Seja lá quem for que armou para mim, eu iria descobrir. E como Harry Potter tentando afastar os dementadores de perto, encarei todos os meus fantasmas e meu subconsciente gritou para mim:

"Spectro Patronum!"

Sim, eu estava decidida! Daniela seria o meu patrono, o ser de luz capaz de afastar os fantasmas que queriam sugar a minha alma, o meu último suspiro. E para usar essa luz, eu iria até as profundezas mais escuras para resgatar o meu eu que estava em casa escutando SUICIDE BLOND e esperando o entregador de jornais na manhã do dia 19 de março.

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