Capítulo 18

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CAPÍTULO 18

<<Narrador>>

Duas semanas depois do enterro, a família de Nathalie já tentava voltar a uma certa normalidade e Gustavo, seu irmão, ligou para Nelson:

"Senhor Olivetti, o senhor nos deixou seu cartão. Sou irmão da Nathalie."

"Ah, sim, claro! Seria um imenso prazer se pudessem me receber..."

"Pode ser no sábado?"

"Posso sim. Às nove?"

"Sim, está ótimo. Até lá!"

"Até!"

No sábado, Nelson Olivetti chegou ao bairro onde moravam os pais de Nathalie, em Taubaté. Estavam lá eles, seus irmãos, sua cunhada, seu cunhado, seus sobrinhos e o Edu. Ele havia ligado para Gustavo para saber como estavam as coisas e ficou sabendo da visita do advogado. Edu achou que seria muito importante estar presente para poder repassar as informações. Como Nathalie e seus amigos se tratavam sempre como irmãos, aquele tipo de atitude não pareceu suspeita para ninguém.

Quando estacionou sua Range Rover na rua, Nelson ficou impressionado com a simplicidade da casa. Era uma casa de um pavimento, sem laje, com telhado de cerâmica em estilo colonial, um varandão na frente que se estendia para o lado direito da casa, que terminava na entrada da cozinha. A casa tinha muro baixo, um pequeno quintal onde ficavam dois cachorros, o Bola e o Zec. Uma sala, um banheiro, dois quartos e a cozinha. As portas e janelas, bem antigas, eram de madeira.

Uma casa daquelas certamente não era de alguém que tivesse ganhando muito dinheiro ou de um parente próximo. A não ser que não se dessem bem. Mas, tudo bem, era melhor averiguar direito, afinal poderia se tratar do caso de Nathalie estar enriquecendo inescrupulosamente e não ajudando aos seus pais!

"Bom dia!" - saudou Nelson.

"Bom dia!" - responderam.

"Eu vim aqui para me inteirar um pouco mais da vida da Nathalie. Fui seu último advogado, mas não sei quase nada a respeito dela."

"Isso eu não entendi. Por que o senhor e não os advogados da Sillman?" - perguntou minha mãe.

"Se os advogados da empresa defendessem sua filha poderia parecer que..."

"Que...?" - perguntou Edu.

"Vocês me desculpem. Estou respondendo do jeito que é e não o que acho. Bem, se eles defendessem a Nathalie poderia parecer que a empresa compactuava com o desvio de verbas públicas que ela cometeu."

"Mas, a Natha..." - começou a protestar meu pai, que foi logo interrompido por Nelson.

"Também acredito que sua filha não tenha feito nada do que a acusaram. Mas, não basta acharmos. É preciso que provemos. Não sei se é isso que vocês querem, mas não gosto de perder uma causa e, se vocês me permitirem, quero dar prosseguimento. Quero provar a inocência da Nathalie. Sei que isso não a trará de volta, mas pode trazer paz a vocês." - explicou Nelson.

"É merecido." - afirmou Edu.

"Sim, é. Por mim pode prosseguir." - respondeu Gustavo.

"Tio? Tia?" - perguntou Edu.

Os pais dela consentiram e responderam a mais algumas perguntas formuladas por Nelson.

No final, Gustavo foi com ele até Campinas para fazerem uma busca casa de Nathalie. Nelson queria conhecer o lugar que ela vivia, observar seus pertences para poder estabelecer seus hábitos. Se ele conseguisse comprovar que tudo que ela tinha era compatível com seu salário...

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