Capítulo 20

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CAPÍTULO 20

<<Narrador>>

Depois daquela reunião trágica, Jorge foi para sua sala. A manhã já tinha começado péssima na mansão Sillman. Quando ia sair de casa, flagrou uma discussão de seus pais.

"... Você é a culpada Geanete! O Jorge é vítima sua!" - esbravejava Greg.

"Eu?"

"Você sim. Quando engravidou, disse que não iria mais frequentar a comunidade comigo por causa do bebê. Eu aceitei. Aí ele nasceu e o que eu via? Seu pai mimando ele do mesmo jeito que te mimou ou mais! E a pobre da Rosalinda fazendo das tripas coração para ajudar e fazer dele um homem de bem! Porque você não tomava as rédeas da situação! Só pensava em você!"

"E qual era o problema de eu e o papai querermos proteger o Jorge e dar tudo?" - perguntou Geanete irritada.

"Nenhum. Vocês tinham dinheiro e dinheiro compra tudo mesmo, não é?"

"Claro que não!" - se defendeu a mulher.

"Compra sim, Geanete e você sabe disso. E é justamente por causa desse maldito dinheiro que o Jorge e a Sillman estão no problema em que estão!"

"Ora, cale-se, Greg!"

"Não, querida, eu não vou me calar. Vou abrir o bico..." - sentenciou Greg.

"Como assim abrir o bico?"

"Você entendeu muito bem. Vou a polícia contar tudo o que sei. O Jorge vai sofrer, mas eu sei que isso será o melhor para ele!" - sentenciou Greg.

Jorge ficou descontrolado com aquela situação. A que ponto seu pai chegara? Abrir o bico? Ele tinha realmente dito isso?

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A senhorita Marquese entrou uns 20 minutos depois na sala de Jorge abraçada com toda a papelada pendente para ele assinar e com a agenda em punhos para remarcar todas as reuniões agendadas para o dia. Era uma mulher baixinha, meio gordinha, de cabelos ruivos encaracolados e na altura do meio das costas. Seu jeito ágil e nervoso fazia com que, por vezes, ela fosse até cômica. Mas, inegavelmente, ela era muito eficiente.

Sua entrada tirou Jorge de suas recordações do início da manhã.

Contudo, uma reunião em especial ele não poderia remarcar e teve que engolir. Estava já ali na sala de espera o senhor Nelson Olivetti, advogado que estava agendado para às onze horas e, como ambos eram pontuais, Jorge aceitou recebê-lo. Ainda mais porque o assunto era Nathalie Bustamante. Após despachar com a senhorita Marquese, Jorge pediu para que ela conduzisse Nelson até a sala.

"Bom dia, senhor Lancaster!"

"Bom dia, senhor Olivetti! A que devo a sua visita?"

"Como o senhor deve ter sido informado, sou o advogado da senhorita Bustamante no caso da Operação Castelo de Areia."

"No caso, era, porque a Nathalie morreu." - rebateu Jorge.

"Não. Ainda sou porque seus pais aquiesceram que eu desse continuidade ao caso. Portanto sou o advogado dela para defendê-la postumamente."

"Caramba, isso é chic! Uma ladra que tenta limpar seu nome mesmo depois de morta!" - falou Jorge com um sorriso irônico.

"Por que o senhor tem tanta certeza de que a Nathalie era uma ladra, senhor Lancaster?"

"Porque tive acesso a alguns dados preliminares de uma auditoria que ordenei que fizessem nas obras depois que esse escândalo estourou e, realmente, estava havendo desvio de verbas." - respondeu Jorge calmamente.

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