CAPÍTULO 26
<<Nathalie>>
Enquanto Jorge cantava o rapaz chegou na minha mesa e começou a conversa:
"Posso sentar, princesa?"
"Por que eu deveria permitir?" - perguntei tentando intimidar e tirar o cara dali.
"Porque eu quero te conhecer melhor."
"Ai, esse papinho tão sem graça... Será que vocês homens leem o mesmo manual de cantadas prontas?" - perguntei entediada.
"Certamente que não. Porque um homem quando quer, ele apenas deixa bem claro qual é o seu lugar!" - falou Jorge que havia terminado de cantar, saído do palco, e ido diretamente para a mesa se colocando por trás de mim em pé e segurando meus ombros.
"Ops, foi mal! Não sabia que ela estava acompanhada..." - desculpou-se o rapaz.
"Estou?" - perguntei desafiadoramente e, ao mesmo tempo, muito incomodada com o toque de Jorge.
"Sim, está. Até que me mande sair, está." - respondeu Jorge tirando meu capacete da cadeira e sentando-se ao meu lado.
O rapaz voltou para sua mesa e Jorge continuou:
"Dani, não vou dizer que você canta bem porque isso seria outra cantada barata, porque nós dois sabemos que somos bons cantores. Mas, eu tenho que dizer que estou fissurado em você!"
"Ah, e isso não é uma cantada?" - questionei.
"Não. Seria cantada se eu quisesse ficar com você e a diferença é que eu não quero, mas eu vou ficar com você!" - falou o Jorge arrogante que conheci na Sillman.
Nesse momento em que ele agiu como o frio homem de negócios que conheci na Construtora, minha revolta cresceu. Era exatamente por causa dele e do seu jeito que eu estava passando por tudo aquilo. Dinheiro, era isso! Foi por isso que ele fez tudo comigo, ou melhor com a Nathalie!
"Eu não teria tanta certeza. Sou livre, não aceito ordens, muito menos de pretensos senhores da verdade." - falei decidida, porém docemente.
"Então é isso, Dani? Um desafio?"
"Claro que não. Apenas não vai rolar porque não sou um brinde que você acaba de ganhar com sua performance no palco."
"Eu não disse que era." - respondeu me encarando.
"Mas pareceu e eu não gostei." - falei enquanto levantava e pegava meu capacete.
Na verdade, eu estava fugindo. Ter Jorge perto de mim não era tão fácil quanto eu pensei que seria. Seu toque me deu muito nojo. Não sei explicar, mas me deu vontade de desistir, de gritar toda a verdade. Mas, eu não podia. Por mim e por meus amigos eu não poderia. Só me restava fazer uma saída teatral e deixar para o dia seguinte.
"Você acha que o mundo gira em torno de você?" - perguntei enquanto saia e lhe dava as costas.
Saí rapidamente em direção à porta e nem ao menos paguei a conta. O segurança fez menção de impedir, mas recuou.
Eu só não contava com a reação tão rápida de Jorge, que me alcançou quando eu estava quase montando na moto. Ele me puxou pelo ombro, encostou-me na lateral de sua Mitsubish, colou seu corpo no meu e disse:
"Eu não desisto do que eu quero, Dani!"
Jorge agarrou os cabelos da minha nuca puxando meu pescoço para trás. Com o peso de seu corpo afastou minhas pernas colocando a sua perna entre as minhas, me dominando completamente e me deu um beijo quente e ardente. Nunca na minha vida eu tinha sido beijada assim. Por uma fração de segundos eu retribuí seu beijo. Mas aí eu lembrei que era ele. Um nojo súbito brotou em mim. Com uma joelhada, acertei-o e deixei-o vendo estrelas. Me desvencilhei dele, subi na moto e falei:
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Canta Pra Mim
RomanceNathalie Bustamante tinha uma vida perfeita. 35 anos e a garota pobre de Taubaté já era diretora de empreendimentos e finanças de uma grande Construtora em Campinas. Morava com seu gato, tinha a casa e o carro que queria, além do trabalho que era su...