CAPÍTULO 29
<>
Eram quase 20h30 quando Marcos deixou Jorge na mansão Sillman. Geanete foi avisada por Isadora da sua chegada e correu ao seu encontro ainda na sala de visitas.
"Meu filho, como você está? Te trataram mal?" - perguntou muito preocupada.
"Estou ótimo, mamãe. Preciso apenas tomar um banho e relaxar." - respondeu friamente enquanto se encaminhava para subir as escadas que conduziam aos quartos da mansão.
"Vou pedir ao doutor Lousada para lhe dar um calmante." - falou sua mãe solícita.
"Não. Já disse que estou bem." - reafirmou energicamente.
Geanete ficou ali parada, sem saber o que fazer. Jorge foi para seu quarto. Continuava frio e distante como estava desde que foi preso no Cemitério municipal. Tomou banho, mas não se preparou para dormir como era de se esperar. Ao invés disso, se arrumou para sair.
Isadora estava vindo ao seu quarto perguntar o que ele queria comer exatamente no momento em que ele abriu a porta.
"Sim?" - perguntou ele.
"Senhor, o que gostaria de comer?" - perguntou a moça espantada por vê-lo arrumado para sair.
"O que tem de jantar?"
"Sua mãe e seu avô tomaram sopa de abóbora. Quando soube que o senhor viria, mandei preparar lasanha à bolonhesa. Mas, se quiser qualquer outra coisa..." - explicou Isadora nervosamente.
"Lasanha está bom. Já estou descendo para a sala de jantar." - falou pausadamente como se nada de anormal estivesse acontecendo em sua vida.
"Sim, senhor."
Jorge e Isadora desceram. Enquanto a moça foi tomar providências para que o jantar fosse servido, Geanete veio ao encontro do filho.
"Jorge, que roupa é essa?"
"Calça cinza de linho, camisa social azul claro, sapatos italianos e suéter cinza." - descreveu sarcasticamente.
"Eu estou vendo a roupa, Jorge, não seja infantil. Quero saber por que você está arrumado?"
"Ué, mamãe, porque vou sair! Nunca ouviu falar do filme Matou a família e foi ao cinema?"
"Jorge, meu filho, por favor não fale assim!" - implorou Geanete nervosamente.
"Mamãe, deixe-me comer em paz." - pediu, dessa vez sem alterar o tom da voz.
"Você deve estar cansado, meu amor. Vou deixá-lo. Mas, lembre-se de que eu o amo." - falou Geanete e depois seguiu para seu quarto ainda muito atordoada com as atitudes do filho.
Jorge não respondeu nada. Ficou calado também durante todo o jantar. Nem ao menos trocou uma palavra sequer com a empregada que o serviu, nem com Isadora. Terminou de jantar, voltou ao seu quarto, escovou os dentes, pegou a chave e o documento da Mitsubish e saiu.
Chegou ao karaokê bem depois das 22 horas. Dessa vez ele não foi para uma mesa sentar-se. Percorreu o olhar pelo salão até que a encontrou. Dani estava lá! Mais uma vez numa das mesas do fundo. Ele precisava ir até lá. Mas, antes, precisava fazer uma coisa.
Foi até a mesa de som conversar com o apresentador. Como era cliente assíduo e deixou uma gorjeta de agrado, conseguiu o que queria. A apresentação de uma senhora que estava cantando acabou e começaram os acordes de Chasing Cars do Snow Patrol. Jorge pegou o microfone e começou a cantar:
"We'll do it all everything, on our own/ We don't need anyrhing, or anyone/ If I lay here, if I just lay here/ Would you lie with me..."
Mais uma vez Jorge cantou olhando diretamente para Dani.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Canta Pra Mim
RomansNathalie Bustamante tinha uma vida perfeita. 35 anos e a garota pobre de Taubaté já era diretora de empreendimentos e finanças de uma grande Construtora em Campinas. Morava com seu gato, tinha a casa e o carro que queria, além do trabalho que era su...