Capítulo 27

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CAPÍTULO 27

<<Narrador>>

Jorge foi direto para a mansão depois que a dor da joelhada que levou passou. No trajeto sua cabeça só pensava em como aquela mulher era desafiadora. Ele nunca tinha sido rejeitado daquela maneira, nunca! Estava acostumado a conquistar facilmente, primeiro porque tinha dinheiro e segundo porque sabia que tinha pegada. Mas, por que ela não caíra em sua teia?

"Que mulher é essa? Será que ela existe mesmo?" - resmungava consigo mesmo enquanto chegava aos portões da mansão.

Mas, quando Jorge chegou à mansão e viu as luzes dos quartos de sua mãe e seu avô acesas, todo o seu mundo de conquistas se dissipou. Em sua mente apenas vinha a lembrança agora de que seu pai estava morto. Certamente alguém iria dizer à polícia que ele esteve lá no Jardim Londres. Qual álibi iria usar?

Entrou na garagem e rumou diretamente para seu quarto. Pelas luzes acesas sabia que nem seu avô nem sua mãe estavam dormindo. E o carro do doutor Lousada ainda estava lá. Andava meio sem paciência para o médico desde que descobriu há uns meses atrás que ele e sua mãe estavam tendo um caso, mas acabava tendo que engolir sua presença por causa dos cuidados com seu avô.

Quando passou pelo quarto de sua mãe, encontrou o doutor saindo de lá.

"Meu filho, como você está? Quer que eu faça uma aferição da sua pressão?" - perguntou o médico, parecendo preocupado.

"Eu? Não, não... Estou bem. Mas e minha mãe e meu avô?"

"Seu avô foi medicado antes de receber a notícia e está sendo monitorado. Sua mãe teve também algum problema na Obra Social e chegou muito nervosa, com a pressão alterada e ministrei-lhe um calmante."

"Mas, o que houve? Ela falou o que aconteceu?" - insistiu Jorge.

"Nada demais. Parece que veio uma encomenda errada e a transportadora disse que o erro foi da própria Obra Social ao fazer o pedido. Um problema simples de dona Geanete resolver em condições normais. Mas, devido ao choque da morte de seu pai, qualquer probleminha assume uma proporção imensa. Por isso a crise nervosa." - explicou solícito.

"Vou tomar um banho e dormir."

"Não quer ver seu avô?"

"Não, doutor Lousada. Eu não seria uma boa companhia para meu avô." - respondeu secamente enquanto virava as costas e saia para o quarto sem ao menos se despedir do médico.

Jorge tirou os sapatos e deitou em sua cama com a roupa que estava. Suas últimas semanas estavam sendo muito agitadas. Parecia que tudo estava dando errado. Por que seu pai tinha que ter agido daquele jeito? Se ele simplesmente tivesse continuado trabalhando naquela tarde... Por que ele bebeu? Por que insistir em ir à polícia? Tudo poderia ser diferente, ele poderia estar vivo agora...

Na manhã seguinte, Jorge foi acordado por Isadora.

"Senhor Lancaster, perdoe-me, mas telefonaram do IML dizendo que o corpo já foi liberado."

"Tudo bem, Isadora. Vou resolver isso. E minha mãe?"

"Ainda dorme, senhor. O doutor Lousada dormiu no quarto de hóspedes para qualquer emergência."

"Ótimo..."

Isadora se retirou do quarto e, antes mesmo de levantar da cama, Jorge pegou o celular e ligou para Marcos, o filho de Rosalinda.

"Marcos, bom dia."

"Bom dia, Jorge. Como estão as coisas?"

"Indo. Mamãe dopada, vovô sendo cuidado e eu não levo jeito para nada disso. Sei que não é sua função, mas o que eu vou pedir não estou pedindo para o advogado da Sillman e sim para o amigo da família." - apelou.

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