Capítulo 11

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CAPÍTULO 11

<<Nathalie>>

Tomei um banho. Vesti um pijama que Cacau trouxe para mim, tomei a sopa e, como estava muito cansada, assim que Douglas começou a me fazer cafuné, apaguei. Devia ser umas onze horas da noite quando dormi e finalmente aquele dia de terror acabou.

Apesar de tudo que passei, o cansaço era tanto que nem tive pesadelos, nem sonhos, simplesmente desliguei. Ainda não tinha amanhecido quando a Cacau me acordou.

"Que horas são?" - perguntei me encolhendo mais nas cobertas como criança quando a mãe vai acordá-la para ir a escola.

"São quatro da manhã. Não amanheceu ainda. Precisamos apenas que você acorde por uns instantes e depois volte a dormir se quiser..."

"Por quê?" - perguntei ainda muito sonolenta.

Nisso o Douglas entrou no quarto e disse:

"Nathalie, meu amor, vá ao banheiro e volte logo!"

Não entendi nada, mas fiz o que ele estava mandando. Cacau me conduziu porque além de eu não conhecer a casa direito, eu estava tonta de sono e cansaço. Quando voltamos, ele pediu para que eu sentasse e prestasse muita atenção no que ia dizer, que o assunto era sério e seria longo. Eu fiz que sim com a cabeça. Entendi que ele havia me pedido para ir ao banheiro porque não queria ser interrompido. Me recostei na cabeceira da cama ao lado da Cacau, ficando de frente para ele.

"Meu amor, talvez todo o sofrimento que você passou ontem seja pouco diante do que está por vir. Não sei mensurar se o pior será a dor física ou a emocional. Você precisará se arriscar, assim como todos nós, para limpar seu nome e ter sua vida de volta."

Ele fez uma pausa como se estivesse me dando tempo para assimilar o que havia dito. Depois, continuou.

"No final de semana passado eu fui procurado por uma pessoa da Sillman que disse que estava desconfiada de que estavam armando algum golpe para você."

"Por que alguém da Sillman procuraria você para falar de mim?" - estranhei.

"Ora, Nathalie, todos sabem que você não é uma pessoa que tenha muitos amigos e, pelo que lembro, já estive na empresa para te ajudar com o caso do furto daquele seu Fiesta! Lembra?"

"É, Douglas, lembro que pedi a você para me ajudar junto com os advogados da Sillman a resolver aquela situação do seguro do carro." - lembrei.

"Pois é, continuando, ele me disse que teve acesso a uns papéis muito suspeitos e que te incriminariam..."

"Os tais extratos de contas na Suíssa que os jornais estão falando."- explicou Cacau.

Eu não conseguia dizer nada, apenas queria ouvir e tentar entender o que armaram para mim. Douglas continuou:

"Ele disse que te conhecia bem o suficiente para saber que você não faria nada ilegal e que não confiava na pessoa que estava portando os papéis. Papéis esses que ele viu num descuido da pessoa..."

"Espera aí!" - pedi - "Quem é o cara que te procurou e quem é que estava com os papéis para me incriminar?" - perguntei mal contendo minha raiva e indignação.

"O cara dos papéis é um tal de Freitas e o outro não posso dizer."

"Nem para nós ele contou. Disse que a identidade de um informante deve ser sempre sigilosa para proteger a ele e a nós." - explicou Cacau.

Nesse momento lembrei de quantas vezes o Amaral me advertiu para não confiar no Freitas. E eu sempre respondia que o Amaral era cuidadoso até demais, sempre vendo perigos onde não há! Mal sabia eu...

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