Capítulo 30

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CAPÍTULO 30

<<Narrador>>

Dani deixou que Jorge a acompanhasse até a sua moto. Ele pagou a conta dos dois e sentiu uma vontade irresistível de segui-la. Mas, decidiu esperar pela noite seguinte. Essa loira era diferente, ela mexia com ele. Fazia com que ele tivesse vontade de ser uma pessoa melhor. Pensando nela, Jorge até se recriminava por todos os erros que cometera até ali, mas já era tarde... Ninguém pode apagar o passado, o melhor seria realmente tentar melhorar o seu futuro, pelo menos o que desse e enquanto desse.

Ele voltou para a mansão e, mais uma vez, todos estavam dormindo. O carro doutor Lousada estava lá, o que significava que o médico estava dormindo ali. Provavelmente no quarto de sua mãe, ou, quem sabe, passando só um tempinho lá e depois despistando no quarto de hóspedes. Jorge ainda não tinha engolido aquela história de Lousada ir atender a outros clientes e ter deixado seu avô sozinho durante o sepultamento do seu pai. Ele era muito bem pago para cuidar de Stênio, não precisava de outros clientes para manter-se. E, com certeza, Lousada não seria tão caridoso para cuidar de clientes apenas pelo amor à medicina. Decidiu que mais tarde tiraria isso a limpo com ele.

Por hora, queria dormir. Esquecer tudo o que estava acontecendo. Sua vida era perfeita até a chegada daquela insuportável da Nathalie. Ela foi chegando como quem não queria nada e roubou o afeto e a atenção de seu avô. Tudo bem que era competente, mas certamente deveria haver uma boa parcela de pessoas competentes pelo mercado de trabalho também. Mas, seu avô insistia que ela era a melhor, que a empresa precisava dela. Até aí, tudo bem... Mas, neta! Seu avô a tratava por minha neta! Isso era duro demais de aceitar. A sujeita chega na empresa, rouba a sua atenção e agora o amor de seu avô.

Nathalie foi minando com um a um dos seus afetos. Primeiro seu avô e depois sua mãe, que passou a perder longas horas no escritório da Sillman visitando aquela ordinária quando logo depois passava no seu escritório apenas para lhe dar um beijo. No fundo Jorge estava muito feliz em Nathalie ter morrido e saído do seu caminho. Era mais do que ele poderia ter esperado...

Mas, de certa forma, essa alegria foi quebrada pela atitude irracional de Greg. Por que ir à polícia? Falar o quê? O que seu pai sabia de tudo que ele havia passado até agora para poder ameaçar a sua felicidade desse modo dizendo que ia fazê-lo sofrer indo à polícia, mas que mesmo assim iria ser melhor?

Com todos esses questionamentos passando por sua cabeça, Jorge só conseguiu pegar no sono bem tarde.

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<<Nathalie>>

Saí do karaokê repensando tudo o que aconteceu naquela noite. A proximidade que consegui com Jorge foi um bom ponto para começar a aprofundar meu plano. Mas, a que preço? Tive que suportar seu abraço, seu beijo, sua proximidade...

Ao lembrar do seu beijo, confesso que lá no fundo eu quis, só por um segundo, que ele não fosse o monstro que era. Se Jorge fosse um outro cara e todo aquele ar de descolado e apaixonado fosse verdade, até que seria muito bom. Mas, tudo aquilo só serviu para me mostrar o quanto aquele homem era realmente perigoso. Ele interpretava muito bem o papel de pessoa normal e sem problemas, contrastando fortemente com o assassino frio que matou o pai e premeditou para que eu passasse o resto da minha vida na cadeia. E, como será que ele se sentia em relação à minha morte? Sim, porque para ele a Nathalie estava morta, o que significava que ele, de alguma forma, a levou a isso. Afinal, Nathalie foi morta por ter cometido um desvio de verbas. Se ele sabe que ela não cometeu e que ele foi o culpado, então, certamente, ele era indiretamente culpado por sua morte.

"Que sangue frio tem esse cara! Mas, eu vou ter mais do que ele! Ah, vou sim!" - pensei enquanto entrava no apê.

Tomei um banho, coloquei um pijama e fui tentar dormir, mas não consegui pegar no sono. Mandei um SMS para Cacau:

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