E enfim, o amor...

Capítulo 1

"Se você me desse um neto, eu teria um motivo para viver" - disse a Dona Cândida, mãe de Fernando.
Fernando sentia-se frustrado com as palavras de sua mãe.
Estava tão irritado que saiu do chalé e ascendeu um cigarro. Ao dar uma tragada, sentiu culpa por adiar mais uma vez a idéia de parar de fumar. Naquele momento, a morte não parecia tão ruim.
Caminhou pelo jardim, pensando no fracasso ao tentar motivar sua mãe a fazer algo de bom para si mesma.
A morte de seu pai, Seu Getúlio, fez com que Dona Cândida caísse em depressão, incapaz de reunir energia ou vontade para levar uma vida melhor e ativa. Alguns dias naquele spa no campo pareceram uma ótima idéia, mas não se operava o milagre esperado. Ela apreciava o tratamento de luxo disponível... experimentava uma massagem Reiki naquele instante... mas ainda não havia encontrado um novo rumo.
Era impossível para Fernando, a mãe dele condicionar o resto da vida dele, à possibilidade de ele dar ou não os netos que ela tanto desejava.
Havia muitas outras formas de Dona Cândida preencher o vazio que o marido tinha deixado. Ela era jovem ainda, na verdade bem jovem... Quando se arrumava, ela ficava linda e atraía olhares. Certamente o pai de Fernando não desejaria que ela permanecesse pra sempre nesse luto.

Dona Cândida ( Rosamaria Murtinho)
70 anos de idade.

Se ela saísse mais... Talvez até conhecesse alguém... Por que não? Mas ela parecia não escutar ninguém.
Parado nos degraus de pedra do jardim, Fernando ascendeu mais um cigarro. Observou a fumaça subir no ar frio e ser levada pelo vento, como toda uma geração de mulheres que se contentavam em ser mães e esposas.
Fernando já havia se relacionado com muitas mulheres, e muitas delas consideravam ter filhos como um entrave a liberdade, algo a ser evitado até que se achassem prontas.
Fernando torceu o lábio, irônico. Ele pensou...

- Já estou com quarenta e cinco anos! Estou mais que pronto para me tornar pai. - sorriu sozinho.

Fernando já havia aproveitado bastante a liberdade de solteiro, e começava a achar a vida vazia. Já tinha alcançado suas metas profissionais, e a empresa de comércio e representações que ele era dono, já tinha se tornado algo sólido, o qual lhe assegurava estabilidade financeira para um futuro bastante confortável.
Fernando não se sentia propriamente solitário, mas a idéia de formar uma família era tentadora.
Tinha certeza que seria um ótimo pai, a exemplo de seu próprio. A percepção trazia uma série de recordações e uma pontada repentina de pesar. A sua mãe não era a única que sentia saudades... Nesse instante Fernando suspirou para aliviar a dor da perda e determinou-se severo, a seguir avante. Era preciso seguir. Não havia como recuperar a época em que o seu pai estava presente.
Infelizmente, a crença de Dona Cândida, que Fernando, seu único filho, poderia se casar e gerar uma família no momento em que desejasse era pura fantasia nos dias atuais.
Conhecer uma mulher disposta a cooperar com um plano de vida tão arcaico, era como encontrar uma agulha em um palheiro.
Tudo... carreiras, viagens, viver intensamente... vinham antes de ter um bebê, já que a maternidade implicava um compromisso extremo, que nenhuma mulher queria assumir antes de se julgar pronta.
Para se tornar pai, teria de se juntar a uma moça bem jovem, que ainda não soubesse bem o que queria, ou então uma mais velha, cujo o relógio biológico já havia começado a tocar.
Nenhuma dessas opções atraía Fernando... Ele precisava de algo a mais....
Talvez ele não soubesse ainda, mas ele desejava alguém que o completasse de verdade, e não apenas uma qualquer que estivesse disposta a constituir com ele uma família.

Olá genteeeee! Os capítulos serão mais curtos, porém espero que apreciem a história.
É muito importante a opinião de vocês, então espero que comentem afim de me incentivar!

Bjs e até o próximo....

Jubs 😘😘😘😘😘