E enfim, o amor...

Capítulo 29

Passaram-se dois meses...

Fernando olhou para o relógio novamente. Só havia se passado um minuto desde que verificou as horas pela última vez. Parecia fazer um milhão de anos e, mesmo assim, ainda faltavam quatro minutos.

O padrinho aproximou-se.

- Se está esperando pontualidade, Fernando, esqueça. As noivas sempre se atrasam. - disse Tony.

Ele sorriu triste para o velho amigo Tony Lemos. Partilhavam boas lembranças, mas não podia lhe revelar as incertezas que o assolavam durante aquela espera.

Tony Lemos ( Reginaldo Faria).

- É verdade. - Fernando replicou, simplesmente.

Era verdade para os casamentos aos quais ele havia comparecido nos últimos anos. Não podia esperar que Lara surgisse exatamente às onze horas, mas, se isso não acontecesse, sua ansiedade atingiria níveis insuportáveis.
Ela havia se mostrado tão quieta, perdida em si mesma durante o ensaio na quinta-feira à noite, e não tinha visto mais ela desde então. Embora parecesse bem ao telefone, calma e atenta aos detalhes dos preparativos do casamento. Não acreditava que ela voltaria atrás àquela altura. Apenas... precisava que ela estivesse ali.
Alguém pousou a mão em seu ombro. Voltou-se e viu a mãe logo atrás, muito bonita em seu vestido nude.

- Fizeram um excelente trabalho com as flores. - comentou Dona Cândida.
- A igreja está lindíssima! - exclamou ela.

- Flores? Fernando sequer havia notado. Mas notou a concessão no tom da mãe. Ela finalmente havia se resignado ao inevitável?

- Você está linda, mãe. Estou muito orgulhoso. - afirmou Fernando, carinhoso. Ela havia emagrecido consideravelmente no último mês e, com o novo corte de cabelo, parecia dez anos mais jovem.
Dona Cândida ruborizou a face, porém não disfarçava a ansiedade.

- Só espero que seja feliz, Fernando. - declarou, maternal.

Ele assentiu, momentaneamente chocado demais para falar. Amava a mãe e queria que ela ficasse feliz por ele. Provavelmente, estava preocupada com o fato de outra pessoa passar a cuidar dele. Quando o casamento fosse um fato...

A comoção fora da igreja chamou-lhes a atenção.

- O carro deve ter chegado. - murmurou Dona Cândida.

Fernando verificou o relógio. Onze horas em ponto. Que alívio! Estava tudo bem. Lara queria aquele casamento tanto quanto ele. Até havia chegado pontualmente, quebrando a tradição das noivas se atrasarem.
Os convidados que aguardavam lá fora entraram na igreja para tomarem seus lugares. Entre eles, o padre Gastão, que cumprimentava os conhecidos à porta. Era um velho amigo, que havia realizado o casamento dos pais de Lara, bem como todas as cerimônias religiosas da família Rodrigues. Lara havia insistido para que ele conduzisse a cerimônia, embora já estivesse aposentado e, na opinião de Fernando, um pouco decrépito.
O padre sorriu bondoso para Fernando e pediu que ele e Tony tomassem seus lugares no altar, prontos para a entrada da noiva.

- Grande dia... grande dia... preciso fazer tudo certo. - balbuciava Gastão consigo mesmo, a excitação da ocasião deixando-o nervoso e agitado.

Fernando, por sua vez, havia relaxado. Bastante calmo, observava os convidados se sentarem nos bancos.

Ele cumprimentava e sorria aos amigos, à secretária, a funcionários. A mãe de Lara, foi a última a tomar seu lugar. Houve um burburinho de expectativa na igreja. Fernando ficou arrepiado quando a música começou.

Lara mantinha um sorriso brilhante nos lábios, mas Fernando achava forçado. Havia sentido uma reserva em Lia desde que se conheceram, e a impressão não havia se dissipado. Fossem quais fossem seus motivos, ela não era mais favorável àquele casamento do que sua mãe.
Mas isso não importava mais.
Lara estava ali.

Quando Lia deixou o corredor, desbloqueando a visão de Lara de braço dado ao pai, Fernando prendeu a respiração. Sua noiva... Foi um momento de encanto. Ela parecia uma rainha, aproximando-se com pompa. O vestido destacava as perfeitas curvas de seu corpo. A tiara adornava os cabelos de Lara, prendendo o véu que flutuava diante de seu rosto, dando um ar de mistério sedutor.
Fernando sentiu o coração inchar. A feminilidade latente despertava sua masculinidade. Queria colocar o mundo aos pés dela. Queria protegê-la de todo o mal. A exemplo dos cavaleiros antigos que iam à guerra por suas amadas. Lara era uma rainha... sua rainha.

Continua...