Capítulo 35

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Última noite da lua-de-mel...

As melhores duas semanas de sua vida, pensou Fernando. Sem dúvida. O nordeste era o refúgio perfeito do inverno, onde os recém casados puderam nadar, jogar tênis, mergulhar juntos pelas águas claras e límpidas de Maragogi, passear de lancha... fizeram tudo isso, viveram intensamente os dias de sol e as noites... ah, as noites...
Fernando recostou-se com a taça de vinho na mão, vendo a esposa consumir sua porção de camarões empanados. Haviam optado por jantar num restaurante de frutos do mar, um ambiente mais descontraído e íntimo que o restaurante do hotel. A mesa deles ficava na rua, onde eles podiam apreciar a imagem do mar, e as pessoas caminhando pela orla iluminada.
Era um começo de noite agradável, e Lara usava um vestido de verão cor de laranja. Estava linda à luz de velas.
Fernando mal acreditava na sorte de tê-la conhecido... e se casado com ela. Lara conjugava tudo o que o que sempre havia desejado em uma mulher... era divertida, companheira nos esportes, adorava um desafio e a adrenalina de todas as atividades que partilhavam, uma parceira incrível... principalmente na cama. Nunca havia feito sexo tão bom. Nem com tanta frequência. Bastava olhar para ela... pensar nela... para ficar totalmente excitado, e Lara era maravilhosamente desinibida quanto a encorajá-lo, sem mencionar a vontade em satisfazê-lo completamente, como ele desejava satisfazê-la.
Sua pele levemente bronzeada brilhava como cetim. Fernando tinha de se controlar para não passar a mão nela a toda hora. O corpete do vestido moldava-se às formas esplendorosas, o decote baixo revelava o vale tentador entre os seios. Ele sabia que ela não usava sutiã naquele momento, e ficou excitado, lembrando-se de como ela havia os alojado naquele vale macio.
Fernando sorveu o vinho branco gelado e procurou relaxar. A noite era uma criança. Lara havia avisado que ia querer uma sobremesa após o jantar... algo doce e pecaminosamente calórico. Apressá-la antes que estivesse satisfeita seria egoísmo. Queria que ela tivesse tudo o que desejasse, principalmente nessa última noite.

- Que tal? - Fernando indagou, quando ela se recostou, suspirando satisfeita.

- Uma delícia! E você? Gostou? - perguntou ela.

- Perfeito! - ele exclamou.

Fernando tirou a garrafa de vinho branco do balde de gelo para servi-la novamente, e avistou uma mulher com um cesto, vendendo flores unitárias, tentando convencer os clientes a oferecer uma rosa à acompanhante. Fernando encantou-se com o gesto romântico, algo especial para a última noite de lua-de-mel. Serviu a bebida, devolveu a garrafa ao balde e chamou a vendedora, já sacando a carteira.

- Quanto? - indagou ele.

- Quinze, senhor. - informou a mulher, sorridente.

- Não, Fernando... - Lara tentou impedir a compra, agarrando-lhe o braço e dispensando a vendedora. Havia rejeição no olhar. - Por favor, não!

- Por que não? - Ele não entendia o protesto.

Ela pareceu perdida por um segundo. Então, revelou o motivo.

- Seria um desperdício. Vamos partir pela manhã. - ela justificou.

- É só uma flor. - insistiu Fernando. - Quero lhe dar uma rosa.

- Não. É bobagem. - retrucou ela, mais uma vez dispensando o presente.

- Oh, não acho. - Fernando pagou a mulher e escolheu a flor mais perfeita. Inclinou-se para a frente e roçou as pétalas macias no braço desnudo de Lara.

Lara retraiu-se, como se sentisse um arrepio na pele com a carícia. Seu olhar demonstrava ódio.
Fernando deteve-se, atônito com a reação da esposa.
Ela se recostou na cadeira e cruzou os braços, visivelmente estressada, o olhar baixo para esconder a expressão.
Fernando abandonou a rosa sobre a mesa e recostou-se na cadeira, sentindo tensão no ar. Não entendia o que havia acontecido. Uma brincadeira sensual devia ser divertida e inofensiva. Já haviam feito brincadeiras provocantes antes, e se divertido muito.

- Lara? - chamou-a, suave, odiando a distância que havia se instalado entre eles.

Ela esfregou os braços como se de repente sentisse frio. A temperatura não havia mudado. A diferença vinha de dentro dela... seria mental, emocional, física? Mesmo vendo-o perdido, ela não respondia, mantendo o olhar baixo, fechada em si mesma.

Continua...

E enfim, o amor...Onde histórias criam vida. Descubra agora