E enfim, o amor...

Capítulo 33

Vestiário? Ele havia se esquecido do detalhe.

- Lara... - Fernando queria cumprir a resolução de esperar até a noite.

- Preciso de você agora. - revelou ela, insinuante. - Venha comigo.

Ir com ela! Nada o deteria naquele momento.

Lara tomou-lhe a mão e o conduziu através dos casais que estavam dançando.

- Vamos trocar de roupa, mãe. - avisou Lara, ao passarem pelos pais dela.

- Precisa de ajuda querida? - perguntou a mãe.

- Meu marido vai me ajudar. - respondeu Lara.

Meu marido. Fernando ficou satisfeito com as palavras. Parecia tudo ótimo! Nada mais de contenção com Lara.
Ela usava a aliança no dedo... símbolo da boa fé... e o queria junto dela tanto quanto ele a desejava. De qualquer maneira!
O fato bastava para levar às alturas a confiança de Fernando no futuro deles juntos.

- É melhor trancar a porta, Fernando. Ele acatou rápido ao ouvir o tom provocante na voz e captar o olhar sedutor de Lara. Não havia chave, nem fechadura. Já se sentia frustrado quando viu a tranca sobre a maçaneta.
Lara já havia retirado o véu e o deixado na poltrona. Ele teve um pensamento retardado. Poltrona? Que móvel ridículo! Só havia esse, mais um par de cadeiras antiquadas. Um cabide de roupas junto à janela.
Lara aproximou-se do espelho. Não havia nada como uma cama à vista!

- Pode desabotoar pra mim? - pediu ela, manhosa.

Lara lançou-lhe um olhar sugestivo por sobre o ombro. Fernando esqueceu-se completamente da cama. De costas, a esposa indicava a fileira de botões que começava junto a nuca. Ele se lançou à tarefa demorada, o prazer erótico de desabotoar aumentando a excitação. Quando terminou com os botões, puxou o zíper que fechava o corpete, expondo a pele cremosa e o espartilho sensual de renda e fitas de cetim.
Lara puxou as mangas enquanto Fernando examinava a peça exótica de lingerie, imaginando como a retiraria. Então, o vestido escorregou, e ele fitou nádegas nuas, arredondadas, firmes, com apenas uma liga de renda prendendo as meias de seda.

- Você não está de calcinha! - exclamou ele.

- Decepcionado? - indagou ela.

- Raios! Não!

Fernando fitou-a através do espelho para mostrar o quanto estava impressionado. Lara o olhava com expressão provocante. Ele percebeu que desde o momento em que havia entrado na igreja, antes até, ao preparar-se para ele, Lara procurava ficar acessível para que, assim que fossem declarados marido e mulher, pudesse se entregar, quando ele quisesse. E ela devia estar desejosa também, para ficar sem calcinha durante todo aquele tempo...
Fernando estava atônito demais para se mexer. Fitou a imagem no espelho atordoado com a mostra sedutora de sexualidade. Os seios fartos confinados pela peça de renda transparente, que propositalmente deixava ver os mamilos.
As fitas do espartilho enfatizavam a cintura fina e então se alargavam com a curva dos quadris. A cinta-liga rendada expunha a feminilidade, esperando seu toque... e ele estava excitado e pronto, tanto que a cueca já incomodava.

- Não podia querer uma mulher mais tentadora. - declarou ele, com a voz grave e aveludada.

Instintos primitivos tomavam o controle, e o animal dentro dele queria se libertar. Não obstante, procurou prolongar aquele momento de revelação, saborear a sexualidade incrível de Lara, e o presente explícito. Lembrou-se de um ditado popular... Comece como se fosse levar adiante. Se essa era a intenção de Lara, ele havia conseguido um casamento dos céus!

- Tentei imaginar você, Fernando. Quer me mostrar? Você todinho?

Fernando enlouqueceu ante o pedido rouco de Lara. Fantasiava sobre ela por semanas, dia e noite sem parar, e a realidade o deixava alucinado, mas com a idéia de ela fantasiar sobre ele era ainda mais explosiva. Despiu o paletó, quase se estrangulou na tentativa de desfazer o nó da gravata. Os botões voaram. Sapatos, meias...
Lara voltou-se para observá-lo, descalçou os sapatos de salto alto, mas manteve as pernas protegidas por meias, ligeiramente afastadas. Concentrou o olhar no corpo de Fernando. Ele se endireitou para despir a calça, e ela admirou seu tórax coberto de pêlos, avançando até o umbigo. Fernando estava muito ciente de seu estado de excitação. Finalmente, livrou-se de todas as barreiras e permaneceu parado, desinibido, sentindo o coração disparado.
Lara o apreciou ofegante. Tocou em si mesma, como se imaginasse como seria tê-lo ali, e Fernando não conseguiu mais se controlar. Movido pela luxúria, aproximou-se, e ela agarrou-lhe o órgão, derrubando a ambos no chão, ansiosa pelo ato, desejando-o, exigindo-o, pressionando, oferecendo-se e arqueando-se.
Era impossível não atender ao pedido insistente. Era impossível não tomá-la sentindo o calor no órgão, a pulsação das dobras sedosas, as pernas fortes ao redor dos quadris e nádegas, forçando-o. Lara gemeu alto, tirando-o do controle.
Os seios de Lara transbordavam do espartilho, convidativos. Fernando não podia parar de tocá-los. Lara mantinha os lábios entreabertos, ofegante, e emitia sons de prazer. Ele não conseguia parar de beijá-la. A necessidade de manter-se aninhado nela aplacou qualquer outra fantasia.

O mundo que ela lhe oferecia exigia tudo o que ele podia dar. Fernando sentia aquilo em cada célula do corpo... o chamado da procriação... e respondeu irracionalmente, sem alternativa, escravo do ritmo sensual, adorando o primitivismo daquilo tudo, exultante com os espasmos de prazer que sentia vindo dela. Lara tinha as coxas trêmulas, mas mesmo assim mantinha-se agarrada aos quadris dele, desejando que o marido o tomasse por completo.
Fernando empenhou-se mais, mudando a direção da invasão e do contato, fazendo-a senti-lo em toda parte, e a pulsação dela excitava-o além do suportável. Precisava liberar-se, não podia mais manter o controle. Como se percebesse seu estado, Lara soergueu-se, e ele ejaculou, um ato final que o deixou exausto e, mesmo assim, satisfeito.
Lara suspirou junto ao rosto dele, e Fernando entendeu que ela havia atingido o orgasmo também. Mas estava confuso demais para pensar. Abraçou-a e permaneceu deitado, satisfeito, sorvendo seu perfume estonteante, sentindo seu calor suave, em paz com o casamento que haviam acabado de consumar.

Lara sorriu para si mesma enquanto voltava à terra, satisfeita por aquele primeiro ato ter sido rápido e intenso, aplacando a necessidade de esquecer o que havia feito naquele dia. Ficaria bem dali pra frente. Poderia... ser a esposa que Fernando queria. Não havia motivo para se sentir culpada por não amá-lo. Sexo bom compensava várias desvantagens, e ao menos com isso podiam contar.

Continua...