Já se passava das 21 h quando Janice foi surpreendida com uma ligação.
Lá fora, as nuvens carregadas encobriam o céu escuro e as ruas da cidade eram tomadas por uma intensa tempestade, que trazia consigo potentes rajadas de vento. Como resultado, diversos bairros sofriam com a falta de energia elétrica, porém, este problema ainda não havia alcançado aquela localidade.
Naquele momento, Marvin seu filho mais velho, divertia-se no apartamento de um amigo que conhecera na faculdade, a três ruas de distância. Haviam combinado, no dia anterior, de se encontrarem para jogar cartas e tomar algumas cervejas, a fim de desgastar todo o estresse sofrido devido à volumosa carga de trabalhos, atividades e provas exigidas em seus cursos. Entretanto, a falta de luz não estava prevista em seus planos, e eles precisariam terminar a noite de forma digna em outro lugar.
Assim que ouviu o primeiro toque do telefone, Janice fechou o livro que estava lendo, deixando-o no sofá da sala, e levantou-se rapidamente. Ciente do estado crítico em que a cidade se encontrava, começou a rezar mentalmente temendo o que poderia ouvir do outro lado da linha, e atendeu a chamada agarrando o aparelho com força contra sua orelha.
— Mãe? Sou eu, Marvin.
O simples fato de ouvir sua voz já era um motivo para acalmar seus ânimos, mas, como uma típica mãe, não deu-se por satisfeita até que soubesse o motivo do contato.
— Oi filho, vocês estão bem? — Perguntou, esperando que ele não noticiasse qualquer coisa negativa.
— Está tudo bem sim... Na verdade, só estou te ligando pra saber se a energia aí de casa acabou.
Aliviada pela resposta recebida, recostou-se no rack da sala e retirou seus óculos de leitura, cuidadosamente. Filhos, inegavelmente, possuem uma vasta capacidade de abalar as estruturas maternas.
— Não, querido. Estamos com luz! — Ela observou o cômodo, que ostentava luzes acesas em vários pontos. - E por aí?
— Humm, nós estamos com azar... — Lamentou-se. — Nesse caso, será que nós poderíamos ficar aí? Mal conseguimos beber uma cerveja.
Ouvira Marvin comentar sobre o novo amigo algumas vezes, mas como ainda não tivera o prazer de conhecê-lo pessoalmente, julgou que seria uma boa oportunidade. Como de costume, a ideia foi imediatamente abraçada, sem hesitações, pois ela adorava visitas e amava poder aproximar-se dos amigos de seus filhos. No fim, isto tornava sua casa um ponto de encontro perfeito para diversões seguras, regadas a aperitivos, cerveja e uma boa conversa.
— Claro! Podem vir, sim! — Janice sorriu. — Vocês podem ficar no seu quarto, a Kris dorme conosco hoje para deixá-los mais confortáveis.
— Beleza, mãe, você é a melhor! — Comemorou — Chegaremos em 5 minutos. — Disse, finalizando a chamada em seguida.
Pousando o telefone de volta em seu lugar, empertigou-se e começou a analisar a arrumação da casa, visando evitar uma má impressão. Para sua sorte, a faxina realizada recentemente recebera muita dedicação, e os móveis, pisos, lustres e detalhes estavam impecáveis. Logo, a única questão pendente seria a comida.
Naquela altura, o jantar já havia sido servido e a louça se encontrava devidamente limpa sobre o escorredor, inviabilizando a preparação de uma nova refeição especial. Portanto, optando pela praticidade, resolveu somente selecionar alguns petiscos comprados semanalmente para servi-los.
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Red Wine
RomanceQuão condenável é ter vinte anos de idade e apaixonar-se pela irmã de seu melhor amigo, cinco anos mais nova? E quão torturante é ter de sufocar seus sentimentos por julgar ser improvável que alguém tão mais maduro se interesse por você? Dominados p...